Em recuperação judicial, o grupo Inepar deve apresentar, na próxima semana, a operação de Charqueadas da Iesa Óleo e Gás, empresa controlada pelo grupo, como um dos ativos a serem colocados à venda para quitar débitos com credores com os quais o grupo tem negócios. O processo tramita na 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial da Comarca de São Paulo e registra o Badesul como um dos credores com garantia. A Iesa deve R$ 44 milhões para o banco.
Segundo o presidente do Badesul, Marcelo Lopes, já há dois grupos asiáticos interessados na compra da planta, que deve ser comercializada por um valor estimado entre R$ 75 milhões e R$ 89 milhões. O Badesul registrou queda de 23% no lucro líquido acumulado na gestão 2011/2014 em relação à anterior (2007/2010), redução que, de acordo com o presidente, seria justificada pelo valor devido pela Iesa.
A poucos dias de deixar o cargo, Lopes contabiliza os últimos esforços da diretoria para entregar a gestão com os melhores encaminhamentos possíveis. Nem mesmo a previsão de realização de um concurso público, aprovado pelo ex-governador Tarso Genro no ano passado, ficou de fora do empenho final da equipe. “Estamos deixando tudo pronto para a realização do concurso por parte da nova diretoria”, pontua Lopes.
Outra entrega garantida à próxima equipe é a de desembolsos já realizados pelo banco neste ano, no total de R$ 300 milhões. “Estamos trabalhando duro”, salienta o presidente, que diz seguir o exemplo de Genro após o resultado das eleições de 2014. Assim como o ex-governador, que manteve os esforços focados na renegociação da dívida do Estado até as últimas semanas de seu mandato, Lopes assegura que a atual diretoria não esmoreceu frente à mudança política. “O banco é mais importante.”
Entre as ações recentes, Lopes destaca o trabalho forte em busca de uma solução para o impasse com a Iesa. A diretoria do Badesul tem acompanhado o processo de recuperação judicial e da venda do ativo com interesse não só no pagamento dos débitos, mas também na manutenção das operações do polo e, principalmente, dos 1,6 mil empregos gerados.
Viabilidade econômica para os possíveis compradores existe, assegura o diretor de Participações e Inovação e diretor de Operações do Badesul, Luis Felipe Maldaner. “As empresas brasileiras que poderiam assumir a produção dos módulos estão impedidas por conta da Operação Lava Jato, mas a Petrobras vai continuar dependendo dessas estruturas”, acentua, ressaltando que para grupos de fora, como os asiáticos, a compra da fábrica é uma oportunidade de ingressar nesse espaço. Lopes ressalta o esforço do prefeito de Charqueadas, Davi Gilmar, em busca de resolução para o impasse com a Iesa e da continuidade do polo naval.