Fontes ouvidas nas entidades dizem que a expectativa é que a situação da empresa seja resolvida, sem novos aportes das fundações, mas com a manutenção dos direitos de governança das entidades na empresa. Para isso, apostam principalmente em uma maior clareza das encomendas da Petrobras e na liberação do financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A Previ e outros fundos de pensão que participam do FIP Sondas, veículo de investimento na Sete Brasil, farão um ajuste de 29%, para baixo, no valor das cotas no balanço do segundo trimestre. A desvalorização das cotas segue a reavaliação feita pela Caixa Econômica Federal (CEF) em abril e, embora seja contábil, já que os fundos não venderam suas participações, fortalece a decisão das entidades de não colocar dinheiro novo no investimento, informam fontes das entidades ao Valor.
O FIP Sondas tem fatia de 95% na Sete Brasil Participações. Os cotistas do FIP são Petros, Funcef, Previ, Valia, Petrobras, Santander, BTG Pactual, Fundo Strong, Lakeshore, Luce Venture, EIG e FIFGTS. Os outros 5% de participação na Sete Brasil Participações são detidos diretamente pela Petrobras.
Somados, os três maiores fundos de pensão do país – Previ, Petros e Funcef – terão um impacto negativo de cerca de R$ 1 bilhão com a desvalorização das cotas. Petros e Funcef, cujas participações somam cerca de R$ 2,5 bilhões, sentirão o maior impacto.
Na Previ, que optou por não acompanhar um aumento de capital da empresa realizado em 2011 e teve sua participação diluída para 2,3%, o efeito será uma desvalorização de menos de R$ 50 milhões. A revisão foi confirmada por Previ e Funcef, que frisaram, porém, não ter havido perdas porque o ativo não foi negociado. A assessoria de imprensa da Petros não deu retorno ao questionamento da reportagem.
No fundo de pensão da Petrobras, fontes ouvidas pelo Valor informaram que o registro das cotas ainda não refletirá o ajuste no balanço de 2014, que será divulgado até o fim do mês. A participação na Sete Brasil, porém, foi objeto de uma ressalva dos auditores independentes da fundação, dada a atual incerteza sobre seu futuro. O balanço de 2014 da entidade teve o prazo de divulgação estendido com autorização do órgão regulador das entidades fechadas de previdência complementar, a Previc, enquanto uma auditoria apura denúncias de prejuízos associados às práticas que estão sendo investigadas pela Operação Lava-Jato. Como os fundos não são obrigados a divulgar resultados trimestrais, e o ajuste das cotas pela Caixa ocorreu este ano, a Petros só estaria obrigada a revisar o valor do investimento em Sete Brasil em 2015.
De forma geral, fontes ligadas aos fundos de pensão têm questionado a decisão do BNDES de não liberar o financiamento e a própria Petrobras, por não dar clareza sobre as encomendas. As críticas refletem o risco para as entidades de uma solução exclusivamente privada (por meio dos acionistas privados) para o problema. Nesse caso, além de diluídos, os fundos poderiam perder direitos, como o de indicação de conselheiros. Atualmente, o presidente do conselho da Sete Brasil é Lício da Costa Raimundo, que é o diretor de investimentos da Petros, fundo de pensão da Petrobras.