A participação da Odebrecht, Queiroz Galvão, Seadrill, Odfjell-Galvão, Petroserv e Atlas (Etesco-OAS) como sócias-operadoras das sondas em construção pela Sete Brasil está com os dias contados. Se sobreviver à crise que atravessa e conseguir assegurar a liberação dos recursos do financiamento de longo prazo, a afretadora vai assumir a operação de suas sondas, passando a responder também por 100% dos ativos.
Em outubro do ano passado, a Petroserv e a Atlas decidiram deixar o negócio, mas contratualmente seguem no empreendimento, uma vez que as condições de ressarcimento não foram acordadas. Desde o fim do ano passado, os sócios-operadores não participam nem têm acesso às discussões sobre o desfecho do futuro da Sete Brasil.
A nova estratégia integra a lista de premissas já acordadas no processo de reestruturação do grupo atualmente em curso, que pretende enxugar a empresa e reduzir a necessidade de recursos, originalmente dimensionada em US$ 22,5 bilhões.
Se, por um lado, a carteira de 29 sondas será reduzida para algo entre 12 e 16 unidades, por outro lado a Sete Brasil será alçada à condição de operadora, o que, se efetivamente concretizado, a colocará como um dos principais players de águas profundas do mundo, mesmo após o enxugamento.
A estratégia de virar operadora de suas sondas vinha sendo costurada mesmo antes do processo de reestruturação, conforme antecipado pela Brasil Energia Petróleo em dezembro, mas somente em abril foi oficialmente aprovada pelo grupo que conduz as negociações. Os sócios-operadores já foram comunicados da decisão, mas as negociações de ressarcimento dos valores já investidos no negócio ainda terão um longo caminho pela frente.
O montante total de recursos colocado pelos sócios-operadores gira em torno de US$ 100 milhões. Como os investimentos eram aplicados de acordo com o número de sondas e o percentual de participação nos ativos, além também do estágio de cada uma das obras, o montante desembolsado por cada uma das empresas varia consideravelmente, entre US$ 3 milhões e US$ 20 milhões.
Sem experiência na operação de sondas, a Sete Brasil terá de se qualificar para assumir o novo desafio. Uma das alternativas é assumir a operação das cinco sondas da Schahin, a Pantanal, Amazônia, SC Lancer, Cerrado e Sertão, que estão suspendendo suas atividades para a Petrobras por conta da crise financeira da empresa.
A operação vem sendo discutida pela Sete Brasil, em parceria com a Petrobras. Com o mercado de perfuração em baixa, outras empresas do setor também estão de olho no negócio originado pela crise da Schahin e já começam a se movimentar.
A decisão da direção da Sete Brasil de assumir a operação das sondas divide opiniões no mercado de perfuração. De um lado, a Sete Brasil argumenta que a estratégia segue um rumo natural e reduz a lista de entraves à obtenção do financiamento de longo prazo, enquanto na outra ponta empresas de perfuração questionam a medida, alertando para o risco do negócio.
Na avaliação do diretor-presidente da Sete Brasil, Luiz Eduardo Carneiro, a estrutura inicial do projeto tornou extremamente difícil a obtenção do financiamento de longo prazo. Para o executivo, é mais do que natural que a empresa opte por não terceirizar sua atividade fim. “O modelo atual é falido, não se sustenta. A ideia é construir algo novo, não nas bases do que existe hoje. Deve ser levado em conta que a Sete Brasil tem em sua diretoria três pessoas, que por muitos anos tocaram essa atividade na Petrobras e na iniciativa privada.”
No mercado, a decisão gera preocupação, tanto entre os sócios-operadores quanto entre as empresas de perfuração. Muitos acham que a Sete Brasil pode estar dando um passo maior que as pernas.