A Comissão de Minas e Energia promove audiência pública hoje, quarta-feira (5), com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, sobre a crise da indústria naval no Brasil, ocasionada pela crise por que passa a Petrobras com as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
“A crise da Petrobras se reflete contundentemente na indústria naval brasileira, em especial no que diz respeito aos empregos relacionados à atividade”, afirma o deputado que solicitou a audiência pública, Nelson Marchezan Júnior (PSDB-RS).
Segundo o Sindicato da Indústria Naval, só em janeiro deste ano foram cortados três mil postos. A situação é crítica para os cinco estaleiros que têm contratos com a Sete Brasil, empresa criada para gerenciar a construção das sondas a serem usadas pela Petrobras na exploração do pré-sal. Segundo Marchezan Júnior, desde novembro a Sete Brasil deixou de pagar aos cinco estaleiros entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões.
Sem receber, o estaleiro Rio Grande, da construtora Engevix, reduziu o ritmo da produção, e a empresa só não demitiu porque tem outros contratos em andamento e conseguiu transferir seus funcionários para trabalhar em outras embarcações. Os atrasos da Sete com o Rio Grande chegam a R$ 180 milhões, e a estimativa é de que atinjam R$ 250 milhões.
Montante parecido é devido ao estaleiro Jurong, do grupo SembCorp de Cingapura. Segundo o deputado, outros R$ 900 milhões estão em atraso com outros dois estaleiros — o Atlântico Sul, que pertence à Camargo Corrêa e à Queiroz Galvão, e o BrasFels, do grupo Keppel de Cingapura. Além disso, as demissões também já começam a ocorrer no Atlântico Sul.
“A crise por que passa o setor é evidente; e, por sua envergadura, é imprescindível a participação do Estado em seu enfrentamento”, afirma Nelson Marchezan Júnior. A audiência com o ministro será às 10 horas, no plenário 14.