A construção de fragatas para o Ministério da Marinha é a aposta do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) para uma retomada das atividades dos estaleiros do estado. A proposta foi defendida durante audiência pública da Comissão da Indústria Naval da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizada nesta segunda-feira (28/06). O setor enfrenta falta de contratos que levaram a perda de aproximadamente 80% do contingente de trabalhadores do setor no estado nos últimos sete anos, segundo dados apresentados pelo vice-presidente do Sinaval, Sérgio Bacci. Ele ressaltou que a Marinha tem frota antiga e enfrenta necessidade urgente de reposição e que esta seria uma oportunidade para gerar emprego e renda no Rio. “A produção de conteúdo local (contratação de fornecedores no estado) pelo setor naval é de 25%. Com isso, a construção de plataformas pela Petrobras foi reduzida a poucos módulos e os estaleiros começaram a enfrentar dificuldades. Consequentemente, tivemos uma redução expressiva das vagas de emprego”, conta Bacci.
De acordo com representantes da empresa pública que faz a gestão de projetos navais, a Marinha precisa de 12 fragatas. Dessas, quatro já estão sendo construídas em Santa Catarina, com até 40% de contratação de conteúdo local naquele estado. O relatório do sindicato aponta que as demais obras podem ser trazidas para o Rio de Janeiro, com potencial contratação de profissionais no estado. O Sinaval também apresentou sugestão de projeto para que o Governo federal destine 10% fundo da Marinha Mercante para a construção de barcos de patrulha. Outras sugestões para fomentar esta indústria são a elaboração de uma política de estado para o setor; a retomada do conteúdo local com índice maior do que 25% – com uma proposta intermediária de 40% – além de índices de juros e prazos melhores, com todos os bancos públicos e privados sendo agentes financeiros. A presidente da Comissão deputada Célia Jordão (Patriota) ressaltou a importância do aumento da produção local e o quanto a ausência dessa política impacta negativamente na retomada do setor:” As obras da Petrobras, em sua grande maioria, têm sido encaminhadas a estaleiros coreanos e chineses e para nós fica uma parcela muito pequena da construção. Isso gerou um número grande de desempregados. Por isso, esse grupo de estudos vem se formando para contribuir com o que, de fato, possa gerar empregos. O Rio tem essa costa maravilhosa e não é aproveitada em sua plenitude”.
O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis, Manoel Sales, destacou a necessidade de requalificação dos trabalhadores. “Temos mais de dez mil trabalhadores desempregados em Angra, que eram do setor naval. Eles precisam de atualização para voltar ao mercado de trabalho”, afirmou.
A deputada Célia Jordão enfatizou a urgência dessa iniciativa para uma resposta rápida a futuras encomendas que possam se surgir. “Ouvimos muito sobre não ter profissionais qualificados; que a mão de obra é cara. E a culpa cai em cima do trabalhador, que é mais vulnerável. É necessário ter essa compreensão que se deve ter uma política de estado”, disse.
Foi ainda debatido o desmonte de navios como alternativa mais rápida para a movimentação da economia no segmento naval. “Sobre essa questão, precisamos saber se as empresas terceirizadas contratadas pela Petrobras para realizar o serviço vão fazer esse trabalho aqui no Brasil; é necessário estar nos editais dos leilões que esse serviço terá de ser feito no Brasil”, pontuou Sérgio Bacci.