“A empresa ganhou mais fôlego no acordo com os bancos”, disse fonte próxima das negociações. No fim de março, os bancos já haviam chegado a um acordo com a Sete Brasil para estender por 90 dias o vencimento dos US$ 3,6 bilhões, prazo que venceria na terça-feira, 30 de junho. Agora, os bancos concordam em dar mais 45 dias de prazo à Sete Brasil. Segundo fontes, os bancos apresentaram uma minuta de proposta, para estender novamente o prazo, mas o acordo ainda não foi assinado, o que deve ocorrer até terça-feira.
O plano de reestruturação da Sete foi aprovado em maio pelos acionistas da companhia em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), mas ainda precisa receber o apoio formal da Petrobras. O documento, com vários cenários, busca definir o novo plano de negócios da Sete e a forma segundo a qual a empresa vai renegociar a sua dívida, da ordem de US$ 4,5 bilhões. Os acionistas da Sete foram comunicados ontem do entendimento com os bancos.
A Sete Brasil, empresa criada para construir sondas de perfuração para a Petrobras, ganhou mais tempo para chegar a um entendimento com os bancos credores. O Valor apurou que a Sete conseguiu estender até 14 de agosto o prazo para que o plano de reestruturação da companhia seja aprovado por todos os acionistas, incluindo a Petrobras, e também pelos seis bancos credores que concederam empréstimos de curto prazo à empresa no valor de US$ 3,6 bilhões.
Até 14 de agosto haverá algumas etapas a serem cumpridas, mas até lá a Sete ficará protegida de eventuais execuções de garantias. Os bancos querem ter em mãos o plano da companhia aprovado pela diretoria da Petrobras até 15 de julho. Se a estatal fizer mudanças no plano aprovado na AGE de maio da Sete, será preciso submetê-lo novamente à aprovação dos controladores, o FIP Sondas, o qual tem 95% das ações da companhia. Os outros 5% são detidos diretamente pela Petrobras, que também participa no FIP. Os outros quotistas do fundo são Petros, Funcef, Previ, Valia, Santander, Fundo Strong, BTG Pactual, Lakeshore, Luce Venture e FI-FGTS.
O Valor apurou que a diretoria da Petrobras ainda não apreciou o plano da Sete Brasil. Há expectativa no mercado de que a estatal possa avaliar o assunto na próxima semana. O fato de a Petrobras estar envolvida na divulgação do seu plano de negócios para o período 2015-2019, que será submetido hoje à aprovação do conselho de administração, fez com que o assunto Sete Brasil tivesse de esperar mais um pouco para ser alvo de deliberação pelos diretores da estatal, disseram fontes.
A tendência, depois de receber o sinal verde de todos os interessados (Petrobras, demais acionistas e credores), é que a reestruturação da Sete resulte em uma empresa mais enxuta, que investirá menos dos que os US$ 25 bilhões previstos inicialmente. O valor do investimento vai depender do número de sondas a serem construídas no novo plano. A tendência é que o portfólio caia de 28 unidades para 19 sondas. As taxas de afretamento das unidades devem ser mantidas. Há outros assuntos a serem apreciados pela estatal, como a definição de um novo cronograma de construção para as sondas uma vez que os prazos originais ficaram comprometidos com os atrasos nos pagamentos da Sete aos estaleiros contratados.
Pelo acordo, os bancos teriam um mês, a partir de 15 de julho, para analisar e aprovar o plano da Sete Brasil em seus comitês de crédito. “Com a aprovação por todos os interessados, haverá um plano com condições firmes de cumprimento para ser implementado”, disse uma fonte. O plano considera cenários de pagamento de parte da dívida da empresa com os bancos credores e também prevê o alongamento de parcela dos débitos. Para implementar o plano, a Sete precisará de dinheiro novo, tendo de ser capitalizada. Os sócios têm buscado aporte de capital de novos investidores, entre os quais asiáticos. Os atuais acionistas colocaram R$ 8,3 bilhões na Sete e, se forem consideradas também as dívidas com os bancos, os compromissos assumidos pela Sete chegam a cerca de R$ 20 bilhões.