Com apoio financeiro da Finep, acaba de entrar em operação, em águas amazônicas, o primeiro empurrador auxiliar elétrico de manobra do País, construído no estaleiro Belov, na Bahia, para a Hidrovias do Brasil, empresa com atuação no setor de logística integrada. Braço principal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a Finep destinou cerca de R$ 38 milhões ao projeto da nova embarcação, que utiliza baterias de íon-lítio, como fonte principal, em substituição ao diesel. Como o próprio nome já diz, os empurradores são embarcações que movimentam barcaças, a longa distância, com capacidade para transportar carga equivalente a 1.500 caminhões.
Todos os barcos da operação Norte da Hidrovias do Brasil levam nomes de peixes amazônicos, de forma que o novo empurrador elétrico foi batizado de HB Poraquê, apelido dado a um peixe elétrico típico da região. O modelo híbrido é um projeto brasileiro que irá trazer mais eficiência, segurança e um futuro muito mais equilibrado do ponto de vista do meio ambiente. A embarcação é dotada de um sistema de propulsão diesel-elétrica, tecnologia que gera um melhor aproveitamento da energia, composto por geradores elétricos que contribuem para a alta potência do motor. Soluções tecnológicas e mais eficientes como essa vão permitir, no futuro, minimizar o impacto ambiental não só deste tipo de atividade, mas de outras iniciativas da mesma natureza.
Também poderão contribuir para reduzir a dependência do transporte rodoviário. Embora o País figure como o quarto maior potencial hidroviário do mundo, menos de um terço de um total de cerca de 60 mil quilômetros de hidrovias são utilizados para o transporte de alimentos e outros produtos da economia brasileira. “A gente espera que, com essa embarcação, essa nova geração de empurradores elétricos se torne referência para o setor logística fluvial”, afirmou Cristiane Abreu, gerente do Departamento de Petróleo, Mineração e Industria Naval da Finep.
Com o novo empurrador, outros benefícios poderão ser obtidos, como a redução do custo operacional, relacionado ao consumo de diesel e manutenção para manobras de barcaças, em até 40%, e diminuição da emissão de gás carbônico em até 1.084 toneladas por ano, além de outros poluentes, como monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e enxofre. No caso do CO2, a redução também contribui para a melhoria da qualidade de vida, especialmente das comunidades que estão mais próximas da operação da Companhia na Região Norte do Brasil.
Por se tratar de uma embarcação híbrida, não se nota, visualmente, mudanças em instalações físicas externas. Porém, o projeto traz uma série de melhorias nas instalações de bordo, pois incorpora conceitos modernos e boas práticas da indústria naval, entre elas, o atendimento às normas internacionais da MLC (Maritime Labour Convention), que garantem maior espaço, conforto e bem-estar para os tripulantes da embarcação.
A hidrovias do Brasil considera o empurrador elétrico com uma das primeiras inovações de maior relevância para o crescimento da Companhia. Além de desonerar as operações portuárias por diminuir os custos operacionais, o projeto reduz a dependência das operações de combustíveis derivados de petróleo. “Trata-se de mais um passo rumo à descarbonização e representará um precedente relevante para a indústria de logística em nível nacional e internacional, pois apesar de haver iniciativas similares em outros meios de transporte, essa seria a primeira para empurradores fluviais no mundo”, afirmou Fabio Schettino, presidente da Hidrovias do Brasil.