Há informações ainda não confirmadas no mercado sobre o potencial do segundo poço do Campo de Búzios. As informações são de que a Plataforma P-74 produziu 60 mil barris de petróleo por dia, com vazão estabilizada na casa de 52 mil barris/dia. O site oficial da Petrobras e nem sua agência de notícias ainda não informaram esse feito. Como as fontes gozam de credibilidade, procuramos o geólogo Luciano Seixas, ex-funcionário da Petrobras e um dos mais importantes geólogos do Brasil, para saber sobre essa possibilidade. Estudioso do pré-sal há mais de 12 anos, ele vê que a possibilidade de se produzir tal volume na área de Búzios é perfeitamente plausível, pois os reservatórios e as suas expressões em atributos sísmicos têm algo de excepcional, melhores que os de outras áreas: “Se o número for confirmado teremos aqui, no Brasil, no indomável e endeusado pré-sal, um dos melhores poços do mundo em termos de produtividade, quiçá o maior, e que pertence a área da Cessão Onerosa, com 5 bilhões de barris recuperáveis adquiridos pela Petrobras e na mesma área onde residem os excedentes, algo em torno de 10 bilhões de barris de óleo recuperável potencial.”
Esta área será vendida?
O pior é que o governo do denunciado presidente Temer quer negociar, ainda em 2019, através de leilão da ANP, cujo chefe maior, Décio Oddone, secundado pelos secretários do MME, Marcos Felix, e pelo próprio denunciado ministro das Minas e Energia, o impoluto Moreira Franco, querem a urgente aprovação no Senado do projeto aprovado na Câmara, proposto pelo malsinado deputado Aleluia. Em outras palavras, eles querem entregar para as companhias internacionais tais reservas, justo onde a Petrobras e o governo investiram, com risco, e descobriram petróleo.
Mas essa venda se daria num próximo governo?
Os ilustres senhores Temer, Décio Oddone, Marcos Felix e Moreira Franco querem que o próximo governo, a ser eleito com o referendo do povo, coloque em leilão como algo excelente para o Brasil. Isso já foi previamente anunciado e com data marcada, sem ao menos terem a aprovação do Senado, que também será eleito, ou com a aprovação do atual, ainda em 2019, para adequar as vendas aos preceitos constitucionais.
Mas a Petrobras, mesmo diante desses números, concordará em vender?
Pior, o acerto parece contar com o apoio dos atuais gestores da Petrobras. Eles fizeram a Empresa exercer papel secundário no último leilão da ANP ao não participarem com pelo menos os 30%, e a operação, garantidos por lei, nas compras de áreas das novas fronteiras exploratórias na Bacia de Santos: Saturno, Titã e Pau-Brasil, ficando apenas com participação de 100% na área sudeste de Tartaruga Verde, adjacente as outras áreas já de sua propriedade e de importância secundária, vis-à-vis aos volumes potenciais negociados.
A Petrobras tem anunciado frequentes bons resultados do pré-sal…
Aos poucos, quase todas as áreas exploratórias com boas perspectivas do pré-sal foram vendidas para empresas estrangeiras, com a Petrobras perdendo, paulatinamente, o protagonismo que tinha como a principal e altiva empresa brasileira, cujas atividades integradas e implantadas, do poço ao posto, estão sendo vendidas, desmilinguidas mesmo, a preço de banana, apesar dos enormes custos e esforços bancados pelos brasileiros, os verdadeiros proprietários da Petrobras, que logo serão ex-donos, pois os fundos de investimentos, tipo Black Rock, Vanguard Group, etc., já proprietários das multinacionais do petróleo, aos poucos estarão com mais uma, via compras de participações acionárias cada vez maiores da Petrobras, principalmente nas épocas de queda dos preços das ações, sempre ajudados por maus brasileiros, que são incansáveis em destratar a nossa maior empresa com seus discursos da necessidade de privatizá-la em benefício do Brasil. Do Brasil de quem?
