Construção naval em estaleiro (foto de Stérfeson Faria, Petrobras)

Críticos da indústria naval querem regredir 5 séculos

  • 08/02/2024

Não é oposição apenas à indústria naval, mas a todo e qualquer projeto nacional de desenvolvimento autônomo

A decisão do governo Lula em apoiar a indústria naval pôs em pé de guerra alguns integrantes da mídia. A oposição – que, diga-se, atinge todo e qualquer apoio à indústria nacional de qualquer setor – une o que o genial Nelson Rodrigues definiu com complexo vira-latas à defesa de interesses que vão contra um projeto nacional; muito mais estes últimos do que o primeiro.

Ariovaldo Rocha, presidente do Sinaval (sindicato nacional que representa o setor naval), ensina, em comunicado, que não se pode confundir produtividade com competitividade. “A produtividade está relacionada à parte intramuros do estaleiro, e nela a indústria naval e offshore nacional já se mostrou altamente capaz de atingir níveis comparáveis aos da Coreia do Sul.”

 

Frente Parlamentar da Indústria Naval visita o estaleiro Renave (foto de Evelyn Lee, divulgação)

O Estaleiro Atlântico Sul, na construção de 10 navios para a Transpetro, há poucos anos, “contou com dois fatores essenciais para alcançar um alto índice de produtividade: perenidade e previsibilidade, que, infelizmente, foram interrompidos nos últimos anos”.

“Já a competitividade está relacionada com fatores extramuros, tais como as questões estruturantes relacionadas ao Custo Brasil e aos subsídios internacionais de proteção de mercado”, explica Rocha.

O fato é que a indústria naval brasileira já demonstrou sua competência e só não faz mais porque nunca integrou um plano de Estado, ficando dependente da maré do governo da ocasião. Se os planos tivessem implementação contínua, a posição mundial do Brasil seria de destaque.

Como lembra o Sinaval, países da Europa e mesmo da Ásia também não conseguem competir com a China, porém “possuem mecanismos que garantem que a construção de determinados tipos de embarcações seja realizada localmente, mesmo que a um custo mais alto, garantindo perenidade nas encomendas, no emprego e na renda para a população”.

Nos EUA – longe de ser uma república de jabuticabas – qualquer navio, para operar nos portos e na costa norte-americana, deve ser construído nos EUA e ter bandeira americana, devido ao Jones Act, um mecanismo de proteção centenário.

“Isso tem uma razão muito óbvia: a indústria naval e offshore em todo o mundo é considerada de importância estratégica e é apoiada e incentivada por seus governos”, lembra Rocha.

Com uma costa de quase 11 mil km de extensão, seria um crime o Brasil não ter uma indústria naval desenvolvida. As primeiras embarcações de modelo europeu foram construídas aqui em 1531, no Rio de Janeiro; o primeiro estaleiro foi oficialmente organizado em Salvador no final do século 16. Há pessoas querendo fazer o País regredir 5 séculos.

Fonte: Monitor Mercantil – Marcos de Oliveira
08/02/2024|Seção: Notícias da Semana|Tags: , , |