Símbolo da força do polo naval brasileiro, o estaleiro Rio Grande (RS), da Ecovix, está com objetivos traçados para superar os momentos de dificuldade que viveu no passado recente. A empresa, como se sabe, está em processo de recuperação judicial. A expectativa é de que o plano – já aprovado pelos credores – seja homologado pela Justiça até o final do ano. Enquanto isso, a prospecção de novos contratos não para. “Estamos buscando, basicamente, dois tipos de negócios: a construção de novas embarcações com armadores que tenham este interesse; e o reparo de grandes embarcações, principalmente FPSOs e semi-submersíveis”, revelou o coordenador de engenharia da Ecovix, Guilherme Dornelles. Com este foco em mente e procurando por contatos, a companhia está participando da Feira Marintec South America, que se encerra nesta quinta-feira (16), no Rio de Janeiro. “O estaleiro tem capacidade de docar até dois navios, simultaneamente. É também o único dique no Brasil que consegue docar semi-submersíveis”, acrescentou. Quanto à plataforma P-71, cuja encomenda foi cancelada pela Petrobrás, a Ecovix ainda busca um parceiro para dar continuidade à obra. “Ele é o nosso principal ativo de comercialização”, concluiu.
Qual está sendo o foco da Ecovix na feira?
Nós já havíamos participado da feira no ano passado e foi muito bom. Conseguimos alguns contatos muito bons, principalmente de armadores interessados em reparos e construção de navios um pouco menores. Não fechamos nada de concreto, mas conseguimos trabalhar bastante em volta disso. Então, como esse ano nós estamos com nosso processo de recuperação judicial aprovado e estamos caminhando para homologação dele. Acreditamos que nesse ano nós teremos mais condições de fazer negócios. Por isso, estamos na feira este ano para, novamente, colocar o nome da Ecovix no mercado e tentar atrair esses clientes de reparo e construção.
Poderia detalhar um pouco o planejamento da empresa para o futuro?
O estaleiro é capaz de produzir qualquer tipo de embarcação. Pelas dimensões do próprio estaleiro, os navios de grande porte são mais atraentes. Por ser grande, o custo associado é relativamente grande também. Perdemos um pouco de competitividade em embarcações menores devido ao tamanho da nossa estrutura.
Estamos buscando, basicamente, dois tipos de negócios: a construção de novas embarcações com armadores que tenham este interesse; e o reparo de grandes embarcações, principalmente FPSOs e semi-submersíveis. Somos o único dique no Brasil livre para fazer este tipo de negócio. O estaleiro tem capacidade de docar até dois navios, simultaneamente. É também o único dique no Brasil que consegue docar semi-submersíveis.
Em relação ao casco da P-71, qual será o próximo passo para dar prosseguimento a este projeto?
Esta é outra oportunidade que temos. O casco da P-71, que foi construído para a Petrobrás, está 100% fabricado e quase 40% edificado no dique. A Ecovix busca algum tipo de parceiro que queira dar continuidade a essa obra. Temos a liberdade para comercializar esse ativo para outro armador.
Nós seguimos buscando um armador que tenha interesse. Ele é o nosso principal ativo de comercialização. A plataforma está com um andamento bem forte.
O senhor mencionou a busca de contratos de reparo de FPSOs, que parece ser um mercado bem promissor. Como anda esta frente de negócio?
Nós acreditamos que é um mercado bastante promissor. Basicamente, este é o tipo de plataforma que está sendo construída e operada no Brasil. Então, acreditamos que é um setor bastante promissor. Dada as dimensões do nosso dique seco e estaleiro, é um mercado onde temos grandes chances de conseguir alguma coisa num futuro bastante próximo.
A empresa olha para outros mercados fora de óleo e gás? Existe algo à vista?
Existe sim. Como mencionei, o estaleiro está capacitado para qualquer tipo de construção. Então, estamos atrás de qualquer tipo de armador, não necessariamente de óleo e gás, para conversar. O estaleiro foi construído para trabalhar com qualquer tipo de construção.
Gostaria que o senhor falasse um pouco também da fase atual do plano de recuperação judicial.
O plano de recuperação judicial foi aprovado pelos credores, no final de junho. Agora, estamos aguardando a homologação da Justiça para que possamos dar continuidade a ele.
Existe alguma previsão de quando isso acontecerá?
Prazo não temos, até porque não existe [prazo] para este tipo de coisa. Mas acreditamos que antes do final do ano teremos a homologação.
A homologação será importante para que o estaleiro ande a passos mais largos?
O processo de recuperação judicial não impede o estaleiro de trabalhar. Muito pelo contrário. Mas, a grande vantagem de termos o plano aprovado e, em breve, homologado, é que passamos mais segurança ao mercado. O estaleiro nunca esteve impedido de trabalhado. Mas, com o plano aprovado, passamos mais credibilidade e força maior para o mercado.