Asiáticos querem o respaldo do governo para investir na Sete Brasil

  • 11/05/2015

Os investidores querem incluir nas conversas, por exemplo, os projetos de concessão que o governo pretende anunciar, em breve, nas áreas de rodovias, ferrovias e portos. O tema deverá ser discutido durante a visita ao Brasil, no dia 18 deste mês, do primeiro-ministro da China, Li Keqiang. O China Development Bank (CDB) e o Japan Bank for International Cooperation (JBIC) estão entre as instituições que já manifestaram disposição de aportar recursos na Sete Brasil.

O plano é que o dinheiro asiático feche a equação que permita reestruturar a Sete Brasil, viabilizando a produção das sondas necessárias à exploração de petróleo da camada pré-sal pela Petrobras. O projeto original era fabricar 29 sondas, que seriam alugadas à estatal. Agora, segundo apurou o Valor, serão 19.

Inicialmente, o BNDES financiaria diretamente a construção das primeiras sete sondas. Por causa das investigações da Operação Lava-Jato, que apura desvios na Petrobras, o banco estatal suspendeu o financiamento, mas manteve o funding. No desenho original, ao emprestar diretamente os recursos à Sete, o BNDES assumiria o risco da operação. Agora, o risco será dos bancos que repassarem o crédito.

A equação financeira de curto prazo da Sete Brasil foi alinhavada há um mês quando os bancos que concederam os empréstimos-ponte assinaram acordo prorrogando o vencimento dos créditos vencidos por 90 dias (até 30 de junho). Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal se comprometeram a emprestar mais US$ 2,5 bilhões à empresa, por um prazo de 15 a 20 anos.

O grupo de bancos credores – Itaú BBA, Santander, Bradesco, Caixa, BB e Standard Chartered – concordou, por sua vez, em alongar seus empréstimos também por 15 a 20 anos, a taxas entre 3% e 4% ao ano mais Libor.

A ideia é que os bancos não carreguem os créditos em seus balanços por esse prazo, mas que os vendam a investidores (por meio de securitização), à medida que as sondas sejam concluídas, entrem em operação e passem a gerar aluguel para a Sete, o que reduzirá o risco da dívida.

Esse desenho inclui ainda aumento de capital da Sete Brasil, para suportar a ampliação do endividamento. Os bancos acionistas, entre os quais se destacam BTG Pactual, Santander e Bradesco, sinalizaram não ter interesse em aportar mais capital. Por essa razão, eles devem ver sua participação acionária diluída quando os novos investidores entrarem no capital da companhia.

“Investidores chineses e japoneses já nos disseram que querem entrar na empresa”, contou ao Valor uma fonte graduada.

A Petrobras poderá injetar mais capital na empresa – hoje, a estatal detém 5% do capital. Mas, a depender do volume de recursos que os novos acionistas coloquem na Sete Brasil, a estatal pode ficar de fora do aporte.

Criada para gerenciar as encomendas de sondas para exploração da camada pré-sal, a Sete Brasil tem como acionistas o FIP Sondas, com 95%, e a Petrobras (5). O quadro societário do FIP é composto por BTG Pactual, Santander, Bradesco, os fundos de pensão Petros (funcionários da Petrobras), Funcef (da Caixa), Previ (do Banco do Brasil) e Valia (da Vale), o FI-FGTS (fundo que administra dinheiro do FGTS e é gerido pela Caixa), a própria Petrobras, o grupo americano EIG -Global Energy Partners, Luce Venture Capital e Lakeshore.

As 29 sondas da companhia foram encomendadas a cinco estaleiros no país – Atlântico Sul e Jurong – sete cada um -, Enseada Indústria Naval e BrasFels (seis cada) e Estaleiro Rio Grande (três).

Fonte: Valor Econômico – Vanessa Adachi
11/05/2015|Seção: Notícias da Semana|Tags: |