Diretor do material destacou que Arsenal continuará como principal estaleiro de manutenção da esquadra e que novos meios navais demandarão adaptações a configurações mais modernas de engenharia naval
A construção dos navios-patrulha de 500 toneladas (NPa-500br) e dos navios-patrulha de apoio oceânico (NPaOc), de 1.800 toneladas ou 2.000 toneladas, e a manutenção dos novos meios navais dos programas estratégicos da Marinha vão demandar a modernização e uma revitalização do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) para adaptá-lo a técnicas e a configurações mais modernas de engenharia naval. O comando da Marinha pretende incluir a modernização do Arsenal na concorrência para contratação dos construtores dos navios-patrulha.
O diretor-geral do material da Marinha, almirante de esquadra José Augusto Vieira da Cunha de Menezes, citou que as fragatas da classe Tamandaré serão construídas em blocos no Estaleiro Brasil Sul (SC), o que mostra a necessidade de uma preparação e alinhamento do AMRJ para esse tipo de construção. A avaliação é que o Arsenal precisará de retroárea e adaptações quanto à altura dos edifícios e hangares para construir os blocos com altura suficiente para acomodação das embarcações.
Outra possível modificação é do sistema de lançamento de navios, já que os estaleiros mais modernos praticamente não utilizam sistemas de rampa, realizando load in/load out para o lançamento de embarcações. Cunha lembrou que o AMRJ já demonstrou capacidade para construção naval, inclusive para exportação, como na entrega do navio-patrulha fluvial ‘Itaipu’, que opera para a Marinha do Paraguai até hoje.
O portfólio de construção do Arsenal também tem fragatas da classe Niterói, navios de assistência hospitalar que estão nos rios da Amazônia, além da corveta Barroso e das quatro corvetas da classe Inhaúma. “Foi há alguns anos e agora temos que nos adaptar às modernas técnicas de construção naval”, ressaltou Cunha, na última terça-feira (16), durante o painel ‘Programas de renovação e ampliação dos meios navais da Marinha do Brasil’, na conferência da 16ª Navalshore.
No caso da manutenção, o diretor do material da Marinha afirmou que o Arsenal continuará como principal estaleiro para manutenção da esquadra. “O AMRJ tem que ter investimentos para sua modernização, não só para construção, como para manutenção”, acrescentou. O diretor contou que, no plano de modernização e revitalização do AMRJ, o almirantado decidiu que Arsenal poderá construir unidades até 1.800 toneladas dentro do estaleiro com complementaridade da base de construção naval da Marinha em Itaguaí (RJ), onde estão sendo construídos os quatro submarinos do Prosub e que é capaz de construir e manter navios de superfície.
Cunha ressaltou que, tanto o navio-patrulha oceânico 1.800/2000 toneladas, como o NPa-500br, estão dentro do modelo de negócios, inclusive de venda para outros países. O objetivo é construir 12 novos meios para substituir navios-patrulha, principalmente os de 200 toneladas que estão chegando ao final da vida útil. O projeto NPa-500br foi adquirido pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron) e desenvolvido pelo Centro de Projetos de Navios (CPN) da Marinha.
“O projeto básico [do NPa-500br] está pronto e partiremos para a fase de construção desses navios. Já temos algum recurso para iniciar a construção desses navios”, pontuou. Cunha acrescentou que, apesar de ainda não ter garantido os recursos para o OPV (Offshore Patrol Vessel, na sigla em inglês) de 1.800/2.000 toneladas, este é um tipo de navio que integra o portfólio de meios que a força naval brasileira pretende construir daqui para frente, seja no AMRJ, seja em complementaridade em Itaguaí.
O diretor revelou que a Marinha do Brasil está em contato com marinhas da Itália, do Reino Unido, da Turquia e da Índia. “Esses governos e marinhas estão conversando conosco para, dentro desse processo de construção de navios de 500 toneladas ou de navios 1.800 toneladas ou 2.000 toneladas, colocarmos a revitalização do Arsenal para transformá-lo num estaleiro moderno, tanto de construção, como de manutenção também”, detalhou.