Empurradores elétricos da Hidrovias do Brasil vão operar em Vila do Conde

  • 16/04/2021

Hidrovias do Brasil – empurradores elétricos que serão construídos no Estaleiro Belov – Bahia

 

Empresa estuda substituição gradativa de empurradores por modelos elétricos e mais sustentáveis. Duas novas unidades de empurradores de manobras serão construídas no estaleiro da Belov, na Bahia. Entregas estão previstas para setembro e dezembro de 2022.

A Hidrovias do Brasil assinou um contrato com a Belov para construção de dois empurradores elétricos no estaleiro da empresa de engenharia e hidrografia, localizado na Bahia. A Hidrovias afirma que o uso da tecnologia em empurradores de manobras é inédita no mundo e visa reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera. A previsão é que as unidades sejam entregues, respectivamente, em setembro e dezembro de 2022. Os empurradores, com projeto da canadense Robert Allan, vão operar em águas amazônicas, na área onde está o terminal que a companhia de logísticas integradas tem em Vila do Conde (PA). A Hidrovias do Brasil tem planos de, gradativamente, substituir seus empurradores por modelos elétricos e mais sustentáveis.

A tecnologia promete reduzir a emissão de gases poluentes por meio da substituição da propulsão convencional à diesel marítimo pela geração híbrida com baterias elétricas, sem perder eficiência e com possibilidade de aproveitamento de energia elétrica renovável. A expectativa é que esses modelos deixem de emitir até 2.168 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, o equivalente ao consumo de 472 automóveis. As embarcações, que serão batizadas de Poraquê e Enguia, nomes de peixes encontrados na região Amazônica, terão a Weg como integradora e a DNV como certificadora.

A diretora de inovação e engenharia da Hidrovias do Brasil, Mariana Yoshioka, destacou que o modelo trará um impacto sustentável relevante para o modal de transporte hidroviário. Ela contou que os estudos sobre o empurrador elétrico começaram em 2018 e estão alinhados com as políticas de responsabilidade socioambiental do grupo. “Apenas dois anos depois, finalizamos os projetos de engenharia das embarcações e agora, com a assinatura deste contrato, teremos, em 2022, nossos primeiros empurradores elétricos que irão operar em águas amazônicas”, disse.

Mariana explicou que a escolha de empurradores de manobra para o projeto levou em consideração o fato de serem embarcações de uso contínuo, com maior tempo de emissão de gases poluentes, além de atuarem sempre próximos ao porto e a população, o que amplia o benefício do uso de uma fonte de energia mais limpa. O empurrador poderá trabalhar de forma 100% elétrica, carregando o banco de baterias, sem usar diesel nessas operações de ciclos curtos e próximos ao porto. “Nosso plano de negócios já previa dois empurradores de manobras para 2023. Acreditamos e encomendamos logo duas unidades”, revelou Mariana.

O gerente de inovação da Hidrovias do Brasil, Raphael Piccelli, acrescentou que o projeto foi apresentado num fórum na Noruega que discutiu a aplicação de baterias na indústria marítima. Segundo Piccelli, a empresa avaliou a possibilidade de retrofit, mas acabou optando por um projeto greenfield, principalmente por conta do espaço para o banco de baterias. O presidente da Hidrovias do Brasil, Fabio Schettino, declarou que a empresa vem investindo em inovação e estuda alternativas com menor impacto ambiental para aumentar sua frota.

O sócio-diretor da Belov Engenharia, Juracy Vilas-Bôas, disse que o contrato para construção dos empurradores dá sequência à aposta da empresa em investir em suas instalações na Bahia para a construção de embarcações. “Quando aceitamos construir os DSV’s de mergulho raso para a Belov Engenharia, topamos o desafio de construir os primeiros barcos no mundo com propulsão do tipo hidrojato, sistema diesel elétrico, e também posicionamento dinâmico tipo 2 (DP2). Agora iremos fazer os primeiros empurradores elétricos do mundo”, salientou.

Os DSV’s foram concluídos no começo de 2020 e entraram em contrato com a Petrobras a partir de meados do mesmo ano. As duas embarcações são operadas e tripuladas pela Belov. Vilas-Bôas contou que a construção naval, a princípio, não estava prevista no plano de longo prazo da empresa, já que o estaleiro do grupo antes se dedicava a pequenas obras para embarcações próprias. Ele destacou que a empresa sempre diversificou sua atuação, em áreas como mergulho, obras portuárias, operações com ROV (robôs subaquáticos) e serviços de hidrografia.

Fonte: Portos e Navios – Danilo Oliveira
16/04/2021|Seção: Notícias da Semana|Tags: , |