O segmento naval segue em alta no Rio Grande do Sul. O mais recente investimento nesse setor é da Intecnial, que instalará um estaleiro em Triunfo. A companhia iniciou a montagem de uma embarcação nesse município (por enquanto em uma área provisória) para a Navegação Aliança. Em breve, realizará um segundo navio, para o mesmo grupo, desta vez no terreno do novo estaleiro.
O gerente de divisão naval da Intecnial, Luiz Carlos Prestes, informa que o empreendimento deve absorver um aporte de R$ 35 milhões a R$ 40 milhões. A estrutura será instalada em um espaço de cerca de 100 mil metros quadrados, às margens do rio Taquari. O estaleiro completo deve ser finalizado em cerca de 18 meses.
Contudo, antes disso, a Intecnial deve concluir dois navios encomendados pela Navegação Aliança. Na sexta-feira, foi realizada a cerimônia de batimento de quilha da embarcação João Mallmann (homenagem a um dos fundadores da Trevisa, controladora da empresa). Este navio será desenvolvido em uma área cedida por um empresário da região.
O diretor da Navegação Aliança, Ático Scherer, explica que o batimento de quilha é o início da construção da embarcação, o primeiro bloco colocado. “Os outros blocos começam a se juntar, para acabar formando o navio todo”, ilustra o dirigente. O João Mallmann terá 101 metros de comprimento, com uma“boca” de 15,5 metros e capacidade para 4,7 mil toneladas, podendo atingir uma velocidade de até 8 nós (cada nó equivale a 1,852 quilômetro por hora). O investimento será de R$ 22,6 milhões, financiado pelo Bndes/Finame e pelo Badesul.
O João Mallmann será entregue para a Navegação Aliança em 2014, e o seu gêmeo, o Juan Rassmuss (nome que será dado em honra a um acionista da Trevisa), também será concluído no próximo ano. Este último navio, cuja implementação deverá iniciar até janeiro, será feito na área do novo estaleiro da Intecnial. A embarcação terá proporções e investimento idênticos aos da primeira.
Os dois graneleiros atuarão exclusivamente na navegação interior. Poderão transportar cargas diversas, porém o foco será na celulose. “A gente sempre tem a pretensão e a ideia de crescer”, salienta o presidente do conselho de administração da Trevisa, Fernando Ferreira Becker. O empresário acrescenta que o sentimento sobre o incremento da movimentação de cargas pela hidrovia gaúcha não é uma aposta, é uma certeza. Um dos fatores que contribuirá é o farelo de soja, cuja produção vem aumentando em consequência da fabricação do biodiesel.
No entanto, o que realmente propiciará um “salto” para a hidrovia, aponta Becker, é a ampliação da fábrica da CMPC Celulose Riograndense, em Guaíba. A Aliança já transporta, atualmente, celulose oriunda dessa planta. Agora, a empresa de logística aguarda se a CMPC abrirá uma licitação ou fará uma adaptação de contrato em relação ao deslocamento do acréscimo de produção. O João Mallmann e o Juan Rassmuss poderão atender a esse serviço.
O estaleiro da Intecnial também prevê demandas futuras. O gerente de divisão naval da companhia revela que a unidade de Triunfo desenvolverá embarcações destinadas à navegação interior, assim como de apoio offshore (oceânicas), como rebocadores e empurradores. O dirigente adianta que a planta terá múltiplas funções e poderá fazer outros equipamentos, como torres eólicas e de caldeiraria. Inicialmente, o complexo gerará um pouco mais de cem postos de trabalho. Entretanto, poderá atingir em torno de 450 vagas.