Como o senhor avalia a cessão onerosa?
A título de exercício, o petróleo da área da Cessão Onerosa, só na área de Búzios, com seus 852.2 km², com poços ocupando cada km², cabem 852 poços que custarão US$ 85,2 bilhões para serem perfurados, e cada quatro poços exigirão uma FPSO, no total de 230, que custarão, replicantes, a razão de US$ 2 bilhões cada, o total de US$ 460 bilhões, mais linhas, navios etc, no custo total de mais US$ 200 bilhões, perfazendo US$ 0,7 trilhão em investimentos, parcelados no tempo razoável de 10 anos, para plena consecução do projeto, ou US$ 70 bilhões anuais de investimentos, alguns já em fase final de produção, ou seja, já em 2019 apresentarão receitas.
E as receitas?
Do lado das receitas, o cenário poderá ser o seguinte. Ao invés de usarmos os 52 mil barris diários e apenas 35 mil barris, por poço, com vazões diárias constantes por dois anos, na fase platô de produção, em 300 dias por ano (65 dias para manutenção) de produção, a receita será, a US$ 60/barril, algo como US$ 53,5 bilhões/ano, com 85 poços produtores. Isto significa que nos anos seguintes, os U$ 70 bilhões/ano de investimentos anuais necessários serão reduzidos a apenas US$ 16,5 bilhões, se usarmos os valores adicionados apenas para diminuir os investimentos.
Após o segundo ano, com a receita adicional de mais 85 poços, os valores serão de US$ 107 bilhões/ano de receitas, 53,5 x 2, contra os mesmos US$ 70 bilhões/ano de investimento, sobrando assim, já no segundo ano, US$ 37 bilhões de receita, na proporção 107-70. Como se vê, não adicionamos às contas quaisquer valores de receitas relativos a produção já instalada da Petrobras, de 2,62 milhões de barris por dia, ou receitas anuais de US$ 47,1 bilhões, com base nas mesmas premissas de valor do barril e tempo de produção.
E sobre os investimentos em equipamentos?
Do lado dos equipamentos, para se ter 85 novos poços por ano, é necessário que se perfurem 4 deles por equipamento, ou sejam 21 equipamentos em constante atividade, em pelo menos 5 anos, até que as reservas recuperáveis e potencias de Búzios, de 15 bilhões de barris, 5 bilhões da Petrobras e 10 bilhões da União, estejam completamente esgotadas.
Estamos falando de produções incrementais na casa de 3 milhões de barris por dia que, no segundo ano, serão 6 milhões e, no seguinte, 8,7 milhões, com a taxa de declínio de 10% ano, ou de produções anuais da ordem de 0,9 bilhões de barris no primeiro ano, 1,8 bilhões no segundo, 2,7 no terceiro, 3,6 no quarto e 4,5 bilhões no quinto ano e, assim, em 5,5 anos esgotaríamos toda a reserva provada potencial disponível em petróleo da cessão onerosa, apenas de Búzios. Isto com produção diária final superior a 8,7 milhões de barris e faturamento de US$ 600 milhões, por dia, e, anual, da ordem de US$ 180 bilhões, apenas com o óleo incremental, sem falar dos volumes advindos dos aumentos do fator de recuperação, como é comum antes do esgotamento das reservas.
Comparando os gastos relativos aos 5,5 anos de duração do projeto gastando US$ 70 bilhões por ano, os gastos totais seriam US$ 385 bilhões que gerariam receitas de acumuladas de US$ 0,95 trilhão.
Mas é um volume muito expressivo..
Como já disse previamente a conta é de padeiro, um mero exercício para um projeto pronto, com o petróleo já descoberto, onde, com certeza, não faltarão parceiros para divisão de custos e lucros, desde que sejam liderados pela Petrobras em benefício do País e dela própria. Imaginem quanto cresceria a atividade. Calculo, em torno de 20% a 25% do PIB brasileiro por ano, minorando o estado esquelético que se encontra o Brasil por usar hoje um modelo econômico recessivo.
