Cresce demanda por verbas para inovação

  • 21/05/2014

A redução no ritmo da economia brasileira não está afetando a demanda por recursos para inovação. A avaliação é do diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Rodrigo Fonseca, para quem o empresariado brasileiro entendeu que, mesmo em períodos de crise, a saída é investir em inovação para se tornar mais competitivo. É o que ele chamou de “investimento seletivo”.

Apenas este ano a Finep recebeu R$ 8 bilhões em pedidos de financiamento, dos quais aproximadamente metade, R$ 4 bilhões, foram aprovados. Outros R$ 10 bilhões estão em análise. “Ao contrário de outros [termômetros], nosso indicador não é de redução, mas de aceleração. A demanda este ano é muito maior do que tivemos em 2013”, afirmou Fonseca, em entrevista exclusiva ao Valor.

O apetite dos empresários também é visível no âmbito do Inova Empresa, que este ano já recebeu R$ 93,4 bilhões em pedidos de financiamento, três vezes o orçamento estimado de R$ 32,9 bilhões para o período. Criado em 2011 pelo governo federal, o plano é uma parceria com recursos de Finep e BNDES, com linhas de apoio a setores considerados prioritários.

O Inova Sustentabilidade, por exemplo, teve demanda inicial por financiamentos de R$ 8,4 bilhões, quatro vezes superior ao orçamento do programa, de R$ 2 bilhões. Após as primeiras etapas de avaliação dos projetos inscritos, as equipes pré-selecionaram R$ 5 bilhões em planos de negócios financiáveis, e Fonseca admite que, em função da demanda surpreendente, o volume desembolsado pelo Inova Sustentabilidade pode ser maior do que o orçamento previsto.

“É uma determinação da diretoria da Finep e do BNDES não deixar bons projetos sem apoio”, afirmou. Atualmente, o programa está na etapa de seleção de planos de negócios. O resultado final de quais empresas e projetos serão apoiados deve ser conhecido em 18 de junho.

As áreas listadas pelo governo como prioridades a serem atendidas dentro do Inova Empresa já foram atendidas, mas segundo Fonseca outros dois nichos foram identificados pela Finep como importantes: mobilidade urbana e educação. Por isso a instituição está negociando criar programas do tipo “Inova” nas duas áreas. Ele evitou estimar quando essas linhas deverão ser lançadas.

Outra prioridade no Ministério de Ciência e Tecnologia, que está sendo desenvolvida em conjunto com a Finep, é um plano para incentivar a ciência brasileira. O orçamento do programa, sem nome oficial definido, será de “pelo menos R$ 30 bilhões”.

“Estamos discutindo com a comunidade científica, com o setor produtivo e com o governo maneiras de alavancar a ciência brasileira, para colocá-la em outro patamar. Queremos reduzir a distância entre o que a ciência brasileira produz e a fronteira da ciência mundial”, disse Fonseca.

O plano ainda é preliminar, mas a ideia é aumentar o número de pesquisadores, a quantidade de artigos, dar apoio à pesquisa, à infraestrutura dos ICTs, apoiar o aumento do número de pesquisadores, trazer pesquisadores de fora para ajudar, reequipar laboratórios. A ideia é lançar o programa em agosto.

 Fonte: Valor Econômico – Elisa Soares | Do Rio

 

21/05/2014|Seção: Notícias da Semana|Tags: |