A notícia da aquisição da BG pela Shell foi bem recebida pelo mercado fornecedor brasileiro. A perspectiva de incremento das encomendas com a união das duas operações, que aumenta significativamente a escala da Shell como contratante local, foi recebida com entusiasmo pelos fornecedores instalados no país.
Para diretor geral da ONIP, Eloi Fernández y Fernández, a aquisição fortalece a posição da Shell no E&P no Brasil e é positiva para a construção de um caminho de maior pluralidade de operadoras como clientes para o fornecedor nacional. “A BG se pautava mais pela estratégia de participante de consórcios do que de atuação como operadora no Brasil. “, avaliou.
O setor naval vê um impacto positivo na transação com o surgimento da segunda maior produtora de petróleo no país depois da Petrobras. “A Shell terá provavelmente um papel relevante como investidora num momento em que a Petrobras reavalia seu plano de negócios”, destacou o presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha.
Rocha vê um ganho estratégico para a indústria naval com a sinalização de que a Shell está optando pela produção de petróleo offshore em detrimento da produção de gás de xisto, mas também vê um desafio. “Ambas empresas (Shell e BG) questionam o conteúdo local através do IBP, o que cria para os estaleiros um desafio para a construção de plataformas”, ponderou.
O diretor de Petróleo e Gás da ABIMAQ, Alberto Machado, viu a aquisição com naturalidade. “Esse tipo de negócio é normal no setor quando o preço do petróleo cai, já que é um modo de alcançar ganhos de escala e aumentar a competitividade e viabilidade de investimentos”, avaliou, acrescentando que é um bom sinal ver uma “major”como a Shell investindo na baixa do petróleo. “Caracteriza bem o setor como de longo prazo, onde as tradicionais empresas acreditam em um bom retorno no futuro”, afirmou.
Machado acredita que o fato será positivo para a indústria de máquinas e equipamentos. “Pode representar o surgimento de um demandante importante, de maior porte, que pode representar uma alternativa para o mercado, gerando novas demandas e alterando o cenário onde o papel de comprador praticamente único é da Petrobras”, ressaltou.
A notícia também foi bem recebida no segmento offshore, que enxerga um movimento de permanência da Shell no país, contrastando com a venda recente de ativos de downstream da empresa. “Se o Brasil perde um player importante (BG), ganha a perspectiva da manutenção da Shell, que passa a ter mais ativos estratégicos no país”, disse o vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Baker Hughes, Maurício Figueiredo.
O diretor Comercial e de Marketing da FMC Technologies no Brasil, José Mauro Ferreira, destaca que Shell incorporou uma dezena de blocos em águas profundas, que haviam sido arrematados pela BG na Rodada 11ª da ANP em 2013. “A Shell só tinha o BMS-54 em águas profundas e com os blocos da BG, que estão alinhados com descobertas importantes no oeste da África, cria-se um horizonte de continuidade de investimentos da empresa no país”, analisou.