Marinha do Brasil realiza primeiro corte de chapa para o SCPN “Álvaro Alberto”

  • 18/06/2024

E avança na construção do Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear. O Corte da Seção C Preliminar do casco resistente representa um passo relevante para o início da construção do Submarino, previsto para 2025.

A Marinha do Brasil (MB) realizou o primeiro corte de chapa, para a construção das cavernas da Seção C Preliminar, do casco resistente do Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear (SCPN), o “Álvaro Alberto”, nas instalações da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), no Complexo Naval de Itaguaí (RJ), no dia 14 de junho (sexta-feira). Com início da construção previsto para 2025, o SCPN “Álvaro Alberto” é o objeto precípuo do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que representará um incremento, sem precedentes, no Poder Naval brasileiro e, em decorrência, na Defesa Nacional. O corte da chapa, ocorrido esta semana, representa a retomada da construção de cascos resistentes pela Itaguaí Construções Navais (ICN), sendo um importante marco no processo construtivo do Submarino, em especial, porque a Seção C corresponde à região onde haverá a geração de energia propulsiva, impactando diretamente em sua complexidade estrutural. A Seção C Preliminar consiste em uma das atividades críticas ao longo do processo construtivo, representando a primeira atividade de construção do casco, como o resultado parcial do processo de homologação obtido até o momento.

A tarefa foi iniciada pelos operários da Itaguaí Construções Navais (ICN), com a presença de representantes da Marinha do Brasil, como Autoridade de Projeto. Participaram integrantes da Coordenadoria-Geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear, da Secretaria Naval de Segurança Nuclear e Qualidade e da Diretoria de Engenharia Naval.

Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear

No âmbito do Prosub, o desenvolvimento tecnológico e a construção do primeiro Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear, objeto principal de todo o Programa, representa diferentes desafios para o Brasil. Trata-se de um meio naval que demanda alta tecnologia e congrega a complexidade, inerente ao projeto de um submarino, assim como os desafios de desenvolver a tecnologia nuclear para o projeto e a fabricação do seu reator e de toda Planta Nuclear Embarcada (PNE).

Em Iperó (SP), a MB constrói o laboratório de geração de energia nucleoelétrica, com o objetivo principal de validar, de forma segura, a operação do reator de propulsão naval e dos diversos sistemas eletromecânicos e de controle a ele integrados.

Esse laboratório é um projeto de desenvolvimento único e inédito no País, que envolve desafios, pesquisas e inovação, realizados por brasileiros. Ao final dos testes, um reator similar ao certificado será montado e instalado no Submarino “Álvaro Alberto”, desta vez, no Complexo Naval de Itaguaí. Nesse complexo também serão construídas as instalações e os diques secos, específicos para o processo construtivo e para a manutenção dos submarinos com propulsão nuclear. Todo esse desenvolvimento nacional possui a capacidade de proporcionar arrastos tecnológicos e benefícios em diversas áreas de interesse da sociedade brasileira.

No contexto do Ciclo do Combustível Nuclear, o domínio do enriquecimento de urânio, conquistado em 1988, com tecnologia 100% brasileira e que vem sendo aprimorada ao longo dos anos, contribui com a produção de equipamentos para a empresa Indústrias Nucleares do Brasil.

A participação das universidades, dos institutos de pesquisas e da indústria nacional na execução das atividades do Prosub assegura a disseminação no Brasil de conhecimentos essenciais ao setor nuclear. Sob o ponto de vista social, contribui para a promoção de benefícios na área de saúde, agricultura e segurança alimentar, com destaque também na capacitação de técnicos e engenheiros em área sensível do conhecimento, como a nuclear.

Durante o evento, o presidente da Itaguaí Construções Navais (ICN), Renaud Poyet, destacou a satisfação de fazer parte deste dia junto a todos os responsáveis por atingir esta grande conquista. — O Brasil está dando um passo que vai elevar a nossa tecnologia ao nível de países como a França, os Estados Unidos, a China, a Inglaterra e a Rússia. E a Marinha do Brasil no comando deste moderno submarino terá todas as condições de proteger o vasto litoral brasileiro — disse o presidente Poyet.

O diretor-geral Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, almirante de esquadra Petronio Augusto Siqueira de Aguiar, acompanhado do Presidente da ICN e do Coordenador-Geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear, vice-almirante (engenheiro naval da Reserva) Sydney dos Santos Neves, realizou o acionamento do dispositivo de corte, dando início à nova etapa de construção.

Na sequência, o almirante Petronio destacou o extraordinário salto tecnológico que o Programa representa para o Brasil, contribuindo de forma substancial para que o setor de defesa atinja um patamar estratégico relevante em proveito dos legítimos interesses do Estado brasileiro. — Navegamos, devidamente abalizados, rumo à conquista de um sonho, o Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear, uma aspiração legítima para um País com vocação em garantir sua soberania, defender as suas riquezas e o seu povo — afirmou o diretor-geral.

A soldadora Danusa Morais comenta que se sente extremamente orgulhosa em fazer parte do Prosub. — Fomos capacitados aqui no ICN já que a solda que será utilizada no SCPN exige capacitação específica e muita qualidade —.

De acordo com a doutora Inayá Corrêa Barbosa Lima, professora do curso de Engenharia Nuclear da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PEN/Coppe/UFRJ), a participação das universidades e dos institutos de pesquisas nas atividades do Prosub assegura a disseminação do conhecimento do setor nuclear no País, possibilitando a retenção de capital intelectual evitando a “fuga de cérebros” da nação brasileira”.

Prosub — Com o fim de proteger a Amazônia Azul e garantir a soberania brasileira no mar, a MB tem procurado investir na expansão da Força Naval e no desenvolvimento da indústria de defesa. A Estratégia Nacional de Defesa, lançada em 2008, estabeleceu que o Brasil dispusesse de uma “força naval de envergadura”, o que motivou a concepção do PROSUB com a construção de quatro submarinos com propulsão diesel-elétrica em território nacional. Além da modernização da Força de Submarinos da MB, o Programa propiciará a capacitação do País para a construção do seu primeiro Submarino Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear.

Desde então, já foram prontificados os submarinos “Riachuelo” (S40) e “Humaitá” (S41) e o “Tonelero” (S42). Ainda estão previstas a entrega de mais um submarino convencional, o “Angostura” (S43); e a construção do Submarino Brasileiro Convencionalmente Armado com Propulsão Nuclear “Álvaro Alberto”.

Agª Marinha – Fator Brasil
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