Empresa e banco de fomento prepararam bases para acordo que prevê compartilhamento de informações e conhecimento, com duração de 4 anos, semelhante ao firmado em 2020 para fragatas Tamandaré. Projeto para obtenção do NApAnt prevê 45% de índice mínimo de nacionalização.
A Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estabeleceram as bases para firmar um acordo de cooperação para a troca de conhecimento e informações para avaliação e aferição do conteúdo local do projeto do navio de apoio Antártico (NApAnt). O acordo, firmado no último dia 31 de maio, tem validade de quatro anos e é semelhante ao estabelecido entre o banco de fomento e a Emgepron em 2020 para o conteúdo local do projeto das fragatas classe Tamandaré. O navio polar será construído no Estaleiro Jurong Aracruz (EJA), no Espírito Santo.
O conteúdo local exigido inicialmente para o NApAnt previa o índice mínimo de 45%, sendo que a proposta selecionada pela força naval, do grupo Sembcorp Marine, apontou o percentual de 47,68%. A escolha da melhor oferta para atender o projeto teve início com a divulgação da RFP (request for proposal), em maio de 2020, utilizando ferramentas de análise multicritério à decisão (AMD) e de análise de riscos. O processo de seleção da Marinha baseou-se na expertise técnica e gerencial do seu pessoal e contou com o apoio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do BNDES.
A acordo de cooperação leva em conta que o NApAnt é um projeto de alta complexidade tecnológica, além da importância estratégica e econômica para incentivar a participação de empresas nacionais da base industrial de defesa do país no processo de obtenção do novo meio naval pela Marinha. Outro aspecto do termo é o compartilhamento de conhecimento e informações referentes à fabricação e às tecnologias envolvidas no setor de construção naval, abrangendo toda a cadeia produtiva, inclusive, no que couber, em outros projetos do setor naval.
Em março, representantes da indústria nacional de navipeças, da base industrial de defesa e da sociedade de propósito específico (SPE) ‘Polar-1 Ltda’ se reuniram, na sede da Emgepron, no Rio de Janeiro. O encontro, que contou com representantes da Marinha e da Emgepron, teve como objetivo a demonstração de interesse de fornecedores locais em participar do projeto NApAnt. O grupo construtor foi confirmado pela Marinha em outubro de 2021 e, na sequência, começaram as consultas aos potenciais fornecedores do projeto do NApAnt.
A SPE é formada pelo EJA e pela Sembcorp Marine Specialised Shipbuilding, que fazem parte do mesmo grupo. O grupo de fornecedores teve representantes das câmaras setoriais de Equipamentos Navais, Offshore e Onshore (CSENO) e de Defesa e Segurança (CSDS) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Na ocasião, os fornecedores demonstraram interesse nos planos de gestão do ciclo de vida do projeto e nas potenciais oportunidades de suporte à embarcação, incluindo itens que possam ser nacionalizados.
A previsão é que o contrato seja assinado em meados deste ano, mas a força naval e a SPE já mantêm conversas sobre os detalhes do projeto. A negociação contratual com a SPE Polar-1 é conduzida pela contratante Emgepron e deverá cumprir os trâmites legais e condições estipuladas na RFP para a assinatura do contrato no prazo mais breve possível. O programa tem a expectativa de gerar cerca de 600 empregos diretos e mais de 6.000 indiretos. A entrega do navio à força naval está prevista para 2025.
O novo NApAnt substituirá o navio de apoio oceânico (NApOc) Ary Rongel (H-44), que se aproxima do final do ciclo de vida. De acordo com a força naval, o projeto NApAnt prevê a obtenção de um meio naval para apoiar logisticamente o Programa Antártico Brasileiro (Proantar), de forma a auxiliar as pesquisas da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) e a contribuir para a segurança da navegação na região Antártica.
