A consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) projeta um ano recorde em fusões e aquisições, impulsionadas por desvalorização do real, retomada do crescimento nos Estados Unidos e operações que foram suspensas no ano passado por causa da Copa do Mundo e das eleições.
De janeiro a maio deste ano, foram realizadas 334 operações do tipo no Brasil, alta de 3,7% frente ao mesmo período de 2014, e de volta aos patamares de 2012 e 2013.
Do total de transações, 74% foram realizadas no Sudeste e 57% em São Paulo, demonstrando uma retomada de concentração regional na realização de negócios.
Outra característica das operações realizadas em 2015 é o crescente interesse dos investidores estrangeiros, com participação em 51% do total de transações, superando o investimento nacional pela primeira vez desde 2005, na série histórica com início em 2002. No mesmo período de 2014, a participação do investimento estrangeiro era de 44%.
Das 160 operações de fusão e aquisição envolvendo capital estrangeiro nos cinco primeiros meses do ano, 58 transações (36%) foram realizadas por investidores americanos, seguidos de longe por suíços e alemães, com 6% cada.
Com o aumento dos aportes estrangeiros, o perfil de investimento sofreu alteração, ressalta a PwC, com a liderança das compras de participação minoritária, representando 51% do mercado total.
“A maior parte destes investimentos é de dois tipos: compra de participação minoritária em empresas grandes ou investidores entrando pela primeira vez no Brasil, onde compram uma participação com opção de controle, como etapa de adaptação, numa forma de reduzir riscos”, afirma o sócio da PwC Brasil.
A consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) projeta um ano recorde em fusões e aquisições, impulsionadas por desvalorização do real, retomada do crescimento nos Estados Unidos e operações que foram suspensas no ano passado por causa da Copa do Mundo e das eleições.
Segundo Rogério Gollo, sócio da PwC Brasil, os estrangeiros são atraídos pela desvalorização do real frente ao dólar, que torna mais atraente os ativos brasileiros. Outro ponto favorável é a recuperação americana, que permitiu ao investidor daquele país voltar sua atenção para o mercado externo.
PwC projeta recorde de operações
Por atividade econômica, os setores de serviços concentram o maior número de transações até maio, com a área de tecnologia da informação (TI) na liderança, seguida por serviços auxiliares (como empresas de corretagem, publicidade e propaganda, locadoras e consultorias), setor financeiro, serviços públicos e varejo.
Essas áreas, junto à de serviços de saúde – que sofreu mudanças regulatórias relevantes no ano, como a permissão de investimento estrangeiro em hospitais -, devem puxar o recorde de transações em 2015, prevê Gollo.
“Projetamos um crescimento no número de transações em 2015 em torno de 10%, para cerca de 960”, diz Gollo. Em 2014, o volume acumulado de fusões e aquisições foi de 879 transações, numa alta de 8% sobre 2013.
Quanto à retomada dos movimentos de consolidação nos setores de indústria e infraestrutura, a PwC avalia que ela possa ocorrer mais à frente. Em infraestrutura, a recuperação no volume de transações deve se acentuar no primeiro trimestre de 2016, acredita Gollo, com a definição das regras do pacote de concessões anunciado e maior clareza quanto ao comportamento da economia, em relação a câmbio e juros.
Também o plano de desinvestimentos da Petrobras e a reestruturação da área de distribuição da estatal elétrica federal Eletrobras prometem aquecer o mercado de fusões e aquisições.
Há ainda uma expectativa do mercado quanto aos ativos de infraestrutura de companhias envolvidas nas investigações da Operação Lava-Jato, que deverão ser colocados à venda frente à necessidade dessas empresas de levantarem recursos, em meio a dificuldades financeiras e escassez de crédito no mercado.
Para a agroindústria a retomada pode vir já no segundo semestre, acredita o consultor, enquanto para a indústria em geral, diante da desaceleração no consumo interno, os ativos podem vir a ficar mais baratos mais a frente. “O segundo trimestre do ano que vem deve ser um ponto de inflexão para a indústria em geral”, prevê o consultor.