Base para fragatas: Fornecedores dialogam sobre equipamentos e serviços a serem contratados

  • 26/10/2021

O programa para obtenção de fragatas classe Tamandaré (PFCT) ainda apresenta uma série de oportunidades para empresas da base industrial naval e da base industrial de defesa do Brasil. A sociedade de propósito específico (SPE) Águas Azuis e o estaleiro Brasil Sul (SC), onde as quatro unidades contratadas pela Marinha serão construídas, já fecharam alguns itens e continuam a buscar fornecedores de equipamentos e serviços, no Brasil e no exterior, conforme os critérios de competitividade e de conteúdo local especificados pela força naval. A expectativa é que o estaleiro inicie as atividades de construção no começo de 2022.

Entre as oportunidades em aberto estão: planta elétrica, tubulações e acessórios, proteção balística, válvulas, escadas, balsas salva-vidas, fundição de aço e usinagem, módulos para sistemas de comunicação, escotilhas, porta de visita, sinos, gongos, âncoras, amarras, espaços habitáveis e de cozinha industrial que atenda a requisitos navais, lavanderia, equipamentos para controles de avaria e de oficina, sistema de reabastecimento em mar, sistema de exaustão, ammunition crane, torpedo stowage system e serviços diversos. As oportunidades já selecionadas e as que estão em aberto estão sujeitas a modificações e/ou atualizações dos contratantes ao longo do processo.

“Em todos os processos fazemos essa procura. É uma etapa de compliance que a empresa precisa fazer, onde buscamos fornecedores internacionais e alternativas. Comparamos e decidimos a melhor solução — com pilares e critérios diversos: comerciais, técnicos, engenharia, qualidade e conteúdo local”, afirmou o CEO Águas Azuis, Fernando Queiroz, em setembro, durante evento com representantes de fornecedores locais no estaleiro Brasil Sul, em Itajaí (SC), promovido pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron).

 

Na ocasião, Queiroz ressaltou que, por mais que parte da engenharia dos itens contratados seja feita no exterior, as filiais brasileiras podem atuar pela troca de conhecimentos e oportunidades de ampliar o conteúdo local dos componentes do projeto. O CEO falou que a SPE Águas Azuis estimula empresas locais, com matrizes ou parcerias internacionais, a unirem esforços buscando a participação no programa e a trazer conteúdo e oportunidades para serem fabricados mais componentes no Brasil.

“Peço que não sejam apenas a Thyssenkrupp, Embraer e a Águas Azuis brigando por esse conteúdo. Contamos com as empresas nacionais também brigando para trazer atividade para sua planta aqui para, uma vez aqui, trazermos maturidade para a indústria”, disse Queiroz. Ele acrescentou que existem pacotes de fornecedores estrangeiros que incluem fornecedores de componentes do Brasil.

Queiroz citou empresas brasileiras que foram competitivas e conseguiram ser selecionadas para o projeto em concorrências com participação, inclusive disputando com empresas estrangeiras. “Pedimos para que as empresas brasileiras aceitem o desafio e vejam com interesse as oportunidades geradas com essas quatro [unidades contratadas], mais a visão de futuro com potencial necessidade de mais navios e a operação com toda demanda durante 30 anos de operação e vida do navio”, elencou Queiroz.

O PFCT prevê 31,75% de conteúdo local mínimo para a primeira fragata, passando para a meta de 40,50% nas demais unidades, considerando materiais, serviços e mão de obra. A Emgepron e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) firmaram acordo para o acompanhamento e a aferição do conteúdo local utilizando a metodologia do banco. Além do conteúdo local, a Marinha especificou para os quatro navios gestão do conhecimento, transferência de tecnologia e inserção da mentalidade da gestão do ciclo de vida, bem como a retenção de conhecimento local para permitir autonomia quanto à gestão do navio.

Fonte: Portos e Navios – Danilo Oliveira
26/10/2021|Seção: Notícias da Semana|Tags: , , , |