O mais longo ciclo de construção naval mundial começou a reduzir sua velocidade em 2012, revela o estudo da UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development,o Review of Maritime Transport 2013.
Os efeitos de super capacidade de transporte marítimo ainda são sentidos. Os valores dos fretes marítimos continuam baixos e ameaçam a lucratividade das empresas operadoras de navios, mesmo num cenário em que o volume transportado por navios aumentou 4,3%, em 2012. O aumento foi impulsionado pela demanda da China, o aumento do comércio entre países da Ásia e do comercio no hemisfério Sul. O volume transportado atingiu o volume recorde de 9,2 bilhões de toneladas. São algumas das conclusões apresentadas no documento.
O transito de contêineres através dos portos mundiais aumentaram em 3,8%, em 2012, representando 601,8 milhões de TEUs (contêineres de 20 pés). Esse aumento promoveu um forte movimento para financiamentos de infraestrutura portuária, demandado por investidores interessados em manter estáveis seus resultados no longo prazo.
O aumento do volume de carga transportada por navios não aumentou o lucro das empresas operadoras de navios, já que existia uma super capacidade da oferta de navios. A capacidade de transporte marítimo mais que dobrou entre 2001 e janeiro de 2013. Em 2012, mesmo com a redução das novas construções, a tonelagem ofertada aumentou em 6%.
A combinação da oferta de navios com uma economia global com fraca expansão manteve o valor dos fretes sob pressão de baixa. Os operadores de frotas trabalharam, em muitos casos, abaixo do valor para cobrir os gastos operacionais, em especial num mercado em que os preços do combustível naval (bunker) estiveram elevados e voláteis. O transportadores recorreram a estratégias de reduzir o consumo de combustíveis (redução da velocidade dos navios foi das alternativas).
Outros desafios para o setor de transporte marítimo são a segurança, no transito de petroleiros em algumas regiões, e os custos relativos a redução de emissões e sustentabilidades ambiental.
O estudo também mostra as oportunidades novas que surgiram em função de diversas tendências do mercado: o crescimento do transporte marítimo regional; o aumento da demanda nas rotas no hemisfério Sul, indicando aumento da cooperação entre países emergentes; o mudança estrutural no mapa mundial da produção de energia com impacto nos navios petroleiros e a abertura de novas rodas marítimas através do Ártico e ampliação do canal do Panamá, prevista para 2015.
Navios maiores
A tendência da construção de navios maiores continua em 2012 e 2013. Continua também a tendência de menos empresas de navegação atuando em cada país. O índice de conectividade marítima (Liner Shipping Connectivity), da UNCTAD, que há 10 anos avalia o número de empresas de navegação atuantes por país, mostra uma redução de 27%, de 22 empresas por país, em 2004, para 16 empresas por país, nos primeiros meses de 2013. Essa redução na competição representa um desafio para países emergentes que precisam negociar com grandes empresas num mercado oligopolizado.
Questões legais e regulatórias
Um dos maiores impactos legais foi a aplicação efetiva (a partir de agosto de 2013) da Convenção de Trabalho Marítimo de 2006, e a Convenção de Atenas de 2002, relativa ao transporte de passageiros e bagagens, que entra em eficácia em abril de 2014. Outras exigências regulatórias fortalecem a legislação relativas a poluição do ar por navios, procedimentos seguros e sustentáveis nos terminais portuários e a gestão do lixo recolhido nos navios.
Acesso ao mar por países interiores
Um capítulo do estudo RMT13 trata do acesso aos país no interior dos continentes aos portos de países vizinhos. A passagem de mercadorias dos países sem acesso ao mar até os portos sempre foi governado pelo princípio de que bens em trânsito estão livres de impostos aduaneiros. O documento relata que essa prática sofre inúmeras dificuldades operacionais, com impacto no valor do transporte e aumento do tempo de trânsito, reduzindo a competitividade comercial e o desenvolvimento econômico dos países no interior dos continentes.
O estudo indica a exploração de uma nova estratégica que pode permitir uma transformação radical no atual sistema de trânsito de mercadores, assegurando aos países interiores acesso de redes globais de logística: o conceito proposto é o “sistema de transito por operador confiável” que assegura transito sem interrupções entre o porto e o país interior e vice-versa. O modelo poderá integrar a agenda de prioridades para 2014 nos escopo do Programa de Ação da Almaty.
Importância do transporte marítimo
O transporte marítimo é a espinha dorsal do comercial mundial e da economia global. Cerca de 80% do volume do comercio mundial é transportado através dos oceanos e mais de 70% do valor do comercio mundial passa pelos oceanos e portos. Esses valores são ainda maiores em países em desenvolvimento.