Concebida no governo Lula para construir as sondas com as quais a Petrobras exploraria as reservas de petróleo do pré-sal, a Sete Brasil precisa agora convencer um antigo parceiro a sair do projeto para que dívidas de R$ 14 bilhões, já vencidas, sejam empurradas para 2016.
A crise da empresa —na qual sócios e os credores já colocaram mais de R$ 20 bilhões– se agravou com seu envolvimento na Lava Jato, que apura corrupção na estatal, e a queda no preço do petróleo, que inviabilizou financeiramente negócios no setor.
Na tentativa de salvar o negócio, a companhia mudou e encolheu seu plano original. Mas precisa da confirmação de que a Petrobras vai alugar suas sondas por 15 anos para que os credores aceitem oficialmente rolar sua dívida.
Há meses a Sete tenta fazer a estatal assinar documento atestando que continua interessada em seus equipamentos. Mas a petroleira impõe novas exigências a cada reunião. Uma das últimas é a garantia de que as seis empresas inicialmente contratadas para operar as sondas concordam em rescindir os contratos.
Essas companhias haviam se tornado sócias minoritárias das sondas no início do projeto. Mas, como o número de sondas do projeto foi cortado, a Sete, para não perder rentabilidade, decidiu operar diretamente os equipamentos.
Pedra no caminho
A Sete conseguiu a adesão da maior parte dos operadores, mas emperrou na Petroserv, do Rio. A Folha apurou que a empresa negocia condições melhores para deixar o projeto e se recusa a assinar.
A Petrobras sinalizou que assinaria o documento nos próximos dias. Mas, segundo a Folha apurou, embora a direção queira salvar a Sete, parte do corpo técnico trabalha para encontrar uma saída jurídica que permita a petroleira abandonar o projeto.
Um dos motivos para isso é que o projeto da Sete Brasil prevê um aluguel de sondas a preços superiores ao do mercado internacional, num momento em que a Petrobras precisa reduzir seus gastos.
Outro obstáculo é que três ex-executivos da Sete fizeram acordo de delação premiada na Lava Jato, e diretores são suspeitos de receber propinas de estaleiros. A Petrobras quer evitar restabelecer ligação com uma firma que pode ser condenada por corrupção.
Uma ala da estatal gostaria de deixar a Sete afundar já. Outra advoga que o ideal é postergar a decisão até que a empresa se inviabilize diante da pressão de credores.
A decisão tem implicações políticas e financeiras pesadas. Entre os credores da Sete Brasil estão os bancos públicos Banco do Brasil e a Caixa.
Ao lado de bancos poderosos como Bradesco, Santander e BTG, que são sócios da Sete, eles continuam se movimentando para dobrar o corpo técnico da Petrobras e salvar os bilhões que investiram.