Há pouco mais de um ano, a Marinha lançou uma sondagem no mercado sobre a possibilidade de construção de um navio de apoio Antártico (NApAnt). A força naval afirmou que o projeto NApAnt segue na fase de consulta de informações junto ao mercado, por intermédio do processo de solicitação de informações (RFI — Request For Information). A Diretoria de Gestão de Programas da Marinha (DGePM) informou que recebeu contribuições de empresas interessadas, nacionais e estrangeiras, do setor naval que atenderam à chamada pública em fevereiro de 2019. O processo para aquisição do NApAnt prevê a substituição do navio de apoio oceanográfico (NApOc) Ary Rongel.
A RFI teve como objetivo buscar dados preliminares sobre projetos técnicos existentes de navios polares, sobretudo aspectos tecnológicos e operativos. Fornecedores ouvidos pela Portos e Navios afirmam que ainda existem poucas informações a respeito do projeto e das próximas fases. Procurada, a Marinha não informou nem prazos, nem detalhes de como será a etapa sequência desse projeto. A força naval reiterou a intenção de que a construção do navio ocorra no Brasil. Uma das exigências estabelecida no edital foi que os interessados comprovem que possuem capacidade e experiência, nos últimos 10 anos, em construção de navios destinados à operação nos ambientes polares. O modelo orçamentário e financeiro do negócio, estruturado para essa contratação conta com a participação da Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), a qual foi capitalizada para conduzir tal processo.
O gerente do projeto NApAnt na coordenadoria-geral de programas estratégicos da Marinha, Archimedes Francisco Delgado, explicou que a participação da Emgepron é limitada nas atuais fases de especificações técnicas do navio e de seleção do fornecedor. “Apenas depois que a DGePM selecionar o fornecedor e encaminhar para Emgepron os termos gerais da proposta selecionada é que passaremos a assumir o projeto e iniciar as negociações contratuais, visando à obtenção das melhores condições comerciais e os menores riscos possíveis para, em seguida, exercermos a fiscalização e acompanhamento da obra”, adiantou o comandante Delgado.
O projeto para construção do NApAnt prevê a aquisição dos equipamentos e sistemas científicos, dos planos de gestão do ciclo de vida, do apoio logístico integrado e da manutenção para apoiar logisticamente o Programa Antártico Brasileiro (Proantar), contribuindo para segurança da navegação na região Antártica por meio da realização de levantamentos hidrográficos. De acordo com a Marinha, a aquisição desse navio possibilitará a continuidade e o incremento das atividades de apoio logístico que ela realiza na Antártica, com mais capacidade e confiabilidade para os trabalhos brasileiros no continente Antártico.
Além do NApOc Ary Rongel, a Marinha hoje apoia logisticamente o Proantar com o navio polar (NPo) Almirante Maximiano. Em janeiro de 2016, o Estado-Maior da Armada aprovou o Programa de Obtenção de Meios Hidroceanográficos (Prohidro), inserido no programa de construção do núcleo do poder naval, que contempla em uma de suas fases a obtenção de navio com capacidade de operar em águas polares com a presença de gelo para substituir o NApOc Ary Rongel, construído em 1981.
A Marinha destaca que o novo NApAnt busca modernidade em termos logísticos de capacidade ampliada e com redução de tripulação, o que favorece o embarque de pesquisadores. O navio, com viés logístico e de pesquisas, terá capacidade de transportar helicópteros em ambiente protegido — característica que o Ary Rongel não detém — e terá autonomia adequada para sua finalidade. A força naval diz que haverá o aprimoramento das necessidades ambientais nessa embarcações, além de melhorias das telecomunicações e capacidade superior em termos de resistência em enfrentamento ao mar.
Em janeiro, o comandante da Marinha, almirante de esquadra Ilques Barbosa Junior, disse em coletiva ao site Defesa Aérea & Naval, que o NApAnt será um navio mais moderno do que o Ary Rongel, na medida em que terá capacidade logística e poderá incorporar tecnologias que favoreçam a pesquisa. Quando entrar em operação, o NApAnt se somará ao navio Almirante Maximiano que tem essa missão como prioritária.
Na ocasião, o almirante Ilques disse que ainda não é possível dizer quanto o projeto custará, apesar do orçamento de R$ 750 milhões estabelecido no Ministério da Defesa. Segundo o comandante da Marinha, a força naval vai trabalhar em cima das propostas com os menores valores possíveis apresentadas nas sondagens (RFI e request dor propose — RFP). Ele frisou que haverá esforços para que esse valor mencionado seja menor. “A perspectiva é que será construído no Brasil, o que vai ajudar a construção naval, com geração de empregos diretos e indiretos”, disse à época o comandante da Marinha.