Agronegócio impulsiona setor naval com obras no Amazonas

  • 29/07/2015

MANAUS – Impulsionada pela cadeia do agronegócio brasileiro, a indústria naval do Amazonas registra demanda crescente para a fabricação de embarcações. Com base em estudos, o segmento prevê que nos próximos dez anos, cerca de mil novas embarcações sejam inclusas no sistema de transporte fluvial com operação por meio de uma rota a partir do porto de Miritituba, localizado no município de Itaituba (PA) até Barcarena (PA), de onde a carga deve seguir por navio para o exterior. O aumento produtivo ainda gera incremento da mão de obra. Em um ano o estaleiro Erin (Estaleiros Rio Negro Ltda.) obteve um incremento de 40% no quadro funcional.

De acordo com um dos gerentes industriais do Erin, Ivan Salmito, o transporte de grãos que atende à Região Norte ainda é deficiente. Ele explica que o corredor utilizado para escoar a produção dos Estados de Mato Grosso e Goiás, feito por meio dos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), enfrenta uma sobrecarga, o que levou o Ministério dos Transportes a desenvolver pesquisas que indicassem uma mudança na logística da condução dos produtos.

A melhoria apresentada pelo Ministério, segundo o gerente, aponta a possibilidade de um desafogamento no escoamento dos grãos pela BR-163 a partir de Mato Grosso e Goiás com destino a Santarém (PA), ou até o porto de Miritituba, para o transporte de balsa até Barcarena (PA), de onde seguem para o exterior por meio de navios. “O transporte fluvial é muito mais econômico do que o terrestre. Com o embarque feito em Miritituba há condições técnicas de trabalho, sem dificuldades. Essa mudança resultou em aumento na demanda de fabricação de embarcações e até mesmo na expansão das atividades do Erin que saiu da capital para o município de Iranduba”, disse Salmito.

Segundo o gerente, estudos apontam que nos próximos 10 anos cerca de mil embarcações serão inclusas no segmento naval dividido entre o Amazonas e o Pará, que também fabrica embarcações para o transporte de grãos. Ele ainda frisou que é inviável construir embarcações nas regiões Sul e Sudeste do país devido aos altos custos para o deslocamento do projeto até à região Norte. “É inviável produzir essas estruturas no Sul e Sudeste. O deslocamento dessas embarcações para o Amazonas gera custos altos. Enquanto a necessidade dessa produção é imediata e local porque daqui já vão seguir para operação”, comenta.

Em uma das unidades do Erin, localizada em Iranduba (22 quilômetros de Manaus), são fabricados empurradores, balsas, graneleiras, petroleiras e embarcações para cargas em geral. O tempo de fabricação de uma embarcação dura em média entre quatro meses a um ano, dependendo da estrutura do projeto.

O gerente industrial conta que devido ao aumento na demanda de embarcações, há um ano o Erin registrou um incremento de 40% na mão de obra da empresa. Atualmente o grupo, formado por quatro unidades, conta com a atuação de mais de 900 pessoas.

No primeiro semestre a unidade gerenciada por Salmito entregou cinco embarcações concluídas e a estimativa, segundo ele, é que até o final deste ano mais oito embarcações sejam entregues. “Com o aumento de encomendas recebidas no último ano tivemos um aumento no quadro funcional. Damos andamento aos projetos recebidos e ainda temos outras obras para iniciar e isso independentemente da questão do petróleo, o que tem levado algumas empresas ao encerramento das suas atividades”, disse. “Outro fator que nos permite ter boas expectativas produtivas é que com a vazante teremos mais áreas para trabalhar”, completa.

Fonte: Portal Amazônia – Priscila Caldas – Jornal do Commércio

 

29/07/2015|Seção: Notícias da Semana|Tags: |