Fundo de Cingapura amplia presença no Brasil

  • 22/05/2014

Economia em ritmo lento, protestos nas ruas e incertezas relacionadas ao processo eleitoral. O cenário que afugentou parte dos investidores internacionais do país desde o ano passado não mudou os planos do fundo soberano de Cingapura (GIC) para o Brasil.

“Todos os países enfrentam desafios”, resume Lim Chow Kiat, chefe de investimentos do fundo, em entrevista concedida no escritório brasileiro da instituição na manhã de ontem, em meio ao segundo dia de uma greve de motoristas de ônibus em São Paulo.

O GIC possui US$ 315 bilhões em ativos sob gestão, de acordo com dados do Sovereign Wealth Center. O executivo não confirma o valor, mas diz que a América Latina responde hoje por aproximadamente 4% dos investimentos, a maior parte dos quais no Brasil.

De olho em oportunidades na consolidação de indústrias e no aumento da renda da população, o fundo pretende ampliar os investimentos no país, segundo Lim. A unidade brasileira, inaugurada no início de abril, é a nona do GIC fora de Cingapura.

Criado para administrar parte das reservas internacionais do pequeno país localizado no Sudeste Asiático, o GIC começou a investir no Brasil no fim dos anos 1990. Entre os investimentos locais do GIC estão a produtora de alimentos BRF – realizado ao lado da brasileira Tarpon – e a varejista online de artigos esportivos Netshoes. O fundo de Cingapura também integra o consórcio que participou da capitalização de US$ 1,8 bilhão do BTG Pactual, em 2010.

Para o executivo, períodos de instabilidade nos mercados como os que ocorreram no ano passado, com a sinalização do fim dos estímulos monetários nos Estados Unidos, representam uma oportunidade para o fundo. O perfil de longo prazo vem acompanhado de mais flexibilidade nos investimentos, de acordo com o executivo. O tamanho do cheque também pode variar conforme a necessidade das companhias e avaliação do fundo. “Temos condições de comprometer um volume maior de capital”, afirma Lim.

No Brasil, o executivo do GIC vê oportunidades em setores como os de saúde, serviços financeiros e logística, que segundo o executivo devem se beneficiar da tendência de longo prazo de aumento do poder aquisitivo da população brasileira. O GIC vê ainda espaço para que várias indústrias que hoje atuam em mercados fragmentados se consolidem, e pretende participar desse processo.

A unidade do Brasil será a base do GIC para investimentos na América Latina. O fundo também avalia oportunidades em países como o México, segundo Wolfgang Schwedtle, executivo responsável pelo escritório no país.

Fonte: Valor Econômico – Vinícius Pinheiro | De São Paulo

 

22/05/2014|Seção: Notícias da Semana|Tags: |