O presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, defendeu que seja eliminado o subsídio às taxas de juros cobradas nos financiamentos do BNDES, numa tentativa de estimular o desenvolvimento de fontes de financiamento privadas para obras de infraestrutura.
Segundo o empresário, o BNDES ajudou o setor privado a sobreviver num período de escassez de capital, mas ao mesmo tempo se tornou um entrave ao financiamento privado de longo prazo no país.
“Para ser competitivo, você tem que considerar aqueles juros. Depois que você ganha [um contrato], não consegue ir para o mercado”, afirmou Odebrecht, que participou ontem do evento “2014 Latin America Investment Conference”, promovido pelo Credit Suisse.
Para Odebrecht, o papel do BNDES deveria ser o de mitigar riscos do sistema, mas é preciso que haja mais financiamento dos bancos combinado com debêntures de infraestrutura.
O executivo estima que o Brasil vá crescer entre 2% e 3% nos próximos anos, abaixo de seu potencial, justamente por causa de gargalos de infraestrutura e educação, que limitam a produtividade do país.
“Não vejo riscos de curto prazo para o Brasil. Os próximos dez anos estão garantidos”, afirmou. “Apesar disso, todo o foco dos nossos governantes, até por uma questão eleitoral, é sempre nas questões de curto prazo.”
Segundo Odebrecht, o setor de infraestrutura e a indústria de petróleo enfrentam um “desafio brutal” de produtividade por falta de mão de obra. O empresário observou que, nesses segmentos, a taxa de desemprego é zero. “O grande desafio do Brasil em termos de crescimento é aumentar a produtividade, qualificar e requalificar as pessoas”, observou.
Fonte: Valor Econômico – Talita Moreira