Petroleira entende que o mercado é quem tem que ditar qual conteúdo local é competitivo para a construção de novas unidades de produção. Plano estratégico atual da companhia prevê 13 sistemas de produção para os próximos cinco anos.
O diretor de desenvolvimento da produção da Petrobras, João Henrique Rittershaussen, destacou, na última terça-feira (13), a necessidade de FPSOs serem entregues no prazo para que as unidades iniciem produção o mais rápido possível e gerem receita para a companhia e arrecadação para o país. Ele frisou que a empresa realiza as licitações seguindo estritamente os requisitos de conteúdo local estabelecidos nos contratos de concessão e de partilha. Rittershaussen disse que não há proibições de fazer integrações no Brasil e citou serviços recentes realizados em estaleiros no país.
Ele considera que, em função da competitividade do mercado nacional, as empresas que participam dessas licitações tendem a otimizar o processo como um todo. “Se tivermos uma empresa que consiga fazer integração no Brasil de maneira competitiva, essas empresas têm oportunidade de serem contratadas”, afirmou em entrevista à agência EPBR. Ele acrescentou que o país possui um mercado supridor com capacidade de atender às necessidades da Petrobras.
Rittershaussen citou as concorrências da P-78 e P-79 que tiveram empresas brasileiras pré-qualificadas: os estaleiros EBR (RS) e BrasFels (RJ). Para a primeira unidade, o grupo liderado pela Keppel Fels ganhou licitação e o BrasFels poderá fazer parte da unidade no Brasil, conforme a estratégia de construção estabelecida pela empresa ganhadora do certame.
A Petrobras entende que o mercado é quem tem que dizer qual conteúdo local é competitivo para a construção da unidade. “Temos fornecedores de equipamentos, moduleiros e integradores no Brasil. E todo esse mercado tem que ser competitivo para gerar valor para a sociedade como um todo. Não podemos proteger esse ou aquele setor. Os setores têm que ser competitivos e eficientes”, afirmou.
O atual plano estratégico da Petrobras prevê 13 sistemas de produção para os próximos cinco anos. Rittershaussen disse que a FPSO Carioca está em processo adiantado de ancoragem e deve iniciar produção em agosto. Das 10 unidades em construção, três são para o campo de Mero, quatro para Búzios, duas para Marlim e uma em Atapu — a P-71, que está sendo finalizada no Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo.
Em relação à FPSO para o projeto de águas profundas na Bacia Sergipe-Alagoas (SEAP), o processo de parceria já foi lançado. O modelo de financiamento adotado será Build Operate and Transfer (BOT). Pelo planejamento atual da Petrobras, as propostas deverão ser recebidas em 2022. A companhia pretende concluir a contratação para Mero 4 ainda em 2021. Segundo o diretor, depende da conclusão da negociação e da aprovação do consórcio de Libra para poder assinar o contrato.
Rittershaussen explicou que o projeto-referência de FPSO da companhia é uma unidade padrão para 180 mil barris. Esse modelo de unidade foi contratado para a P-78 e para a P-79. A empresa também possui um projeto de alta capacidade para a unidade P-80, de 225 mil barris, que está em licitação no mercado. De acordo com o diretor, essas são as maiores unidades próprias já construídas, em termos de complexidade e porte. “Trabalhamos forte com um viés de redução do tempo de implantação dos projetos, redução do tempo de construção das unidades e aumento da eficiência de produção dessas unidades do campo como um todo porque entendemos que essa redução do tempo traz muito valor para a companhia”, salientou.
A petroleira considera que tanto o afretamento de FPSOs quanto a contratação de novas unidades próprias são mercados competitivos e complementares. O diretor disse que a Petrobras não tem preferência por nenhum modelo e que a decisão resulta sempre da análise econômica, que leva em conta tipo do campo explorado, capacidade da FPSO e capacidade do mercado supridor de fornecer aquele tipo de equipamento. Além das FPSOs afretadas no passado recente, entraram em operação FPSOs próprios, como a série de replicantes e as quatro unidades da cessão onerosa.