A crise dos metalúrgicos em Niterói está refletindo no comércio do bairro, na Ponta da Areia, polo naval da cidade. Lojas especializadas em Equipamentos de Proteção Individual (EPI) registram quedas nas vendas que variam de 40% a 50%. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Niterói (CDL) confirmou o cenário desfavorável.
O presidente da CDL Niterói, Fabiano Gonçalves, informou que essas lojas já sentem o impacto da retração do setor. “O comércio como um todo está sofrendo, especialmente o da Ponta da Areia e Ilha da Conceição”, comentou. Para o vendedor da Nova Supply, na Ponta da Areia, Oswaldo Cruz, 34 anos, o movimento despencou 50%. “As vendas baixaram com as demissões e o fechamento do Estaleiro Mauá (Eisa Petro Um). Na parte da tarde chegamos a ficar com a loja totalmente vazia. Temos 15 anos nesse ponto e essa crise veio para marcar negativamente o comércio”, explicou.
Para o vendedor da Isopro, Jeferson Ribeiro, 24 anos, no mesmo bairro, as vendas apresentaram 40% a menos nesses últimos dias de crise no setor. “Vendíamos muitos equipamentos, principalmente máscara de solda, para operários. Também tinham muitas encomendas do próprio estaleiro o que nos demandava uma quantidade grande de venda. Agora não sabemos como vai ser”, ressaltou o comerciante que apontou luvas, máscaras e coletes como itens de saída principais.
Manifestação
Na manhã de ontem cerca de 30 metalúrgicos demitidos do Mauá se encontraram na frente da Escola de Samba Unidos do Viradouro, no Barreto, e seguiram pela Avenida do Contorno em direção ao Estaleiro Mauá. Na Ponta da Areia cerca de 50 outros operários aguardavam o grupo para uma reunião, que aconteceu no local.
Os trabalhadores, que cobram os pagamentos atrasados, ocuparam uma faixa de rolamento da avenida e tiveram o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Militar. O Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí informou que não organizou a manifestação. “Essa manifestação foi espontânea mas demos apoio para os trabalhadores que estão corretos. Eles devem atrair a atenção das autoridades e temos que ter uma solução para essa situação”, informou o presidente do sindicato, Edson Rocha, que confirmou para hoje, às 7h nova assembleia na frente do Estaleiro Mauá.
Passeata
Cerca de 2.500 metalúrgicos do Mauá participaram da passeata que aconteceu no Centro do Rio sentido a empresa Transpetro. Segundo nota do sindicato, o encontro serviu como uma tentativa para um acordo que será apresentado na próxima audiência na 3ª Vara do Trabalho de Niterói, amanhã, para liberação imediata do valor de R$ 15 milhões depositados pela Transpetro como garantia judicial do pagamento de verbas rescisórias dos demitidos pela empresa. “Estamos confiantes que a Transpetro entenda a sua responsabilidade social e busque conosco um acordo. Queremos resolver esse impasse o mais rápido possível. Os trabalhadores têm fome e pressa. O dono do estaleiro também terá que fazer sua parte. Não dá para ele ficar ausente das discussões. A responsabilidade é dele. Ele é covarde e foge dos trabalhadores. É o típico empresário que só quer sugar os investimentos do Brasil”, finalizou Edson Rocha.