A China alcançou mais uma posição de líder mundial, só que esta seus líderes não gostariam de ter. Em setembro, o país ultrapassou os EUA e se tornou o maior importador mundial de petróleo. A informação foi divulgada esta semana pelo governo americano. A nova condição foi obtida devido ao crescimento econômico acelerado e às fortes vendas de automóveis.
O consumo de petróleo da China superou a produção em 6,3 milhões de barris/dia (b/d), que o país teve de importar, segundo informou a Energy Information Administration (EIA) esta semana.
O boom econômico chinês elevou a renda e a influência global do país. Mas também estimulou a demanda por petróleo e gás importados, o que os líderes chineses veem como fraqueza estratégica.
O maior número de automóveis aumentou a poluição nas cidades chinesas. O governo está sob pressão interna e externa para conter a poluição e as emissões de gases.
Os EUA, com uma população de cerca de um terço da da China, ainda consome muito mais petróleo per capita. Em setembro, os americanos consumiram 18,6 milhões de b/d de petróleo e outros combustíveis fósseis líquidos, enquanto que a China usou 10,9 milhões, segundo o relatório “Perspectivas Energéticas de Curto Prazo” da EIA. A produção americana foi de 12,5 milhões de b/d, enquanto que a da China foi de 4,6 milhões.
A economia da China, a segunda maior do mundo, está esfriando, mas mesmo assim ainda deverá crescer quase 8% este ano, bem acima das previsões para os EUA. O mercado automobilístico chinês, o maior do mundo em termos de veículos vendidos, também está perdendo força, mas ainda assim as vendas subiram 11% em agosto.
Pequim está encorajando a produção de energias eólica e solar, além do uso de carros elétricos ou a gás natural. Mas a gasolina deve continuar sendo o principal combustível nas próximas décadas.
O governo vem lançando iniciativas para aumentar a intensidade energética, ou seja, a energia consumida por unidade de produção econômica. E vem obtendo progresso, mas ainda está bem distante das economias desenvolvidas.
Até o fim da década de 1990, a China era autossuficiente em petróleo, graças ao vasto campo de Daqing, no nordeste do país. Mas o boom econômico sobrepujou sua capacidade de produção, ao mesmo tempo em que a produção das fontes já existentes deverá cair.
Agora o país depende das importações, especialmente da Arábia Saudita e do Irã. Os líderes comunistas veem isso como uma fraqueza estratégica por causa do risco de instabilidade no Golfo Pérsico e do isolamento político do Irã.
A EIA observou que a produção interna de petróleo chinesa foi prejudicada nos últimos dois meses pelas enchentes de verão.
As petroleiras estatais e suas parceiras estrangeiras estão investindo muito na busca de novas fontes de petróleo na China e no desenvolvimento de alternativas como o metano encontrado em jazidas de carvão. Mas ainda precisam encontrar novos depósitos de tamanho similar ao de Daqing.
Fora do país, as estatais chinesas vêm investindo bilhões de dólares no desenvolvimento de produção de petróleo e gás no Iraque, Ásia Central e África. O destino de parte dessa produção é a exportação para a China, mas a maior parte ainda é vendida em outros mercados.
Ao mesmo tempo, a demanda americana por petróleo importado diminuiu depois que a exploração do xisto abriu novas fontes internas de fornecimento. A demanda americana por petróleo e outros combustíveis líquidos cresceu cerca de 110 mil b/d, ou só 0,6%, nos primeiros nove meses do ano, em parte devido à melhora da eficiência dos motores de automóveis, diz a EIA, que prevê queda do consumo de 0,4% no ano que vem.
Os EUA continuarão sendo o maior consumidor de petróleo em 2014, com cerca de 18,7 milhões de b/d, uma queda em relação ao pico atingido de 2005, de 20,8 milhões. A AIE prevê que o consumo da China no ano que vem deverá ser de cerca de 11 milhões de b/d.