O setor de apoio portuário vem se mostrando resiliente ao longo dos últimos anos. Mesmo com os desafios trazidos pela pandemia, a atividade portuária garantiu resultados favoráveis. Setores como agronegócio, mineração e granéis líquidos continuam sendo destaque nas demandas das empresas que operam rebocadores. Com perspectivas de navios de maior porte nos portos brasileiros e de operações especiais pontuais, as empresas têm se preparado para crescer, com renovação das frotas, aumento de capacidade e com olhar atento a novos nichos que surgem, como alguns serviços para o setor de petróleo e gás e, no médio a longo prazo, suporte para eólicas offshore. O incremento da cabotagem a partir do BR do Mar gera expectativas, mas ainda vai precisar se concretizar.
A Wilson Sons fechou o último ano com crescimento de 3% no volume total de manobras realizadas por sua divisão de rebocadores. O diretor-executivo de rebocadores da Wilson Sons, Márcio Castro, explica que 2021 foi um ano positivo para a empresa devido ao acréscimo do volume de operações e por conta do volume expressivo de operações especiais, principalmente para o setor de petróleo e gás. Ele destaca o aquecimento da movimentação de combustíveis para geração de energia, como o gás natural liquefeito (GNL).
Castro conta que houve alguns cancelamentos de escalas no ano passado, principalmente de navios de contêineres, o que causou algum impacto no volume de manobras. A leitura é que, se não houvesse esse problema de cancelamentos, o volume teria sido maior e o crescimento, além dos 3%. Ao todo, a Wilson Sons realizou 54.389 manobras em 2021, ante 52.873 no ano anterior. Ele ressalta que, mesmo com a segunda onda de Covid-19, a empresa mostrou resiliência do modelo de negócios.
Desde 2020, a empresa criou protocolos e contratou tripulantes adicionais para suprir a ausência dos infectados, além de colocar colaboradores com 60 anos ou mais ou com comorbidade para trabalhar em casa. Castro explica que, como a pandemia continuou em 2021, os procedimentos foram mantidos e ajustados para enfrentar os desafios da segunda onda e seguindo os pilares de saúde, bem-estar e manutenção dos serviços. Ele acrescenta que o impacto do câmbio e problemas na cadeia de suprimento mundial também trouxeram dificuldades maiores para a gestão de custos.
Em julho de 2021, a Svitzer adicionou os portos de Pecém (CE) e Suape (PE) a suas operações, o que considera um passo importante na estratégia de crescimento no Brasil e nas Américas. Também no ano passado, a empresa assinou contrato com o Estaleiro Rio Maguari (ERM), no Pará, para a construção de quatro novos rebocadores azimutais stern drive (ASD), com 70 toneladas de bollard pull cada, para ampliar a frota que já opera no Brasil.
“Os quatro novos rebocadores serão fundamentais para atendermos às necessidades dos nossos clientes de ampla cobertura geográfica e sempre fornecermos soluções de reboque seguras, confiáveis e eficientes”, afirma o diretor-geral da Svitzer Brasil, Daniel Reedtz Cohen. A previsão de entrega das duas primeiras unidades é para o último trimestre deste ano e das duas restantes no primeiro trimestre de 2023.
A Svitzer observou um retrato misto no último ano, com alguns portos crescendo e outros reduzindo um pouco suas operações. No geral, a avaliação é que as exportações se mantiveram fortes e o comércio de contêineres se recuperou de um 2020 difícil. “Com incremento dos volumes nos dois novos portos, consideramos que a Svitzer Brasil teve um bom ano em 2021. Operamos no país apenas desde 2015, mas continuamos a ter um bom progresso todos os anos e permanecemos otimistas para 2022”, analisa Cohen. A Svitzer Brasil também auxiliou e participou de manobras de emergência para manter portos funcionando e proteger o meio ambiente local em áreas portuárias onde a empresa atua, como em Santos (SP) e em Vitória (ES).
A Camorim também teve um ano positivo e acredita que colhe os frutos do plano de expansão iniciado em 2017. Em quatro anos, a empresa abriu sete filiais pelo Brasil, a fim de consolidar a posição no mercado e expandir comercialmente a nível nacional. Para a Camorim, o transporte de longo curso contribuiu significativamente para os bons resultados da empresa, com destaque para as áreas de minérios, granéis e petroleiros. Além disso, a Região Norte continua sendo uma grande promessa do apoio portuário, com o agronegócio movimentando consideravelmente as atividades nos portos da região.
