Com exportações em queda e consumo interno abaixo do esperado, o Instituto Aço Brasil (IABr) reviu para baixo a previsão de produção interna de aço bruto para este ano. Em maio, o instituto calculava que o crescimento da produção seria de 5,8% frente 2012, para 36,51 milhões de toneladas. Agora, a previsão é de que haja estabilidade em relação ao ano passado, com um volume de 34,49 milhões de toneladas.
O excedente de produção mundial de aço, próximo de 600 milhões de toneladas, segundo Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do IABr, prejudicou as exportações brasileiras no acumulado do ano, até julho, que apresentou queda de 16,9% frente o mesmo período do ano anterior, para 4,9 milhões de toneladas. Ele ponderou que poderá haver leve recuperação das exportações no segundo semestre, com a valorização do dólar frente ao real, mas não de forma relevante.
A expectativa da entidade das fabricantes no país é que as vendas externas recuem 13% neste ano na comparação com o ano passado, para 8,5 milhões de toneladas. Além da queda da demanda externa, Mello Lopes frisou que “o mercado interno também não demandou aquilo que se imaginava”. Segundo o executivo, as fortes expectativas do setor com os grandes eventos no país, como Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, além da previsão de crescimento da produção de petróleo com o pré-sal, não geraram toda a demanda que se esperava.
Ele ressaltou que quatro estádios em preparação para a Copa do Mundo optaram por importar aço e trouxeram do exterior, juntos, mais de 13 milhões de toneladas. São eles: estádio de Porto Alegre (com importação de 2,8 mil toneladas), de Fortaleza (2,2 mil toneladas), Manaus (6,67 mil toneladas) e Salvador (1,7 mil toneladas).
A competitividade do aço brasileiro frete outros países é reduzida pelo custo de tributos sobre produção e vendas de produtos siderúrgicos, segundo Mello Lopes. Além disso, ele afirmou que apesar das medidas do governo para reduzir as tarifas do setor elétrico, o setor de aço continua operando com energia muito cara.
O executivo do IABr também classificou como negativa a decisão do Ministério da Fazenda, anunciada no início do mês, de não renovar o aumento do Imposto de Importação (II), que teve início em outubro de 2012 e vai até o próximo mês. O tributo foi elevado em uma lista de 100 produtos (10 deles são do setor de aço) para incentivar a competitividade dos produtos nacionais. Com o cenário de valorização do dólar, Mantega disse acreditar que a medida não é mais necessária.
Segundo afirmou, a apreciação do dólar não acontece por uma ação direta do país e sim por decisões do Banco Central americano, que trouxe impactos para o Brasil e para o mundo. “As condições que levaram o governo a se sensibilizar e elevar as nossas alíquotas não mudaram. Pelo contrário, nós tivemos um agravamento do mercado internacional”, afirmou
A decisão de baixar as alíquotas, afirmou, foi estimulada pelas manifestações vividas pelo país desde junho, que teriam levado o governo a tratar com prioridade a área de mobilidade urbana. “Como o recurso é escasso, ele canaliza de um lado para o outro”.
Apesar do cenário, as estimativas do IABr indicam que as vendas internas devem crescer 5,3% em 2013 frente 2012, para 22,7 milhões de toneladas e o consumo aparente, no mesmo período, deve crescer 3,2%, para 25,99 milhões de toneladas, ante previsão anterior de alta de 4,2% no ano. Para Mello Lopes, as altas não são expressivas e ocorrem sobre números que já não eram altos.