Durante cerimônia de batimento de quilha, o diretor-geral do material da Marinha, almirante Bettega, destacou métodos de gestão de ciclo de vida e ampliação do emprego da base industrial de defesa. Para SPE Águas Azuis, projeto gerou crescimento econômico e alavancou conteúdo local
O diretor-geral do material da Marinha (DGMM), almirante de esquadra Arthur Fernando Bettega Corrêa, disse, nesta sexta-feira (24), que o Programa de Fragatas Classe Tamandaré (PFCT) estimula a evolução do conhecimento da Engenharia Naval brasileira, capacitando-a para levar adiante projetos para a construção de navios complexos, dando perenidade e consistêcia à modernização do poder naval brasileiro. Ele destacou a adoção de modernas técnicas e métodos de gestão de ciclo de vida e a ampliação do emprego da base industrial de defesa (BID).
Bettega explicou que as fragatas classe Tamandaré serão navios-escolta versáteis e de expressivo poder de combate, capazes de se contrapor a múltiplas ameaças aéreas, submarinas e de superfície. “Esses navios também levarão nossa bandeira e defenderão os interesses nacionais, onde a política externa demandar, reiterando o compromisso do Brasil com a paz, incrementando nossa diplomacia naval e demonstrando o elevado nível tecnológico e a capacidade empreendedora da indústria nacional”, disse o diretor-geral durante a cerimônia de batimento de quilha da fragata Tamandaré, primeira da série com quatro unidades em construção na thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul (tkEBS), em Itajaí (SC).
Na ocasião, o CEO da sociedade de propósito específico (SPE) Águas Azuis, Fernando Queiroz, salientou que a obtenção das fragatas para a força naval brasileira desenvolveu e engajou muitas empresas nacionais. Ele elencou entre os resultados do programa o crescimento socioeconômico, com geração de empregos, transferência de tecnologia e garantia de conteúdo local que alavanca a base industrial de defesa (BID), além da formação de mão de obra altamente qualificada. “O que era desafio de conteúdo local para esses navios, hoje é a certeza de que esforços empenhados já produzem frutos e continuarão a gerar resultados por meio de uma indústria forte, criativa, competente e competitiva”, projetou.
Queiroz acredita que esse seja um dos projetos navais mais inovadores já desenvolvidos no Brasil. “Reforço a importância que a classe ‘Tamandaré’ representa, não só para a defesa da soberania do nosso país e da Amazônia Azul, mas também para o desenvolvimento tecnológico de uma ampla cadeia de valor e de profissionais que estão impulsionando o mercado nacional de construção naval e de equipamentos de defesa”, acrescentou.
A ‘espinha dorsal’ da primeira fragata dessa classe corresponde à parte estrutural do navio, que possibilita a montagem das demais partes e módulos de sua construção. Na construção naval, o batimento de quilha é considerado uma forma de trazer boa sorte. Esta etapa de construção foi caracterizada pelo posicionamento, no seu local de edificação, de um bloco estrutural que pesa aproximadamente 52 toneladas e corresponde a uma das praças de máquinas do navio, onde serão instalados dois motores, engrenagem redutora e diversos equipamentos auxiliares.
A Marinha avalia que o atual modelo construtivo, que prevê a produção em blocos para serem edificados posteriormente, oferece vantagens em relação ao modelo antigo. Uma delas é a possibilidade de instalar acessórios e fundações de forma antecipada, além de facilitar a colocação de equipamentos a bordo e possibilitar trabalhos em diversos estágios de maneira segregada em cada unidade. O processo, de acordo com a Marinha, também aumenta a segurança dos colaboradores, por manter espaços abertos por mais tempo durante a construção.
O lançamento da Fragata Tamandaré está estimado para meados de 2024 e a sua entrega para a Marinha do Brasil no final de 2025. O corte da chapa do casco da segunda fragata classe Tamandaré está previsto para acontecer ainda em 2023. O PFCT, conduzido pela Marinha do Brasil desde 2017, é gerenciado pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron) e executado pela SPE Águas Azuis, composta pelas empresas thyssenkrupp Marine Systems, Embraer Defesa & Segurança e Atech.
O projeto naval prevê a construção, em território nacional, de quatro navios de guerra de alta complexidade tecnológica. As embarcações devem atingir capacidade operacional para proteger as águas jurisdicionais brasileiras (AJB), gerando transferência de tecnologia e licença perpétua, e promover a indústria local e a construção naval no país. A Marinha do Brasil prevê que o programa, como um todo, possa gerar cerca de 2.000 empregos diretos e 6.000 indiretos. A expectativa de taxas de conteúdo local é superar os 30% para o primeiro navio e os 40% para os demais.
A Marinha considera que o cronograma do PFCT avança dentro do planejamento, apresentando atualmente uma evolução em 34% de sua totalidade. Para as próximas etapas, está prevista a edificação do bloco que forma a outra praça de máquinas da fragata, com o posicionamento dos equipamentos e motores no local. Na sequência, os blocos edificados completarão as estruturas centrais do navio.
Das mais de 50 unidades estruturais que compõem a sequência construtiva da primeira fragata da classe Tamandaré, cerca de um quarto está em processo de montagem estrutural na thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul, e outras já estão cortadas e conformadas, com painéis e submontagens finalizadas. Em relação à qualificação do pessoal que será responsável pela manutenção dos sistemas do navio, foram concluídas, até o momento, cerca de 50% das atividades sobre engenharia de sistemas e apoio logístico integrado.