Temos convicção, para que não nos chamem de malucos, que mostramos números de produção superlativos, prazos exíguos e elevado número de equipamentos, com exageros propositais para mostrar a todos que as possibilidades brasileiras são imensas e quão desnecessárias são a venda do petróleo da cessão onerosa e dos ativos já descobertos, além da não compra de ativos exploratórios ou compra em montantes pífios, que impactarão negativamente as atividades futuras.
Nossos dirigentes coniventes vendem irresponsavelmente os melhores patrimônios do Brasil mostrando aos brasileiros contas absurdas de dívidas, bem ao gosto do discurso da privatização sempre aliados às suas conveniências econômicas, políticas, ou ambas, sempre intestinas, pessoais mesmo.
Que vantagens teve o Brasil com a quebra do monopólio?
Além das ofertas em óleo excedente ao Brasil nos leilões exploratórios, forçadas pela lei de Partilha ora implantada, e que todos os entreguistas e lobistas querem revogar, quais os investimentos que as empresas alhures fizeram no Brasil, além da compra, por preço de banana podre, de ativos tipo, NTS, acumulação de Carcará, cujos poços serão de alta produtividade, afirmo, face a elevada pressão dos seus reservatórios, e as estranhas “parcerias” nos Campos de Roncador e Marlim, para que empresas especialistas aumentem o fator de recuperação de seus reservatórios bem simples, arenosos, descomplicados, onde a Petrobras já tem excelência e elevado expertise?
Não parece ter havido investimentos em refino ou fertilizantes ?
Quais os novos investimentos feitos nos mid e downstream pelas estrangeiras no refino, na produção de fertilizantes, etc., além da promessa de compra de participações nas nossas refinarias e fábricas já instaladas por preços que vaticínio, aviltados, face aos empreendimentos adquiridos no passado? Qual a razão de não fazerem novos investimentos quando reconhecem enorme potencial do nosso pré-sal, segundo os dirigentes brasileiros das mesmas empresas nos diversos encontros, simpósios e congressos que fazem ou participam no Brasil e mundo afora?
Pergunto ainda: Quando os nossos amigos investiram em P&DI no nosso País além de parcos recursos em atividades subsidiárias? Aos incautos ou defensores do modelo pergunto também: Por que a atividade econômica decorrente permanece em baixa, com elevadas taxas e desempregos nas áreas de G&G, P&D, P&DI etc., principalmente nas atividades especialistas tipo engenharia, geofísica, geologia, elevação, naval, processamento etc.?
Há ainda muito desemprego no setor …
Fora alguns que já estão com emprego assegurado é assustador o número de currículos que recebo todo dia de técnicos preparados, todos em busca de colocação, mesmo com baixos salários, sem que tenham sequer uma resposta positiva face ao marasmo dominante no setor, apesar da euforia utópica dos dirigentes da ANP, MME, Petrobras etc., que enxergam incrementos fictícios nas atividades nos seus próprios mundos autistas, o da entrega de ativos para os de fora, que divergem completamente do mundo real, o dos marginalizados.
Gostaria muito que os defensores do modelo adotado pelos hipócritas que mandam no País respondessem às perguntas que faço com bons números destruidores dos meus argumentos?
Quanto o Brasil e o povo ganharam com a política de venda adotada? Quão de substantivo a Petrobras ganhou com as vendas realizadas e quanto da sua dívida ou a sua amortização são consequentes dos valores recebidos pelas vendas? Qual a razão da perda de market share da Petrobras por praticar preços superiores aos internacionais quando equilibra seus custos de produção de petróleo em US$ 25 a US$ 30 e o vende para os brasileiros, hoje, entre US$ 75 a US$ 85/barris embutidos nos preços de diesel, querosene e gasolina? A quem interessa termos diesel e gasolina a preços exorbitantes num Brasil de hoje movido a recessão? Duvido que me respondam.