Projeções apresentadas ontem pela consultoria IHS Energy indicam que o projeto de Libra, o maior investimento no pré-sal brasileiro, está no grupo de projetos mais caros do mundo e que cortes de custos são necessários para tornar o campo mais rentável. Para a consultoria, o “break even” (preço mínimo necessário para viabilizar a produção) de Libra, operado pela Petrobras, deve superar os US$ 60 o barril – acima da cotação atual do Brent, mas ainda abaixo da projeção do barril para 2017, quando estão previstos os testes no campo.
Já o ponto de equilíbrio do pré-sal brasileiro, de uma forma geral, está um pouco abaixo dos US$ 60, segundo dados apresentados pelo vice-presidente da IHS Energy, Atul Arya. A necessidade de redução de custos para aumentar a rentabilidade dos projetos do pré-sal deu o tom das discussões da edição deste ano da OTC Brasil. Libra, contudo, não é o único projeto cuja rentabilidade está ameaçada pela queda dos preços do barril. Segundo a IHS, projetos offshore na Noruega, Tanzânia, Austrália e Angola possuem “break even” acima da cotação atual do barril e estão entre os mais caros do mundo. Arya, no entanto, pontuou que o Brasil precisa ter cuidado com “políticas que podem impactar a rentabilidade dos projetos”, citando as exigências de nacionalização como exemplo. “O Brasil tem alguns desafios a superar, como o conteúdo local”, comentou.
Para Arya, da IHS, a redução de custos é o tema da indústria no momento. O consultor destacou que o déficit do fluxo de caixa das principais petroleiras do mundo deve praticamente dobrar este ano, frente ao declínio dos preços do petróleo. A expectativa da consultoria é que o fluxo de caixa das cinco maiores empresas privadas do setor (Exxon, Shell, BP, Chevron e Total) atinja os US$ 64 bilhões negativos em 2015, ante o déficit de US$ 32 bilhões de 2014.
Os dados apresentados pela consultoria foram contestados pela Petrobras. Presente na palestra de Arya, a gerente executiva do projeto de Libra, Anelise Lara, disse que as previsões de “break even” do projeto não são realistas frente à redução dos custos da cadeia fornecedora. Segundo ela, desenvolver um projeto do tamanho de Libra é um desafio num cenário de preços baixos, mas destacou que o momento é favorável para negociação de contratos de bens e serviços. “[A queda do preço do barril] É um desafio, mas traz oportunidade de conseguir redução de custo para os projetos”, disse.
Anelise destacou que os custos dos equipamentos e serviços contratados estão caindo. Em meio a esse cenário, a Petrobras abriu uma licitação para contratação da plataforma que operará em 2019 no projeto piloto de Libra. O FPSO (plataforma flutuante) que produzirá no teste de longa duração, em 2017, já está contratado.
A IHS prevê recuperação do preço do petróleo nos próximos anos, mas não acredita que a cotação do barril volte a patamares acima de US$ 100. As projeções da consultoria indicam que os preços do barril Brent devem atingir os US$ 60 em 2016 e US$ 70, em 2017.