Mercado aguarda projetos do plano estratégico da Petrobras

  • 07/02/2014

Vinte dias antes da apresentação do seu Plano de Negócios para o período 2014-2018, é grande a expectativa sobre os projetos que vão exigir recursos da Petrobras. A companhia, que divulga no dia 25 seu resultado de 2013 junto com o plano estratégico, não deve incluir ainda a construção das refinarias Premium I e II previstas para o Maranhão e Ceará, que podem ser construídas por investidores privados. Mas se espera alguns projetos que ajudem a gerar mais caixa e ultrapassar o sombrio ano de 2014, ano em que a empresa ainda enfrentará aumentos de custos e do endividamento. Novidades também devem vir da produção.

Entre as medidas da Petrobras para aumentar a geração de caixa e facilitar a construção de novas térmicas a gás está o compartilhamento dos terminais de regaseificação instalados no Rio de Janeiro, Salvador e Pecém (CE). Os três operam com capacidade ociosa. No ano passado a Petrobras assinou contrato com a espanhola Endesa que previa o uso terminal da Petrobras em Pecém para que a espanhola importasse gás natural liquefeito (GNL).

A Endesa controla a Companhia Energética do Ceará (Coelce) e tem planos de construir uma nova termelétrica em Pecém usando GNL como combustível. Mas não conseguiu habilitação para participar do leilão de energia realizado em dezembro. A decisão do Ministério de Minas e Energia de aumentar o custo variável unitário (CVU) nos próximos leilões de energia de R$ 110 para R$ 150 por megawatt-hora viabiliza novas térmicas que podem importar GNL usando os terminais da estatal.

Os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, do Itaú BBA, observaram em um relatório para clientes que o novo plano estratégico será importante para testar o comprometimento da direção da Petrobras com a meta de alavancagem da companhia.

O atual plano de negócios prevê um teto de 2,5 vezes a alavancagem medida pela relação entre a dívida e o lucro antes de juros antes de impostos, depreciação e amortização. Mas, no terceiro trimestre de 2013, esse indicador estava em 3,25 vezes.

Os analistas observam que o ciclo de planejamento da Petrobras em 2014 “vai exigir um maior grau de criatividade” porque terá que acomodar o investimento adicional para Libra, a depreciação do real, o aumento da dívida, e questões envolvendo reajuste, ou não, dos preços dos combustíveis. Eles mencionam ainda as refinarias Premium do Maranhão e Ceará.

No relatório, eles lembraram que, em um encontro no fim do ano passado, Graça Foster mencionou a possibilidade de adicionar um terceiro nível de investimento ao plano de investimentos, que hoje traz os projetos em andamento (US$ 207 bilhões) e aqueles em análise (US$ 30 bilhões).

“Desta vez, haverá uma terceira estimativa, provavelmente um nível mínimo que exclua projetos onde ainda há possibilidade de adiamento. A convergência entre esse número e o investimento aprovado dependeria da evolução da dívida líquida / Ebitda da empresa, na sequência do aumento da produção e a paridade de preços”, disseram Kovarsky e Mendes.

Essa pode ser uma solução adequada do ponto de vista das agências de classificação de risco de crédito, continuam os analistas. “A empresa poderia alcançar uma sequência de metas relacionadas ao nível de endividamento ao mesmo tempo se comprometendo a reduzir despesas, baseada em uma tendência para o futuro de dois ou três anos, por exemplo”, afirmam.

Essa estratégia também poderia ser alinhada com um compromisso do conselho, que, como lembram os analistas, prometeu “medir a eficácia da política comercial para o diesel e os preços da gasolina vis-à -vis a evolução da dívida líquida/ Ebitda”. Ele se referem à promessa feita quando foi divulgada a nova fórmula de preços.

 

Fonte: Valor Econômico – Cláudia Schüffner | Do Rio

 

07/02/2014|Seção: Notícias da Semana|Tags: |