“Houve um aumento considerável no número de manobras, principalmente devido ao êxito da empresa no fechamento de diversos novos contratos com grandes armadores e renovação de antigos. Não observamos nenhuma mudança expressiva no número de cancelamentos”, resume o diretor comercial da Camorim, Eduardo Adami. Com esses cenários, a empresa mantém as expectativas positivas para 2022.
A Starnav avalia que a incorporação de oito novos rebocadores na frota, finalizada em 2020, contribuiu para expandir e fortalecer a empresa e a presença dela nos principais portos do país ainda naquele ano. A empresa considera que 2021 foi um ano de consolidação das atividades dela no apoio portuário. A Starnav observa que os principais portos do país seguiram registrando crescimento em suas movimentações. Setores como o do agronegócio, minério de ferro e granéis líquidos continuam sendo destaque.
O gerente comercial da empresa, Vinícius Balbinott Silva, diz que a diversificação da carteira de clientes dos mais variados setores pela Starnav ajudou a minimizar os efeitos e as dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19 e suas consequências para o comércio internacional. “Foi possível observar o crescimento de nossas operações frente a 2020, sendo de fundamental importância o recente incremento de frota”, destaca Balbinott.
A divisão de rebocadores da Saam Towage aumentou globalmente o número de manobras em 22%, em comparação com 2020. Com a consolidação da aquisição da empresa Intertug, a Saam iniciou operações de rebocadores na Colômbia e reforçou presença nos mercados do México e da América Central. Já a Saam Towage Brasil registrou um ligeiro aumento do número de manobras em 2021 devido ao aumento da frota em alguns portos.
Em 2021, a Saam Towage completou seu primeiro ano de atuação no Porto de Mucuripe, em Fortaleza (CE), em complemento às operações já consolidadas no Porto de Pecém (CE). A empresa também expandiu participação nos mercados de Vitória (ES), Rio Grande (RS) e em Santana (AP), onde aumentou a frota. “Registramos um pequeno crescimento no segmento de contêiner, além de aumento do volume de minério de ferro exportado por mineradoras de menor porte que se aproveitaram do forte aumento do preço de minério na China durante alguns meses de 2021”, destaca a gerente regional da Saam Towage, Renata Ervilha.
Na visão da Saam, os sucessivos processos de arrendamentos portuários promovidos pelo governo vão contribuir com investimentos para o desenvolvimento do setor e possibilitar, no futuro, a expansão do comércio nacional e internacional. A empresa também avalia que a aprovação do programa de estímulo à cabotagem BR do Mar (Lei 14.301/2022) poderá trazer oportunidades para o transporte marítimo por meio desse modal.
A Starnav destaca que o Brasil é um país de proporções continentais e com ampla gama de produtos, tanto na exportação quanto na importação. A empresa lembra que o país é um dos líderes mundiais na produção de commodities agrícolas e minerais, com volume crescente ano após ano. “Acreditamos que o crescimento do país, ainda que modesto, seguirá impulsionando o crescimento do setor portuário nos próximos anos, seja através de novos terminais, seja por meio do aumento de volume e capacidade operacional dos terminais já existentes”, projeta Balbinott.
A Sulnorte conseguiu alcançar importantes objetivos e o principal deles foi a consolidação da operação no complexo portuário de Vila do Conde (PA). A companhia aposta no desenvolvimento da região e na sustentabilidade desse crescimento. Após a investida nessa nova operação no final de 2020, a empresa comemora a inclusão dessa cobertura nos contratos que tem com seus principais clientes, ao longo de 2021. “Ampliamos atuação ao oferecermos uma cobertura desde Rio Grande (RS) até Santarém (PA), atuando não apenas nos mais tradicionais complexos portuários do Brasil como também em importantes portos do Arco Norte, estendendo significativamente atuação no mercado de apoio portuário”, diz o gerente comercial da Sulnorte, Arthur Souto.
