O estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro, receberá investimento de cerca de R$ 300 milhões, entre 2013 e 2016, em obras de expansão e aperfeiçoamento das instalações para suportar o número crescente de encomendas, disse o diretor comercial da controladora Keppel Fels Brasil, Gilberto Israel.
Segundo Israel, o objetivo principal é aumentar a produtividade. “Isso é o que os estaleiros brasileiros estão buscando hoje”, afirmou. Segundo ele, o estaleiro busca a construção com segurança e, por isso, apenas receberá novas encomendas se puder suportar. Na carteira atual do estaleiro estão incluídas seis sondas de perfuração encomendadas pela Sete Brasil. As seis sondas fazem parte do pacote de 28 sondas encomendadas pela Sete Brasil em cinco estaleiros brasileiros, que serão alugadas à Petrobras por US$ 80 bilhões.
Além dessas sondas, o estaleiro vai construir três plataformas de produção a serem utilizadas pela Petrobras: P-66, P-69 e a Cidade de Mangaratiba, que está prevista a ser entregue em meados deste ano. Também está prevista a construção da plataforma Cidade de Itaguaí. O estaleiro Brasfels recebeu na terça-feira o primeiro dos seis cascos que serão convertidos nas seis sondas de perfuração da Sete Brasil. O casco chegou de Cingapura, depois de uma viagem de 33 dias. A primeira sonda das seis, chamada Urca, tem previsão para ser entregue em dezembro do ano que vem.
Já o segundo casco que irá para o Brasfels, e dará origem à sonda chamada Frade, tem previsão para chegar ao Brasil no fim deste ano e ser entregue em dezembro de 2016. Urca e Frade terão ao menos 55% de conteúdo local. As duas sondas seguintes terão 60% e as duas últimas, 65%. Atualmente, o Brasfels tem cerca de 6,5 mil funcionários, dos quais 1,5 mil envolvidos na construção da sonda Urca e cerca de 600, na Frade.
A Urca é a segunda das 28 sondas no cronograma de entrega. A primeira é a sonda Arpoador, que será construída no estaleiro Jurong Aracruz (ES) e cujo casco está previsto para chegar ao Brasil em dois meses. A previsão de entrega da Arpoador é junho de 2015.
João Carlos Ferraz, presidente da Sete Brasil, afirmou que, olhando o portfólio das 28 sondas, o cronograma está à frente da programação. No fim de novembro, estava previsto 12,8% de realização e foram cumpridos 13%. Além das 28 sondas, a Sete Brasil também encomendou uma 29ª sonda ao Estaleiro Atlântico Sul (PE), ainda sem contrato de operação.
Esta 29ª sonda e uma 30ª chegaram a ser negociadas com o estaleiro OSX, de Eike Batista, que entrou em recuperação judicial no fim do ano passado. Mas, segundo Ferraz, devido aos problemas financeiros da OSX, uma das sondas foi eliminada e a outra foi encomendada ao Atlântico Sul.
Ferraz admitiu que dois dos cinco estaleiros onde encomendou sondas ainda estão em construção, caso do Jurong Aracruz (ES) e do Estaleiro Enseada Paraguaçu (BA). “Até estarem prontos, levará alguns anos. Mas não precisamos que eles estejam prontos para construir as sondas”, disse o executivo, que se disse confiante no cumprimento dos prazos de entrega.
Ele ponderou ainda que, mesmo que haja alguns atrasos pontuais no cronograma das sondas, há margem para que algumas delas sejam desenvolvidas mais no exterior do que estava previsto, sem descumprir o conteúdo local. “Os riscos estão mitigados”, disse o executivo.
O investimento total para a construção das 29 sondas é de US$ 25 bilhões, sendo US$ 6,4 bilhões de capital próprio e US$ 19,2 bilhões em dívida de longo prazo. Entre os principais financiadores da Sete Brasil estão o Fundo de Marinha Mercante (FMM), BNDES e agências internacionais de crédito à exportação (ECAs) dos países de fornecedores de peças e equipamentos para o projeto.
Fonte: Valor Econômico – Marta Nogueira – De Angra dos Reis (RJ)