Ecovix encerra recuperação judicial e mira novos editais

  • 25/07/2025

Empresa, proprietária do Estaleiro Rio Grande (RS), avalia que concluiu capítulo da reestruturação, após quase 10 anos, e projeta novas oportunidades na indústria naval. Entre projetos já firmados está construção dos 4 Handy, em parceria com Mac Laren, que tem previsão de começar neste semestre

A Ecovix, proprietária do Estaleiro Rio Grande (ERG), não está mais em recuperação judicial, situação em que se encontrava desde 2016. Na sentença, publicada na última terça-feira (22), a juíza Fabiana Gaier Baldino, da 2ª Vara Cível de Rio Grande (RS), deu aval ao pedido para encerramento do processo. A magistrada entendeu que o processo está apto ao encerramento judicial, a fim de permitir que, após superadas as dificuldades, o grupo possa retornar ao mercado de forma independente, consolidando seu equilíbrio financeiro com maior celeridade e segurança.

A Ecovix avalia que concluiu o capítulo da reestruturação de forma responsável e agora projeta novas oportunidades na indústria naval. A empresa destacou que o encerramento da recuperação judicial reposiciona a empresa no mercado, facilitando o acesso a crédito, a seguros e a novos clientes — especialmente no setor privado. “A conclusão bem-sucedida fortalece a imagem institucional da Ecovix, melhora suas condições comerciais junto a instituições financeiras e abre caminho para novas oportunidades”, manifestou em nota.

O grupo ressaltou que segue atento ao mercado para buscar novas possibilidades de negócios, enquanto prepara o ERG para construir os 4 petroleiros classe Handy da Transpetro, que vão gerar cerca de 1.400 empregos no pico da operação. A Ecovix iniciará em breve a construção das unidades, que serão finalizadas no estaleiro Mac Laren, em Niterói (RJ), que é seu parceiro no consórcio vencedor deste contrato.

A Ecovix projeta a participação em novos editais da Transpetro e Petrobras, assim como a parceria com outros players do mercado. “A Bacia de Pelotas, por exemplo, tem potencial para dobrar a produção brasileira de petróleo. E pela proximidade, podemos ser um ponto estratégico para diversas operações na exploração dessas áreas”, avaliou José Antunes Sobrinho, acionista da empresa.

Na decisão, a juíza destacou que o término da recuperação revela que o objetivo maior previsto na Lei 11.101/2005 foi alcançado: viabilizar a situação de crise, “a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica”. O Ministério Público também foi favorável ao levantamento da recuperação, concluindo que houve o cumprimento das obrigações previstas no plano e manifestando-se pelo encerramento do processo.

“É um grande marco para a Ecovix. Foram anos de muito trabalho para chegarmos até aqui, sempre de maneira muito responsável. O dia de hoje é um novo e grande passo para a empresa, e que trará muitas novas oportunidades. Temos uma estrutura moderna e capaz de atender parceiros de todo o mundo na indústria naval”, celebrou Antunes Sobrinho.

A Ecovix entrou em recuperação judicial em 2016, durante a crise do setor naval e o encerramento de contratos para construção de embarcações, gerando um passivo de R$ 6 bilhões. Dois anos depois, o plano de recuperação foi aprovado pelos credores. A estratégia de negócios da Ecovix a partir da aprovação do plano foi buscar diversificar as atividades, mantendo as estruturas do estaleiro, que possui o maior dique seco da América Latina em operação.

Em 2021, a instalação recebeu para reparos o Siem Helix I, navio de estimulação de poços (WSV) que atua na Bacia de Campos. Em quatro anos, foram 25 embarcações que passaram por esse tipo de serviço no local, movimentando centenas de empregos. Em dezembro de 2023, o ERG recebeu para reciclagem a plataforma P-32 em seu dique seco. Nesse contrato, a Ecovix foi contratada pela Gerdau para desmantelar a embarcação, em um novo modelo de destinação sustentável promovido pela Petrobras.

Em fevereiro de 2025, foi assinado o contrato para a construção dos Handy da Transpetro, que terão de 15 mil a 18 mil toneladas de porte bruto (TPB). Os trabalhos levarão em torno de três anos e devem começar neste semestre, em um investimento de US$ 278 milhões.

Laurence Medeiros, sócio do escritório Medeiros Administração Judicial, destacou que a recuperação da Ecovix foi uma das maiores do Brasil e a maior do Rio Grande do Sul. Ele considera que a empresa está em um processo consistente de retomada das suas atividades, podendo voltar a gerar centenas de empregos.

Fonte: Portos e Navios – Danilo Oliveira
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