Representantes e convidados da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Naval visitaram, na última sexta-feira (6), estaleiros de Rio Grande e São José do Norte. O objetivo foi conhecer as instalações, verificar as atividades e andamento e discutir as perspectivas de novas encomendas e serviços para que o polo naval do Rio Grande do Sul aumente a carteira e gere mais empregos. Um dos desafios é a capacitação da mão de obra para caso de aumento de demanda.
O diretor operacional do Estaleiro Rio Grande (ERG), Ricardo Ávila, apresentou a estrutura, detalhou o funcionamento das linhas de produção e chamou a atenção para a necessidade de formação de mão de obra visando o atendimento das demandas futuras do setor. Segundo Ávila, a mão de obra é suficiente para a retomada, mas é preciso pensar no futuro. “Temos que começar a formar os profissionais que atuarão nos próximos anos, para atender a grande demanda anunciada pelo mercado”, disse.
O ERG vem trabalhando com o reparo de embarcações, como o serviço concluído recentemente para a sonda ODN I, da Foresea, que envolveu quase 700 trabalhadores. Em novembro, o estaleiro administrado pelo grupo Ecovix receberá a plataforma P-32, da Petrobras, para desmantelamento completo, que deverá gerar cerca de 200 novos postos de trabalho, num processo que levará de 8 a 10 meses. A sucata metálica será utilizada como matéria-prima para produção de aço pela Gerdau, parceira da Ecovix no certame.
A frente deverá divulgar, até o fim de 2023, um relatório detalhando as ações já efetuadas pelo grupo, juntamente com um diagnóstico e pleitos das medidas necessárias para recuperar o setor no país. As visitas aos estaleiros EBR e Rio Grande e a reunião pública que aprofundou os debates sobre a pauta fazem parte de uma série de encontros técnicos que a frente promove nos principais polos navais do país.
O presidente da Frente, deputado Alexandre Lindenmeyer (PT-RS), voltou a defender a necessidade de instituir uma política de Estado perene para o setor, protegendo a cadeia produtiva de eventuais mudanças de governo. Ele destacou a capacidade instalada e a possibilidade de retomada imediata das atividades de construção. “Os estaleiros de Rio Grande e São José do Norte estão preparados para a retomada do polo naval”, afirmou o parlamentar. Ele destacou os mais de 60.000 toneladas/ano de capacidade de processamento de aço do ERG, que receberá uma plataforma para desmantelamento e destinação sustentável, conforome regras da Petrobras, já no mês que vem.
O reitor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Danilo Giroldo, chamou a atenção para a necessidade de um arcabouço de garantias para o setor. “Estou satisfeito por fazermos parte dessa mobilização em favor da indústria naval, reunindo diversos setores, as frentes parlamentares e todo o envolvimento para impulsionar o desenvolvimento econômico e social”, disse Giroldo.
Além de parlamentares, políticos locais e de representantes da indústria, os eventos com membros de sindicatos de trabalhadores, Transpetro, Petrobras, Marinha do Brasil, e Emgepron. O presidente do sindicato dos metalúrgicos local, Benito de Oliveira Gonçalves, acredita que a formação de mão de obra será ampliada à medida que os estaleiros voltarem a construir navios e plataformas. O secretário-executivo do Sinaval, Sérgio Leal, acrescentou que forças que estavam dispersas agora se reuniram a fim reerguer a indústria e gerar empregos e desenvolvimento.