O governo da Bahia criou uma força tarefa para tentar reaquecer a indústria naval no estado. O foco é a retomada de operação do estaleiro Enseada, localizado em Maragojipe, no Recôncavo baiano. A intenção é atrair investidores e parcerias, além do apoio institucional, para que o empreendimento volte a gerar emprego e renda na região. A unidade, que chegou a empregar mais de sete mil pessoas, tem apenas 35 funcionários cuidando da manutenção dos equipamentos na planta industrial, situada às margens do Rio Paraguaçu. Com área de 1,6 milhão de metros quadrados, o estaleiro tem capacidade de processar 100 mil toneladas de aço por turno/ano e potencial de gerar quatro mil empregos.
O grupo de trabalho foi anunciado durante visita de uma comitiva da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) às instalações da Enseada Indústria Naval. “Precisamos fazer este importante ativo operar. Não tem ninguém que não se sensibilize com este panorama. Trata-se de um empreendimento com investimento altíssimo, que fomentou a economia do estado, mas que sofreu um revés devido à crise nacional do petróleo e da indústria naval”, disse a secretária estadual de desenvolvimento econômico, Luiza Maia.
Na ocasião, o presidente do empreendimento, Maurício de Almeida, destacou que o estaleiro foi preparado para construir navios de alta complexidade. Ele lembrou que, durante quatro meses, mais de 100 integrantes do estaleiro foram enviados ao Japão para serem capacitados. Almeida contou que alguns profissionais que participaram dessa transferência de tecnologia ainda não conseguiram recolocação profissional. Outros foram trabalhar em estaleiros de outros regiões do país. “Exportamos para outros estados parte da mão de obra qualificada”, lamentou o presidente.
Almeida também defendeu a política de conteúdo local. Ele explicou que as empresas querem comprar navios produzidos no Brasil a preço dos navios da China, só que lá o governo subsidia a indústria. “Como um país vai conseguir soberania se não tem sua indústria forte? Acreditamos no Enseada, na indústria naval e queremos construir na Bahia os navios que o Brasil precisa”, disse.
Em agosto, o estaleiro conquistou contrato de manutenção da sonda de perfuração Norbe VI, da Ocyan. A Enseada aguarda o resultado da concorrência, da qual participa, para construção de quatro corvetas classe Tamandaré para Marinha. “Isso ainda é muito pouco. Precisamos convencer o país a fabricar seus navios aqui. Não tem como o Enseada funcionar sem encomendas”, avaliou Almeida.
Os acionistas que deram origem à Enseada investiram R$ 3 bilhões no empreendimento à época. Em três anos, o produto Interno Bruto (PIB) de Maragojipe cresceu 272%, saltando de R$ 194 milhões para R$ 753 milhões. De 2012 a 2015, mais de sete mil empresas foram abertas na região, segundo dados da Junta Comercial da Bahia (JUCEB).
Fonte: Portos e Navios – Danilo Oliveira