Estatal vai voltar a encomendar novas plataformas, o que pode criar postos de trabalho em várias empresas
A Petrobras vai voltar a investir na construção de plataformas de petróleo, com potencial de atrair investimentos bilionários para o Espírito Santo e criar milhares de empregos.
A estatal ficou 8 anos sem encomendar construção de plataformas de petróleo, período em que foram feitos contratos de “aluguel”, com a expectativa de reduzir custos. Mas, no final do mês passado, a empresa aprovou o início da construção de duas plataformas.
Ambas são do tipo FPSO (que produz, armazena e transfere óleo e gás) para o campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos.
Caso a construção de uma delas seja finalizada no Estado, serão abertas 6 mil vagas de emprego para várias áreas técnicas na cadeia do petróleo e gás, que engloba em torno de 600 empresas no Estado.
O Estaleiro Jurong Aracruz é um dos candidatos a receber novas plataformas. Em dezembro, ele entregou a P-68, cujo valor representou R$ 1,5 bilhão do PIB do Estado em 2019. Em março, a Jurong iniciou a finalização da P-71, com capacidade de 150 mil barris de petróleo por dia e de compressão de gás de 6 milhões de m/dia.
O analista de negócios do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Elimar Lorenzon, explicou que hoje a Petrobras tem seis plataformas sendo construídas: cinco na China e uma na Malásia.
Mas há uma regulação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) que define 25% da produção no Brasil — o que favorece a Jurong.
“O que o Estado pode fazer para atrair esse investimento é a regulação tributária e a mão de obra, já que a asiática é mais barata. Temos todo o know-how. O Estado tem empresas habilitadas para fazer a integração das plataformas, até os ‘top sides – a parte que fica visível.”
Ele frisou que, no processo licitatório, o que define a escolha da empresa pela Petrobras são três fatores: preço, qualidade e segurança.
Segundo ele, cada projeto requer até 6 mil profissionais, com mão de obra em áreas técnicas, como mecânica, elétrica e engenharia.
Depois de pronta, uma FPSO demanda até 400 pessoas para operação, além da aquisição de bens e serviços no valor de até R$ 100 milhões por ano — o que também favorece empresas fornecedoras da cadeia do óleo e gás no Estado.
Dólar caro favorece os Estados
Para o secretário de Estado do Desenvolvimento, Marcos Kneip, fatores como a valorização do dólar ante o real — o que torna os projetos no exterior mais caros — e a experiência com a P-68 e a P-71, finalizadas no Estaleiro Jurong Aracruz são fatores que tornam real a possibilidade de a Petrobras trazer projetos para o Estado.
Ele destacou que o estaleiro Jurong é competitivo e o mais moderno do País, além de contar com uma cadeia capacitada ao redor.
“Será uma concorrência internacional, mas estamos fazendo esforços e acompanhando as empresas do setor. O que fazemos efetivamente é criar um ambiente de negócios produtivo, com incentivos fiscais e segurança jurídica.”
Ele frisou que o Espírito Santo tem capacidade de produzir uma plataforma do tipo FPSO do “zero” — o que seria inédito no Estado. Procurada, a Jurong não se manifestou.
SAIBA MAIS
Novas plataformas
A Petrobras vinha atuando especialmente com o modelo de afretamento de plataformas, mas vai construir duas novas unidades próprias, a P-78 e a P-79.
Elas terão capacidade para processar diariamente:
- 180 mil barris de óleo
- 7,2 milhões de m de gás
- E devem custar cerca de R$ 2 bilhões cada uma.
- Até 2030, a Petrobras quer ter 12 unidades na Bacia de Santos, em São Paulo (pré-sal).
Empregos
Cada FPSO, na fase de montagem, vai criar cerca de 6 mil empregos diretos e indiretos, em áreas técnicas como mecânica, elétrica e engenharia.
Na operação, uma plataforma FPSO demanda cerca de R$ 100 milhões por ano em bens e serviços, além de até 400 empregados.
A licitação da Petrobras para escolher a construtora será em 2021.