Em meio a um dos mais duradouros períodos de crise na economia nacional, representantes do comércio baiano se reuniram na última semana para conversar com jornalistas – entre eles, este colunista – sobre o processo eleitoral. O encontro com a diretoria da Fecomércio-Ba aconteceu na sede da Casa do Comércio. Em meio às naturais preocupações com o futuro do país, perguntas que não estão sendo respondidas pelos candidatos com a profundidade necessária, numa campanha marcada pelas polarizações partidárias. A menos de uma semana das eleições e, mesmo após diversos encontros com os candidatos, nenhum candidato à Presidência explicou ainda como vai simplificar a carga tributária no país – para lembrar uma promessa feita pela maioria. Ou como garantir a competitividade na atração e manutenção de investimentos nas regiões menos desenvolvidas com o fim da Guerra Fiscal. Ou como e com que dinheiro serão retomadas as obras de infraestrutura paradas. Por aqui, a mais emblemática é a de implantação do complexo formado pela Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul. Os projetos atravessaram os governos Lula, Dilma, Temer e vão cair no colo do próximo presidente. E isso tudo sem falar nas questões mais próximas a todos os brasileiros, como Educação, Saúde e Segurança, só para falar das principais.
Momento é decisivo
Após um ápice depois de décadas de esquecimento, a indústria naval foi fortemente impactada pelo enfraquecimento da política de conteúdo local e de proteção tributária nos últimos anos. Como consequência, mais de 50 mil postos de trabalho foram eliminados. Na Bahia, o estaleiro Enseada chegou a gerar mais de 7,4 mil empregos diretos e é hoje o único de 5ª geração do país, com equipamentos que nem a Kawasaki (uma das sócias do empreendimento) possui em seus estaleiros no Japão. Foram investidos R$ 3 bilhões na Enseada do Paraguaçu. Quando operou, o estaleiro contribuiu para a abertura de mais de 7 mil empresas no Recôncavo baiano, segundo dados da Juceb, o que impactou o PIB de Maragojipe em 272%. Agora, o setor espera uma definição do Brasil. O Sindicato Nacional da Indústria de Construção Naval e Reparação Offshore (Sinaval), que representa 28 estaleiros, elaborou a “Agenda do Sinaval para as eleições de 2018”, entregue aos presidenciáveis. O documento lista 24 propostas para o próximo governo, passando por indução da demanda, conteúdo local, política protecionista, 10 ações de políticas públicas macroeconômicas, desoneração do IPI, manutenção do Fundo de Garantia da Construção Naval, reforma tributária, desoneração da folha, entre outros.