Em evento, painelistas destacaram grandes quantidades de aço em ativos no final do ciclo operacional e perspectivas de atividades em embarcações civis e militares no Brasil, a partir da adesão do país à Convenção de Hong, que entra em vigor em 2025.
Com grandes quantidades de aço a serem recicladas e com a expectativa de uma legislação mais robusta, o Brasil tem a oportunidade de se tornar um hub de reciclagem sustentável de plataformas e embarcações. A avaliação dos agentes setoriais é que atingir essa posição passa pela necessidade de capacitar mão de obra especializada e desenvolver tecnologias que garantam segurança e eficiência no processo de descomissionamento, além de estimular parcerias entre os setores de energia e da construção naval.
No primeiro dia do Workshop sobre Mapeamento de Capacidade Tecnológica para a Reciclagem Sustentável de Plataformas Offshore, nesta quinta-feira (17), os painéis chamaram atenção para as perspectivas para a reciclagem de embarcações civis e militares no Brasil, a partir da adesão do país à Convenção de Hong Kong, que estabelece diretrizes para a reciclagem de embarcações de forma segura e ambientalmente responsável. A Convenção de Hong Kong, que entrará em vigor em 2025, exige que navios destinados à reciclagem sejam processados em instalações certificadas, com foco na segurança dos trabalhadores e na preservação ambiental.
O representante da Marinha do Brasil, Sidney da Silva Pessanha, disse que, no processo de internalização da convenção, o Brasil precisará adaptar suas legislações para atender às exigências internacionais, além de preparar estaleiros e outras instalações para cumprir as novas normas. “O Brasil tem uma legislação robusta e moderna, e com a internalização da Convenção de Hong Kong, estaremos alinhados às principais práticas globais de reciclagem”, afirmou. no evento, organizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro.
O gerente de descomissionamento da SBM Offshore, Marcelo Dourado, também observa uma série de oportunidades para o Brasil na atividade de reciclagem de plataformas. A empresa enxerga o Brasil como o terceiro maior mercado de descomissionamento mundial. Dourado ressaltou a necessidade de conformidade com as regulamentações europeias, como a EU Ship Recycling Regulation, que estabelece parâmetros semelhantes à Convenção de Hong Kong. “Precisamos garantir que o processo de descomissionamento seja seguro e sustentável, preservando não só o ambiente, mas também a saúde dos trabalhadores envolvidos”, afirmou.
Os especialistas avaliam que grande parte da frota brasileira ainda é enviada para a Ásia para desmantelamento. Em relação ao desmantelamento de embarcações militares, a Marinha do Brasil, em parceria com a Emgepron, busca alinhar suas operações com as novas diretrizes globais de reciclagem. A criação de clusters de empresas voltadas para esse mercado no Brasil, em regiões como Rio de Janeiro e Nordeste, é considerada uma solução viável para reduzir custos e aumentar a competitividade do país nesse setor.