O mercado interno de aço continua em deterioração. A demanda, para produtos planos, teve retração de quase 10% em maio, comparado com desempenho de um ano atrás, e se prevê mais 5% de queda em junho, de acordo com números divulgados ontem pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda).
De janeiro a maio, o volume comercializado pelas distribuidoras registrou recuo de 2%. Isso faz com que a projeção de crescimento de 6% nas vendas deste ano fique impossível de se realizar, disse Carlos Loureiro, presidente do Inda. “Se tudo correr bem no segundo semestre, poderemos fechar o ano com aumento de 2,5% sobre 2012”, afirmou. A rede de distribuição é responsável pela venda de um terço dos aços planos (chapas e bobinas) comercializados no país, da ordem de 14 milhões de toneladas por ano, incluindo material importado. As principais fabricantes no país desse tipo de material são Usiminas, CSN, Gerdau e o grupo ArcelorMittal.
Esse cenário crítico levou os dirigentes das principais indústrias do país a se encontrarem ontem, em Brasília, com os ministros Guido Mantega, da Fazenda, e Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) para expor suas preocupações sobre a crescente perda de competitividade do setor. O grupo foi representado pelos empresários Jorge e André Gerdau, da maior siderúrgica do país, por Albano Vieira, presidente da Votorantim Siderurgia e do conselho diretor do Instituto Aço Brasil (IABr) e por Marco Polo de Mello Lopes, presidente-executivo do IABr.
Segundo Loureiro, um dos aspectos que mostra a retração para fabricantes e distribuidores de aço no país é a entrada de aço indireto (na forma de veículos, autopeças, bens eletrodomésticos e máquinas e equipamentos). “Nas autopeças, entre janeiro e maio, o aumento foi de 33% sobre o mesmo período do ano passado”, afirmou. Em máquinas e equipamentos, o crescimento atingiu 19%. Já as exportações do país vêm em queda ano a ano.
Para o dirigente do Inda, mesmo que se tome medidas, no caso do aço indireto, o processo de redução é lento, pois as montadoras que importam autopeças, como as coreanas, teriam de desenvolver fornecedor no país. Já para o aço direto, um inibidor é o câmbio na faixa de R$ 2,20 a R$ 2,30. Nesse caso, a origem, até maio, teve liderança da China, com 41%. Outros destaques foram a Rússia (18%), Coreia do Sul (11%) e Taiwan (7%).
Segundo o Inda, as distribuidoras afiliadas fecharam maio com estoques de 1,06 milhão de toneladas, o correspondente a 2,9 meses de vendas. Em abril, o número representou 2,7 meses. A previsão para junho é pessimista: 3,1 meses, o equivalente a 1,1 milhão de toneladas. Esse volume será 3,9% maior que o de maio.