O Brasil apresentará, durante a COP30, em Belém, sua primeira embarcação movida a hidrogênio verde, reforçando o compromisso com soluções sustentáveis no transporte marítimo. O projeto é composto por duas embarcações, Explorer H1 e H2, sendo que a primeira será apresentada na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, marcada para novembro deste ano.
A iniciativa é desenvolvida pela JAQ Apoio Marítimo, unidade do Grupo Náutica, e pelo Parque Tecnológico Itaipu, com tecnologia da empresa chinesa GWM aplicada à produção e uso do hidrogênio verde. Os trabalhos começaram em maio de 2024 e devem ser concluídos em dois anos, com a chegada da Explorer H1 prevista para outubro.
A embarcação, que está sendo adaptada no Estaleiro INACE, em Fortaleza (CE), terá 36 metros de comprimento. Já a Explorer H2, com 50 metros, está sendo construída no Estaleiro do Arpoador, no Guarujá (SP), e será voltada para mergulho e coleta de dados hidrográficos e oceanográficos.
O setor de transporte marítimo é responsável por quase 3% das emissões globais de dióxido de carbono, segundo a Organização Marítima Internacional (IMO), e a substituição por tecnologias limpas é vista como uma resposta urgente às mudanças climáticas. A embarcação movida a hidrogênio tem eficiência entre 48% e 62%, contra até 30% dos motores a combustão fósseis.
Para operar, o projeto prevê a instalação de um posto de abastecimento de hidrogênio em Belém. O investimento total é de R$ 150 milhões. Segundo Daniel Cantane, gerente do Centro de Tecnologias de Hidrogênio do Itaipu Parquetec, a iniciativa representa um avanço tanto na inovação quanto na adaptação de sistemas como células a combustível, armazenamento, baterias e energia fotovoltaica.
As embarcações também terão função educativa, no primeiro momento, serão transformadas em laboratórios flutuantes e salas de aula tecnológicas, voltadas à pesquisa e à conscientização ambiental sobre os biomas brasileiros.
Segundo Ernani Paciornik, chairman da JAQ e presidente do Grupo Náutica, o projeto pretende demonstrar a viabilidade do hidrogênio verde no setor náutico, abrindo caminho para novas soluções sustentáveis. “Queremos mostrar ao mundo que soluções sustentáveis já são realidade”, afirma.
No futuro, as embarcações também poderão ser usadas para transporte de pessoas ou de resíduos sólidos urbanos, ampliando suas aplicações ambientais e logísticas, com foco em tecnologias do futuro e sustentabilidade.