Ele lembra que o resultado positivo obtido veio após um período extremamente desafiador devido às consequências trazidas pela pandemia do novo coronavírus. Conta que a empresa traçou metas bastante arrojadas para o ano que se encerrou. Segundo o gerente, apesar de todas as dificuldades, a empresa se manteve próxima dos clientes e demais stakeholders da operação.
A Sulnorte observou aumento de aproximadamente 10% no volume atendido em 2021, em relação a 2020. A empresa percebeu que algumas escalas foram atrasadas em função de congestionamento portuário, porém com impacto inferior a 3% do volume. A leitura é que a pandemia trouxe queda na produção e uma demanda represada que posteriormente precisou ser atendida, gerando gargalos e aumento de custos.
A companhia notou, porém, que alguns transportadores passaram a ser mais criativos, usando as frotas para embarcar diferentes tipos de cargas. Souto cita o mercado de navios ro-ro, que nitidamente sofreu uma redução na sua demanda global. Esses navios passaram a embarcar, por exemplo, volumes de carga geral, para otimizar o espaço disponível.
No Brasil existe a expectativa de que a safra de grãos venha forte novamente, acompanhada pelos volumes de importação de fertilizantes, como em 2021. A Wilsons Sons também projeta um volume relevante proveniente de operações especiais, ainda que não tão grande quanto no ano passado. O diretor-executivo da divisão de rebocadores da empresa avalia que as chuvas no começo deste ano podem eventualmente reduzir a necessidade do uso de usinas termelétricas e, com isso, o suprimento de GNL ao setor elétrico.
No setor de petróleo e gás, o movimento é de operações com FPSOs chegando ao país e de plataformas descomissionadas que precisam ser desmanteladas em terra. “Isso gera volume de serviços”, observa Castro. A empresa também considera que as eólicas offshore são uma oportunidade que, aos poucos, se apresenta no mercado e pode trazer novo volume para operações de apoio portuário e de apoio marítimo.
No médio e longo prazo, a empresa acredita que possa haver reflexo pela aprovação do BR do Mar, com outros players de cabotagem entrando no mercado e, eventualmente, empresas já consolidadas aumentando volumes em função do novo regramento. “Com a regulamentação da lei, sem dúvida os armadores começarão a se preocupar caso enxerguem oportunidade. Já existe uma carga que sai do Norte para o Sul ou do Sul para o Norte que trafega de caminhão. Se o projeto tiver o sucesso que se espera, a expectativa geral é que exista migração de um modal para outro, retirando caminhões da estrada e com a carga indo mais por navio”, comenta Castro.
Uma das estratégias da Sulnorte consiste em estudar quais são as reais necessidades dos clientes, mergulhando não apenas nas demandas técnicas e financeiras. A aposta, segundo a empresa, permitiu aprimorar o foco de atuação, além de identificar quais tipos de navios conseguem atender de maneira mais eficaz e com excelência e quais clientes operam estas embarcações.
Na análise da Sulnorte, o consumo não caiu, embora a produção global tenha sido afetada pela pandemia. A empresa entende que novas demandas passaram a surgir e a sociedade passou a exigir reduções no tempo dos ciclos de pedido. Com isso, algumas empresas passaram a ter problemas relacionados ao deslocamento de navios com menos carga a bordo, o que gerou aumento nos preços e algum tempo de parada. O cenário está basicamente relacionado ao mercado de bens de consumo e ao de combustíveis, por exemplo.
A Sulnorte reforça que as movimentações de insumos e commodities cresceram porque no Brasil o agronegócio e o mercado de minério continuaram a impulsionar o volume de manobras, como de costume. Além disso, alguns terminais passaram a movimentar cargas distintas das que operam historicamente. As expectativas da Sulnorte para o segmento são bastante positivas, considerando as desestatizações, principalmente em Santos e em Vitória. A companhia acredita na tendência de que esses movimentos tragam ganho de produtividade e, consequentemente, maior demanda pelos serviços de apoio portuário. A empresa também acompanha os investimentos em novos complexos de grande porte, como no Espírito Santo e no Arco Norte.
A frota da Wilson Sons atualmente é de 80 rebocadores. A partir de março, a empresa começa a receber a série com seis novas embarcações que estão em construção no estaleiro do grupo, no Guarujá (SP). A previsão é que o estaleiro entregue três dos rebocadores em 2022 e os outros três em 2023. O diretor da empresa diz que as novas unidades fazem parte da renovação da frota, substituindo rebocadores que estão chegando ao final da vida útil e precisam ser repostos, além de adicionar potência.
