Uma notícia que promete trazer um novo sopro de esperança para a indústria naval brasileira. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse na tarde de hoje (2), durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro, que a empresa pretende voltar a construir plataformas e barcos de apoio no Brasil. Contudo, segundo ele, para viabilizar essa intenção, será preciso um esforço coletivo. Prates acredita ainda que é necessário estabelecer uma política pública para estimular novamente o setor naval brasileiro.
O Petronotícias questionou, durante a coletiva, se a Petrobras poderia voltar a construir plataformas e embarcações de apoio no Brasil durante a gestão de Prates. “Vai. Agora, vai fazer isso dentro de uma construção coletiva. Não basta a Petrobrás querer, ela precisa ter condições para fazer isso”, respondeu o presidente da petroleira. Prates sustenta que a estrutura dos estaleiros e da indústria naval devem apresentar-se em condições competitivas. Para tal, o Brasil precisaria adotar uma nova política pública de incentivo aos estaleiros nacionais.
“Se você fizer um levantamento, hoje, talvez, um equipamento bem complexo integralmente feito no Brasil saia três ou quatro vezes mais caro. Então, quando há uma discrepância a esse nível, é preciso política pública e outro tipo de abordagem a esse problema”, afirmou. Prates prometeu ainda que a Petrobras irá participar dessa nova abordagem para a indústria naval.
O presidente da Petrobras avaliou também que existem novos horizontes para o setor naval, sobretudo com negócios em eólicas offshore. “São equipamentos [eólicos offshore] enormes, três ou quatro vezes maiores do que os equipamentos que vemos em terra. São equipamentos que precisam ser feitos localmente. Então, existem novos horizontes também”, avaliou.
Um estudo recente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) revelou o tamanho do tombo que o segmento viveu nos últimos tempos. Há 10 anos, os valores contratados de projetos nos estaleiros brasileiros somaram cerca de R$ 9,5 bilhões. Em 2021, essa cifra foi drasticamente reduzida para R$ 570 milhões – uma impressionante queda de cerca de 96%.
Ainda de acordo com o levantamento do Sinaval, dos 13 estaleiros de grande porte do país, a maior parte está operando abaixo da capacidade ou apenas atuando em serviços de reparos navais. Esse é o caso dos estaleiros BrasFELS (RJ) e Atlântico Sul (PE). Há outros em situação mais dramática. O estaleiro Brasa (RJ) está desativado e a sua área está sendo usada como Terminal de Uso Privativo. O único estaleiro de grande porte que tem em vista um grande projeto pela frente é o Jurong (ES), que está preparando-se para a construção do Navio de Apoio Antártico da Marinha do Brasil.
Veja abaixo a declaração completa de Jean Paul Prates sobre a indústria naval brasileira: