Prestes a completar 60 anos de atuação, o Grupo Bravante está realizando novos movimentos para ampliar sua presença na cadeia de serviços de apoio à produção de energia. A ideia da companhia é fortalecer sua marca e realçar a atuação do grupo em cinco diferentes nichos de mercado: bunkering, construção e reparo naval, proteção ambiental, apoio marítimo e tecnologia subsea. Em entrevista ao Petronotícias, a Gerente Comercial Offshore e de Comunicação & Marketing do Grupo Bravante, Luanny Brandão, detalhou as perspectivas de novos negócios em cada um dos segmentos de atuação da empresa. Um destaque especial fica para a área de reparo naval. O grupo opera o Estaleiro São Miguel, em São Gonçalo (RJ), que em 2023 teve 95% de ocupação de seus diques. Além disso, no setor de reparo naval, a Bravante Offshore opera 17 embarcações próprias, todas com contratos vigentes, além de afretar outras quatro embarcações. “Até o final do ano, vamos trazer mais duas embarcações da Indonésia, nas quais vamos atuar como EBN (Empresa Brasileira de Navegação), para contratos com a Petrobrás”, disse a executiva. A entrevistada também reforçou o sentimento de otimismo com o mercado brasileiro. “Estou na Bravante há 12 anos e acredito que este é o melhor momento do mercado desde a descoberta do pré-sal. Temos observado um grande interesse de armadores estrangeiros em retornar às operações no Brasil”, concluiu.
Como a empresa está se posicionando no mercado de óleo e gás?
Recentemente, participamos da feira ROG.e, com o objetivo de fortalecer nossa marca. O Grupo Bravante é a holding de cinco negócios, e ao longo dos anos, percebemos que algumas dessas marcas estão mais consolidadas que outras. Estamos realizando um reposicionamento para unificar e fortalecer a marca “Grupo Bravante”, destacando-nos como um one-stop shop, que oferece uma variedade de serviços aos nossos clientes.
Gostaria de destacar um dos negócios da companhia?
Eu diria que o Estaleiro São Miguel é o nosso negócio mais forte no momento. Muitas empresas estão buscando reativar embarcações que estavam paradas ou realizar docagens de classe. No ano passado, o estaleiro operou com 95% de ocupação dos diques. Hoje, realizamos reparos tanto na frota do Grupo Bravante quanto para empresas terceirizadas. Então, de fato, o estaleiro está extremamente movimentado com essa demanda por reparos.
O grupo também atua no segmento de apoio marítimo. Poderia nos contar um pouco das novidades dentro desse setor?
A Bravante Offshore opera 17 embarcações próprias, todas com contratos vigentes. Além disso, temos outras quatro embarcações que não pertencem ao grupo. Uma delas, da Halliburton, começará um contrato com a Petrobras no final do ano. Estamos realizando a gestão náutica dessa embarcação, atuando como EBN. Com o déficit de embarcações no Brasil, temos observado um interesse crescente de armadores estrangeiros em retornar ao mercado brasileiro. Para operar aqui, eles precisam de uma EBN parceira. Até o final do ano, vamos trazer mais duas embarcações da Indonésia, nas quais vamos atuar como EBN, para contratos com a Petrobrás.
E quais são os demais negócios da empresa?
Temos a Navemestra, que é nossa empresa de bunkering e atualmente o maior player desse segmento no Brasil. Operamos em oito bases distribuídas por sete estados – incluindo duas no Rio de Janeiro, uma no Rio e outra no Porto do Açu. Temos contratos com empresas como Petrobras, Raízen, Ipiranga, Vibra e Monjasa. O combustível não é nosso, ele pertence ao cliente, e nós fornecemos a barcaça para fazer o abastecimento em áreas abrigadas. A barcaça transporta o diesel até a embarcação, seja no porto ou na Baía de Guanabara, para realizar o abastecimento. Atualmente, operamos com 50 embarcações, sendo metade afretada e a outra metade própria. Além do abastecimento, também oferecemos serviços de armazenamento de diesel.
A Hidroclean atua na área de proteção ambiental e é credenciada pelo The Nautical Institute. Oferecemos treinamentos como IMO-1, IMO-2 e IMO-3, além de planos de emergência e simulados para grandes clientes como bp e Total. A HydroClean está presente nos principais portos do Brasil, realizando cercos preventivos durante operações de abastecimento e também vendendo e alugando equipamentos, como barreiras e recolhedores de óleo, para controle de derramamentos.
Por último, temos a RRC, nossa empresa de tecnologia e inovação, que está desenvolvendo um grande projeto na área de descomissionamento, um nicho de mercado com grande potencial de crescimento nos próximos anos. A empresa possui uma base operacional em Macaé, onde dispõe de um simulador e oferece treinamentos para trainees de ROV. A RRC tem se destacado no descomissionamento, simulando o leito marinho para que os clientes possam se preparar adequadamente antes das operações.
Como estão as perspectivas do grupo com o mercado brasileiro?
Estou na Bravante há 12 anos e acredito que este é o melhor momento do mercado desde a descoberta do pré-sal. Temos observado um grande interesse de armadores estrangeiros em retornar às operações no Brasil. No passado, muitos agentes do mercado estavam céticos quanto ao Brasil, mas atualmente estão dispostos a atuar no país. As taxas nas licitações da Petrobras melhoraram, o que tem atraído esses armadores.
O mercado brasileiro, especialmente no setor de afretamento de embarcações, se destaca como uma das principais potências do mundo em termos de taxa diária e demanda por embarcações. A Petrobras está realizando duas licitações para a construção de 12 PSVs e 10 OSRVs, o que tem chamado bastante a atenção. Como o mercado nacional está há muito tempo sem construir, as embarcações brasileiras já não são suficientes para atender à demanda. Por isso, estamos vendo esse movimento da Petrobras para fomentar a indústria naval e o retorno dos armadores.