Com a atualização, saem embarcações mais antigas, com 30t BP a 40t BP, e entram novas, com 80t BP a 85t BP. “Estaremos prontos para os novos navios conteineiros de 366 metros que estão para chegar e prontos para qualquer nova oportunidade que se apresentar”, projeta Castro. O diretor diz que a empresa estará preparada para uma série de projetos já identificados quando saírem do papel, entre os quais o Porto Central (ES) e o Porto Sul (BA).
Atualmente, quatro dos 80 rebocadores da Wilson Sons são da classe Escort Tug. Com a entrega das novas unidades nos próximos dois anos, a empresa passará a contar com 10 escort tugs já ao final de 2023. Castro acrescenta que, com a renovação, a totalidade das embarcações de apoio portuário de sua frota passará a ser de azimutais, contra 75 atualmente. Ele frisa que cerca de 40 hoje têm 60t BP de tração estática e atendem à grande parte dos requisitos dos portos nacionais.
“Com a frota completa, renovada e com potência adicionada, todas as nossas operações serão beneficiadas. A rotação permite que antigos de menor potência saiam de operação”, resume Castro. Ele destaca que os novos rebocadores estão associados à agenda ambiental e cumprem exigências da classificação Tier III da Organização Marítima Internacional (IMO). O design do casco do escort tug traz até 15% de eficiência na redução de gases de efeito estufa. Segundo Castro, com menos combustível e menos potência, o rebocador consegue atingir o mesmo bollard pull que se tem hoje.
Atualmente, a Camorim dispõe de 139 embarcações entre rebocadores, balsas, lanchas, LHs (manuseio de linhas e amarrações), PSVs (transporte de suprimentos) e AHTs (manuseio de âncoras), dos quais 116 são próprios. A frota inclui rebocadores de propulsão azimutal e tubulão kort móvel, 57 próprios, sendo 15 destes atuantes em parceria com a Starnav. Um novo rebocador está em construção no estaleiro da Camorim (RJ), com previsão de entrega para o segundo semestre.
Adami afirma que a extensão da frota se tornou um grande diferencial para a Camorim ao longo dos anos e que a renovação e a ampliação das embarcações sempre foram temas presentes na estratégia da empresa. Ele lembra que há 12 anos, quando a média de potência oferecida no setor era de 45t BP, a Camorim já iniciava a construção de embarcações de 60t BP, na época os rebocadores mais potentes do país.
Atualmente, mais de 90% da frota operada na parceria Camorim-Starnav está entre 60t e 85t BP. “Continuamos com a frota mais potente do mercado e temos como meta manter nossa vanguarda. Não enxergamos como um problema as exigências atuais do mercado, pois a empresa se considera capacitada para atender a estas demandas”, destaca Adami.
Ele acrescenta que a Camorim realiza com frequência manobras especiais de apoio a plataformas de petróleo. Tanto na logística durante a entrada e saída nos portos e estaleiros quanto no transporte de materiais para área offshore. Entre as manobras especiais realizadas durante o último ano, o diretor da empresa destaca o apoio ao descomissionamento da plataforma da Petrobras no Campo de Cação. A empresa também realizou o reboque da plataforma semissubmersível Pantanal, do Porto de Açu, no Norte Fluminense, ao Porto do Rio de Janeiro e seu embarque no navio de transporte de cargas pesadas (Heavy Load Carrier), da Cosco Shipping.
Atualmente, a Starnav mantém em sua frota 17 rebocadores azimutais de 60 a 80t de bollard pull, todos próprios. A empresa diz que investe fortemente para ampliar presença na costa brasileira. Até o final de 2022, quatro novos rebocadores de 80t BP deverão ficar prontos. Esta nova série trará consigo uma inovação tecnológica em seu sistema de propulsão, uma solução híbrida fabricada pela Schottel. O sistema Sydrive-M permitirá acionar os dois propulsores da embarcação com apenas um motor, trazendo maior eficiência e redução na emissão de poluentes. De 2019 a 2020, a Starnav construiu oito novos rebocadores azimutais, todos de 80t BP.
