Luis Araujo assumiu em agosto a presidência da Aker Solutions na Noruega, grupo que faturou US$ 7,29 bilhões em 2013 atendendo o setor de petróleo e gás
O aumento da atividade da indústria de óleo e gás no Brasil a partir do pré-sal tem efeitos não apenas no maior número de encomendas, e receitas, das empresas do setor, como também na carreira dos executivos. Agora, ao invés de estrangeiros expatriados comandando as operações no Brasil, um brasileiro faz o caminho inverso. Em agosto, Luis Araujo assumiu a presidência da Aker Solutions na Noruega, sendo o primeiro não norueguês a ocupar o cargo no conglomerado que teve receita de US$ 7,29 bilhões e lucro líquido de US$ 215 milhões no ano passado.
Ao trocar o Rio de Janeiro por Oslo no mês passado, Araujo passou a presidir uma das empresas resultantes da cisão da Aker Solutions, que teve as unidades de tecnologia de perfuração, serviços em campos petrolíferos e sistemas de processo reunidas em uma empresa de serviços, a Akastor, que teve capital aberto na bolsa de Oslo. Já a Aker Solutions ficou com as divisões de equipamentos submarinos, umbilicais, engenharia e manutenção, que representam dois terços da empresa original, que Araujo já presidia no Brasil.
“O desmembramento foi feito para focar as atividades porque a empresa ficou muito grande”, disse Araujo, ao Valor PRO, serviços de informações em tempo real do Valor. “Agora a empresa vai se tornar menos intensiva em capital, agora os clientes vão ser apenas as companhias de petróleo”, completou o executivo.
Araujo disse que a Aker não faz mais contratos na modalidade de EPC (engenharia, aquisição de equipamentos e construção). “Acreditamos que vamos agregar mais valor com as duas empresas, e também vai ficar mais fácil gerenciar riscos e dar um foco maior nos negócios”, completou.
O Brasil tem posição relevante na carteira de clientes da Aker. No momento, a empresa está investindo R$ 500 milhões na construção de uma fábrica em São José dos Pinhais e outra em Macaé, destinada à produção de equipamentos de perfuração. As duas fábricas ficarão prontas até abril de 2015. É o maior investimento da companhia fora da Noruega atualmente.
Existem no Brasil hoje 34 sondas com equipamentos da Aker – alguns adquiridos nos Estados Unidos. A expectativa é de crescimento desse número, devido à concentração de equipamentos vendidos para operação da Petrobras em águas profundas. Hoje, o Brasil responde por apenas 10% do faturamento global da Aker Solutions. Mas, segundo Araujo, o aumento da participação dos negócios no país depende apenas da Petrobras. A Noruega responde por 50% do faturamento da companhia, que também possui grandes contratos na África, para atender as petroleiras Shell, BP, BG e ExxonMobil.
A Aker Solutions recebeu da Petrobras encomendas gigantescas para o pré-sal, divididas em lotes. Ao todo, os contratos preveem a entrega de 108 árvores de natal molhadas – como é chamado o conjunto de válvulas de grande porte que controla a vazão dos poços no fundo do mar – que vão custar US$ 1,2 bilhão. Já foram entregues 19 equipamentos para o campo de Sapinhoá e oito para o campo de Lula, ambos na Bacia de Santos, e faltam ser entregues outros 81.
A empresa não informa o valor dos contratos, mas o último lote, de 60 árvores de natal, para áreas variadas do pré-sal, foi de US$ 900 milhões. O valor é mais alto que os US$ 300 milhões cobrados pelas 40 primeiras unidades, que foram entregues com atraso e que custou à Aker o pagamento de R$ 171,5 milhões em multas em 2012.
“Nesse processo, em vez de desistirmos do Brasil, decidimos fazer duas fábricas no país”, disse Araujo.“Desde novembro de 2011 entregamos tudo no prazo e estamos agora numa posição bastante confortável”, completou ele.
A empresa ganhou ainda contrato para construção de oito “manifolds” – tubulação com várias aberturas e conexões para movimentação de fluidos instalada no fundo do mar – que vão alternar a injeção de água e gás para aumentar a recuperação de óleo em campos em águas profundas. O valor desse contrato é de US$ 300 milhões e o início da entrega está prevista para 2016.
Fonte: Valor Econômico – Cláudia Schüffner e Rodrigo Polito, do Rio