Estrangeiros lideram fusões e aquisições em logística, diz PwC

  • 06/02/2014

Pela primeira vez, grupos estrangeiros lideraram o número anual de fusões e aquisições no setor de transporte e logística no Brasil – segundo relatório exclusivo elaborado pela consultoria PwC. Das 30 transações anunciadas em 2013, 57% tiveram participação de investidores de fora do país.

“É um engano comum pensar que geralmente são os estrangeiros que mais fazem aquisições, pois na verdade as brasileiras é que costumam dominar as operações. Por isso, o resultado de 2013 foi uma surpresa para nós”, diz Ernani Mercadante, sócio da PwC. Em 2010, a participação dos investidores fora do país era de apenas 23%. Desde então, houve aumento da participação dos estrangeiros ano a ano até ser registrado o recorde do último ano.

“Quando existe uma demanda grande por melhorias de infraestrutura, como em portos, isso atrai o interesse do investidor. Ele sabe que, se existe uma deficiência [de operação], provavelmente será atrativo”, afirma Mercadante.

Segundo ele, as empresas nacionais do setor acabaram se voltando em 2013 às oportunidades de investimento em concessões de infraestrutura – como aeroportos e rodovias. “Principalmente as grandes construtoras ficaram voltadas a aeroportos. Galeão, por exemplo, foi vencido pela Odebrecht. O de Confins foi pela CCR [dos grupos Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Soares Penido], também nacional”.

De qualquer forma, ele avalia como positiva a entrada de empresas de fora do país. “Não tenho dúvida de que é um bom sinal. É um fator positivo para a economia, porque mostra a confiança do investidor”, diz.

Entre as operações, está a venda da Valor da Logística Integrada (VLI) – braço criado pela Vale que teve participações compradas pela japonesa Mitsui e pelo fundo Brookfield Asset Management. Também está na lista a compra da Prumo Logística (ex- LLX, o projeto portuário do grupo EBX) pela EIG Management Company.

Mercadante lembra ainda que, em 2013, o braço logístico da mexicana Femsa – engarrafadora da Coca-Cola – comprou a empresa brasileira de cargas fracionadas Expresso Jundiaí. “Esse mercado de cargas expressas tem apresentado um bom movimento. A gente já viu várias aquisições nesse subsegmento nos últimos anos, como a TNT comprando a Expresso Araçatuba e a Fedex comprando a Rapidão Cometa “,afirma.

Ainda em 2013, a norte-americana de serviços de transporte aéreo Erickson Air-Crane comprou o braço de logística aérea da HRT, a Air Amazonia. A brasileira EBX Holding e a norte-americana BP Products North America formaram a joint venture Marine Fuel EX (MFX), que irá lidar com logística de combustíveis marítimos no porto do Açu (RJ).

A Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, comprou a participação restante de 33,3% no Terminal Exportador de Álcool de Santos (Teas). Ainda houve compra e venda de participações minoritárias na Gol Linhas Aéreas pelo Bank of America Merrill Lynch (BofA) e investidores privados.

O levantamento da PwC mostra ainda o crescimento de participação dos investidores financeiros, que respondiam por apenas 5% das operações em 2006 e alcançaram 33% em 2013. “Mas os estratégicos dominam amplamente as operações. São investidores que estão à procura de retornos de longo prazo”,diz.

 

Fonte: Valor Econômico | Fábio Pupo | De São Paulo

 

06/02/2014|Seção: Notícias da Semana|Tags: , , , |