Balbinott ressalta a iniciativa de construção de mais quatro embarcações de mesma potência, mesmo durante a pandemia. Além da frota em expansão, a Starnav conta com um moderno centro de treinamento com um simulador full mission. Nessas instalações é realizado o treinamento dos profissionais da empresa, a fim de oferecer mais qualidade e segurança.
A Starnav acredita que a chegada de navios de maior porte é uma tendência mundial para a qual a empresa já está preparada. Em relação às operações especiais, Balbinott diz que, devido a sua autonomia, capacidade de carga, espaço de convés e manobrabilidade, a frota de rebocadores da Starnav está preparada para atuar também em manobras de apoio marítimo. “Constantemente, temos atuado no reboque e apoio às unidades marítimas, além de eventuais resgates de embarcações que encontram-se em situação de emergência”, explica o gerente comercial.
A Saam Towage Brasil opera 51 rebocadores, sendo 47 próprios e quatro afretados a casco nu. Globalmente, a divisão tem mais de 180 rebocadores em cerca de 80 portos, que a cada ano realizam mais de 100 mil manobras, atendendo a 37 mil navios. Renata destaca que a empresa monitora constantemente as necessidades de seus clientes e condições de sua frota, buscando a eficiência na alocação de rebocadores nos diversos portos em que opera, e está sempre em busca de novas oportunidades para renovação e expansão de suas operações. Para atender às exigências do mercado, a Saam Towage investe na atualização e repotenciamento de seus rebocadores.
“Somos a maior empresa de rebocadores das Américas, com operações em 13 países e uma frota de mais de 180 rebocadores, o que nos permite atender às exigências do mercado e às necessidades de nossos clientes”, afirma Renata. Ela frisa que a empresa está comprometida com a excelência operacional e a segurança. Recentemente, a Saam Towage renovou a certificação ISO 9001:2015 (gestão de qualidade) por mais três anos. Em termos de sustentabilidade, a Saam permaneceu pelo sexto ano consecutivo no índice Dow Jones Sustainability Chile e pelo quarto ano no Mila Pacific Alliance Select Index. Ambos medem o desempenho ambiental, social e de governança das empresas (ESG).
A Sulnorte opera atualmente 24 rebocadores, que têm 98% de taxa de disponibilidade e cobrem 10 complexos portuários: Rio Grande, Porto Alegre (RS), Paranaguá (PR), Santos (SP), Vitória (ES), Salvador (BA), Madre de Deus (BA), Maceió (AL), Vila do Conde (PA) e Santarém (PA). Souto conta que existem contratos de afretamentos a tempo (time charter) com empresas parceiras, o que ajuda a expandir o campo de atuação e a reduzir custos operacionais. O plano de expansão se orienta em três diretrizes: novas construções, importação de equipamentos (front runners) e afretamento de embarcações em longo período. O tema das importações, além do custo, está ligado ao início de novas construções.
A empresa tem sob contrato e em andamento a construção, com recursos próprios, de um rebocador azimutal da classe RApport 2400 MKI (Robert Allan Ltd), que alcançará 60 toneladas de BP e que será entregue no segundo semestre de 2023. A Sulnorte tem ainda o projeto para a construção de 10 rebocadores da classe RAmparts 2500, de 75t BP. “Esse projeto é focado em operações de apoio portuário, contemplando embarcações com porte mais compacto, com potência e bollard pull adequados às mais variadas demandas das atividades de apoio portuário, permitindo atuação ágil e eficaz em portos de grande movimento”, detalha Souto. Ele classifica o projeto como sustentável e eficiente devido à otimização dos custos operacionais, conservação e manutenção.
A Sulnorte percebe que a chamada “corrida pelo BP” é algo específico em certos nichos de mercado. A avaliação é que o transporte de bens de consumo em contêineres tem bastante visibilidade e que os armadores que transportam estas cargas investem em navios cada vez maiores e com mais emprego de tecnologia. No entanto, a Sulnorte acredita também na relevância de outros mercados. Souto diz que em portos congestionados, como o de Santos, Paranaguá e Rio Grande, os esforços se concentram no atendimento a navios graneleiros que movimentam produtos agrícolas e demais insumos, como fertilizantes (Panamax).
