Companhia avalia que existem muitos fornecedores do setor de O&G migrando para outras áreas, gerando dificuldade em algumas contratações e aumento de preços em projetos.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, identifica a tendência global de uma ‘inflação estrutural’, dada a escassez de fornecedores na indústria naval mundial para o setor de petróleo e gás. Ele observa que, em todo mundo, existem muitos fornecedores do setor de O&G, offshore e onshore, migrando para outras áreas. Segundo Prates, o setor inteiro está preocupado e a Petrobras tem interesse estratégico de manter um alcance mais direto de fornecedores de serviços em território nacional.
“Aquele período onde ficávamos aguardando empresas chegarem, de grandes licitações com 12 a 15 concorrentes para qualquer coisa acabou. Hoje, temos dificuldades de atender várias licitações. Aparecem um ou dois, ou sempre os mesmos fornecedores para fazer parte dos processos”, disse na última semana, durante o evento ‘Fortalecimento da indústria naval nacional e o setor energético offshore’, promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), no Rio de Janeiro.
Na ocasião, ele afirmou que Petrobras é e deve manter-se como a maior demandante de FPSOs no mundo, com fronteiras offshore e projetos ao longo da costa brasileira. “Temos que nos preocupar, sobremaneira, de estarmos mais próximos dos nossos fornecedores e isso inclui o critério geográfico”, afirmou Prates, ressaltando que o melhor preço sempre será um dos critérios levados em conta pela companhia.
O presidente da Petrobras destacou que as formas de contratar da empresa são indutivas ao conteúdo local, e não compulsórias. O objetivo, segundo Prates, é induzir conteúdo local, sem forçar a barra ou ser anti competitivo, minimizando a inflação estrutural no setor por falta de fornecedores. Ele contou que a empresa percebeu a importância de ter algum controle ou alguma participação em relação aos suprimentos, inclusive quanto a fornecedores de FPSOs e de instalações submarinas.
Prates comparou um FPSO a uma ‘ilha’ ou a uma ‘cidade offshore’, que tem partes e componentes construídos em vários lugares, por exemplo, como a indústria automotiva. O presidente da Petrobras entende que também é necessário avançar na parte de políticas públicas, com um conjunto de medidas nas áreas econômica, fiscal, financiamento, comércio exterior, que vem sendo discutido e tem a promessa do governo de avançar nos próximos meses.