Para presidente da câmara setorial da Abimaq, quantidade estimada para programa para obtenção dos NPa500-BR daria escala para organização da cadeia produtiva no longo prazo
A Câmara Setorial de Equipamentos Navais, Offshore e Onshore da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (CSENO/Abimaq) vê no programa de navios-patrulha de 500 toneladas da Marinha do Brasil um grande potencial para a construção de embarcações e para a participação da indústria local. Para o diretor-presidente da CSENO, Leandro Nunes Pinto, a construção de 12 a 19 unidades estimada para os ‘NPa500-BR’ representaria um movimento que daria escala a toda a cadeia produtiva.
“Com essa quantidade de unidades, mais do que nunca, se conseguiria planejar a indústria local no longo prazo para atender esse programa”, avaliou, em entrevista à Portos e Navios. Pinto considera que houve evolução dos processos para obtenção de novos meios navais da esquadra, desde o programa de submarinos, até o programa de fragatas classe Tamandaré (PFCT), o que pode contribuir com o sucesso e dar perenidade para uma futura carteira para construção de navios-patrulha.
“No Prosub, algumas empresas conseguiram suprir com conteúdo local. Isso se ampliou com o [programa de fragatas] Tamandaré e tende a se ampliar mais com o NApAnt [navio de apoio Antártico]. Com os barcos patrulha, esperamos que se ampliem mais essas capacidades”, comentou. A CSENO acompanha outras discussões que estão em curso na Marinha, como a necessidade de navios-patrulha oceânicos (Napaoc) de 1.800 toneladas. Ele explicou que já existe um escopo inicial, mas o projeto será detalhado futuramente pela força naval.
A ideia, segundo Pinto, é dialogar com a indústria o que já existe disponível no mercado para poder apoiar e aumentar a participação local desde o início da concepção do projeto. “Existe hoje a iniciativa da câmara [de nacionalização da Emgepron — Empresa Gerencial de Projetos Navais] de nos aproximar da diretoria da Marinha responsável para encorajar essa discussão técnica, uma vez que eles [Emgepron] serão projetistas dessa embarcação”, disse.
Os fornecedores também vislumbram novas possibilidades de fornecimento, caso a Marinha decida ampliar o atual número de fragatas a serem construídas. O PFCT prevê quatro unidades, mas em algumas oportunidades a força naval sinalizou que outras duas unidades poderiam ser acrescidas ao programa. Caso a Marinha contrate novas unidades, a indústria teria a chance de tentar contribuir com o aumento do conteúdo local em relação às primeiras unidades.
Recentemente, membros da CSENO visitaram o Estaleiro Jurong Aracruz (EJA), no Espírito Santo, a fim de uma aproximação com a ‘SPE Polar 1’, sociedade de propósito específico responsável pela construção do navio polar (NApAnt) no empreendimento. O presidente da câmara setorial contou que, apesar de o grupo Sembcorp, que lidera o consórcio vencedor, passar por momento de transição, o canal foi aberto e as empresas já tiveram acesso aos formulários para propor o fornecimento de alguns itens. “O processo está andando. É uma embarcação só, sabemos que é mais difícil para a indústria se programar para um requerimento tão específico. Estamos avaliando a possibilidade de fornecer equipamentos da indústria local.
Outra oportunidade no radar dos fornecedores são navios ‘contra minagem’, equipados com sonar para procurar e desativar minas que representem risco para o tráfego de submarinos. A Marinha não anunciou se fará aquisição dessa embarcação de varredura no exterior, já que o Brasil não detém essa tecnologia, ou se promoverá processo semelhante ao das fragatas. Neste caso, há possibilidade de fornecedores locais buscarem parceiros estrangeiros para tentar fornecer itens para um eventual projeto.