Danilo Giroldo, da Furg, apontou necessidade de um panorama das novas encomendas e do plano de formação e qualificação associado a um programa de inovação, ciência e tecnologia. Marítimos cobram garantia de recursos para autoridade marítima
O professor Danilo Giroldo, reitor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), acredita que o sistema de educação superior e os demais níveis de ensino estão dispostos e preparados para uma eventual retomada das atividades da construção naval. Ele observa universidades, institutos federais de ensino e pesquisa, além do sistema ‘S’, com cursos para formar e requalificar profissionais desta área, em caso de uma grande mobilização da construção naval no país.
Ele avalia que, se necessário, o setor tem condições de estruturar programas de qualificação e formação de mão de obra e desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação dentro desse campo. “Centros de pesquisa, parques tecnológicos e centros de inovação estão preparados porque já fizemos isso no passado”, afirmou Giroldo, na última terça-feira (4), durante o lançamento da frente parlamentar mista em defesa da indústria naval, em Brasília.
O professor considera que a indústria naval brasileira tem um histórico de sucesso, com entrega e ativos de qualidade. Giroldo mencionou que o país alcançou os atuais níveis de produção de petróleo com contribuição de plataformas construídas em estaleiros nacionais por profissionais brasileiros. “A qualidade da nossa força de trabalho, do ajudante até o engenheiro, é inquestionável. Temos entregas para mostrar isso, não é invenção de ninguém e parte do processo tem a ver com o grande programa de qualificação e formação de mão de obra”, disse.
Giroldo alertou para a necessidade de o quanto antes, haver um panorama das novas encomendas e de ser apresentado um plano de formação e qualificação associado a um programa de inovação, ciência e tecnologia. “É importante que possamos construir um marco regulatório robusto que proteja a indústria e o povo brasileiro dos solavancos irresponsáveis que, infelizmente, testemunhamos”, analisou. O reitor da Furg acrescentou que é importante que esse planejamento inclua a formação de mão de obra marítima.
Durante a sessão, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos na Pesca e nos Portos (Conttmaf) e do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar), Carlos Müller, sugeriu que a frente parlamentar coloque na agenda a necessidade de analisar de que forma os recursos destinados à autoridade marítima sejam excepcionalizados para que efetivamente sirvam para capacitar marítimos e portuários. Ele ressaltou que a marinha mercante e a construção naval não se sustentam apenas com a construção.
Müller disse que a Marinha tem um papel importante na formação de marítimos no Brasil, porém apontou que, nos últimos quatro anos, os recursos destinados à formação de marítimos foram completamente contingenciados e retirados do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Profissional Marítimo (FDEPM). “Como se espera que a Marinha do Brasil faça o papel dela de formação de marítimos sem recursos?”, criticou.