Outro mercado importante, de acordo com Souto, é o de navios de menor porte (Handysize), que transportam cargas relacionadas ao mercado de petróleo e gás, de maneira geral. “Estes dois mercados, somados, correspondem à maior fatia do market share disponível nestes portos, ao contrário do que se imagina. A frota da Sulnorte é totalmente adequada, tanto quantitativa como qualitativamente para atender a estas operações”, comenta Souto.
Ele pondera que os investimentos em tecnologia, desenvolvimento e aquisição de novos softwares auxiliam a Sulnorte na coleta constante de informações relacionadas aos portos em que a empresa opera e aos clientes por ela atendidos. A análise desses dados possibilita a entrega de um melhor nível de serviço. Souto enfatiza que o projeto de construção de rebocadores mais potentes, de consumo mais baixo e custo competitivo deixa a Sulnorte pronta para atender às mais variadas demandas que surgirem no mercado de apoio portuário.
O gerente comercial diz que a frota tem embarcações próprias capazes de atender a atividades de reboque oceânico, com prazo e qualidade. Souto diz que a empresa está sempre atenta a novas oportunidades de negócios que possam ser atendidos com os rebocadores. Ele acrescenta que existem parcerias estratégicas da companhia com brokers internacionais. Esse é visto como um diferencial para que as operações consideradas especiais tivessem crescimento anual de aproximadamente 2% no faturamento global.
No Sul do Brasil, a Sulnorte atua com destaque na Lagoa dos Patos (RS), área que historicamente sofre com assoreamentos e estiagens. Souto explica que esses eventos, às vezes isolados e em outras combinados, geram transtornos para os transportadores que navegam na região. Ele diz que a empresa contribui de forma significativa para que inúmeras cargas possam chegar a Porto Alegre, impedindo que o ponto mais crítico desta travessia se torne um gargalo, ou ainda fique completamente intrafegável. “Este trabalho foi realizado através de acompanhamentos regulares aos navios que por lá navegam”, resume Souto.
Com o mundo saindo da pandemia, a Svitzer nota uma série de interesses renovados no mercado brasileiro por parte de transportadores e exportadores. Na visão da subsidiária da Maersk, existem muitos projetos de investimentos em infraestrutura portuária para importação e exportação, o que prepara o terreno para o crescimento da movimentação de navios. “Com uma forte presença global, sólido conhecimento regional, foco em segurança e eficiência e ampla experiência em diferentes tipos de operações de reboque, a Svitzer Brasil está bem posicionada e pronta para ser parte dessa jornada de crescimento”, diz Cohen.
A empresa, neste começo de 2022, opera um total de 17 rebocadores e tem outros quatro na carteira de construção do estaleiro Rio Maguari. A companhia opera dois rebocadores em Rio Grande, cinco em Santos, um em Vitória, dois em Suape, dois em Pecém (CE), três em São Francisco do Sul (SC) e dois em Paranaguá. Das 17 unidades, 12 foram construídas no Brasil. A empresa enfatiza que os quatro novos rebocadores também serão construídos em um estaleiro nacional. “Desde que começamos a operar no Brasil, em 2015, temos construído rebocadores em estaleiros brasileiros e nosso recente contrato com o Estaleiro Rio Maguari é uma continuação desta estratégia”, afirma Cohen.
Em 2021, a Svitzer ingressou em dois novos portos e planeja continuar a trajetória de crescimento nos próximos anos, expandindo para portos onde os clientes dela estão em ascensão. “Trabalhamos em estreita colaboração com nossos clientes e com autoridades em muitos projetos em fase de preparação, onde auxiliamos com nossa larga experiência e conhecimento com objetivo de garantir operações eficientes e de alta qualidade”, destaca Cohen.
A Svitzer Brasil entende que tem uma das mais novas e modernas frotas no Brasil. Com a recente encomenda de quatro rebocadores azimutais de 70t BP, a empresa considera que vai continuar a atender com margem às exigências do mercado. A Svitzer afirma que investe em inovação e tecnologia para melhorar a segurança e eficiência das operações pelo mundo, a fim de atender às demandas dos clientes que estão em constante mudança.
Entre os projetos de inovação, Cohen cita o acordo com a Robert Allan Ltd. para projetar o primeiro rebocador portuário do mundo com célula de combustível, rodando com metanol verde. Outro exemplo é uma nova solução para rebocadores que substitui o óleo combustível marítimo por biocombustível neutro em carbono. O Ecotow desbloqueia cerca de 90% de redução de CO2 nas emissões de escopo 3 das operações de reboque.
Outra frente desenvolve um rebocador multiuso da próxima geração, que a empresa acredita ser um divisor de águas. Cohen diz que o TRAnsverse Tug é capaz de gerar forças de direção mais altas do que a maioria dos projetos de dimensões semelhantes e vem com um design inovador de grampo e capacidade única de empurrar, puxar e manobrar em todas as direções — tudo concebido em um rebocador menor e mais ágil.
Castro, diretor da Wilson Sons, disse que a empresa já vem se preparando há algum tempo para auxiliar manobras de navios de maior porte em portos como o de Santos. Em seu centro de aperfeiçoamento no Guarujá, a empresa realiza estudos e treinamentos junto à praticagem, por meio de simulações da entrada desses navios. Os trabalhos simulam arranjos dos rebocadores e situações de atuação para executar operações de atracação e desatracação desses com segurança.
O diretor da divisão de rebocadores da Wilson Sons destaca que a empresa já participa de algumas manobras com porta-contêineres com 336 metros, os maiores que já atracam no Porto de Santos atualmente, o que permite à empresa fazer simulações e adaptações já visando navios de 366 metros. “A Wilson Sons está mais que preparada para a chegada desses navios. Vai depender do planejamento dos armadores para trazê-los. Vários portos precisam estar preparados para recebê-lo. Salvador (BA) e Rio Grande (RS) já estão”, afirma Castro, em referência aos terminais de contêineres do grupo nessas duas cidades.
Outra aposta da Wilson Sons é o desenvolvimento de soluções digitais usando dados coletados nos últimos 10 anos de operação. Castro cita o recente acordo firmado com a Santos Port Authority (SPA) e a startup israelense DockTech para a coleta de informações dos rebocadores. A análise com algoritmos baseados em inteligência artificial possibilita identificar a ocorrência de assoreamento e antecipa as necessidades de dragagem. A tecnologia de gêmeos digitais da startup utiliza dados batimétricos coletados pelos rebocadores para criar uma representação virtual dinâmica do leito marítimo do porto. O sistema é capaz de entender o padrão e o comportamento de assoreamento dos portos e de prever como suas mudanças afetam as condições de navegação.
Os envolvidos destacam que a nova tecnologia desenvolvida pela DockTech possibilita um planejamento mais preciso da dragagem e evita gastos desnecessários com batimetrias. A ferramenta mapeia em tempo real a profundidade do canal de navegação e é capaz de entender o padrão de assoreamento dos portos, prevendo como as variações no leito afetam a segurança da navegação e o transporte de cargas. “Buscamos adicionar valor ao produto de rebocagem. Mais que serviço de desatracação e atracação, aumentar a eficiência dos ativos dos clientes”, afirma Castro.
A Sea Partners também teve um 2021 de crescimento das atividades, mesmo com os efeitos da pandemia. O gestor de novos negócios da Sea Partners, Márcio Amaral, destaca que a empresa do grupo Triunfo Logística participou de diversos projetos especiais no setor de petróleo e gás, além de alguns projetos pioneiros. O volume das atividades, segundo Amaral, teve aumento de 23,8% em relação a 2020, permitindo alcançar desempenho operacional estimado em 99,2% de eficiência.
“Acreditamos que 2022 será um ano ainda melhor que 2021 e estamos trabalhando com a expectativa de, no mínimo, 18% de crescimento de nossas atividades em relação a 2021. Com relação ao desempenho operacional, nossa expectativa é de, pelo menos, manter a eficiência do ano anterior”, projeta Amaral. A Sea Partners considera que 2022 será um ano diferenciado e que o setor de petróleo e gás será a principal oportunidade para o segmento.
Amaral conta que a Sea Partners passou por uma recente reestruturação e que, além da mudança na gestão principal da empresa, aumentou em 25% o quadro de apoio marítimo. Duas novas embarcações foram adquiridas para ampliar a frota. “Além do aumento de nossa frota, estamos fechando parcerias estratégicas — nacionais e internacionais — para atender aos grandes projetos de 2022. Outra questão será a diversificação da nossa linha de negócios”, afirma Amaral.